Recentemente encontrei um cidadão que
reclamava na fila de uma casa lotérica da bagunça política instalada no cenário
político brasileiro devido a tantos escanda-los de corrupção. Este com seu
saudosismo usava palavras fortes para expressar a sua saudade do período da
Ditadura Militar instalada em nosso país através de um golpe de Estado. O
retruquei dizendo a ele que hoje vivemos nessa bagunça, porque no período da
Ditadura, só os militares sabiam de seus próprios escanda-los de corrupção e, a
imprensa, vivia amordaçada pela censura, por isso a sua geração não sabiam de
tanto como sabemos no hoje.
O nosso país como os demais da América
Latina conviveu por mais de duas décadas com Ditaduras Militares devido a um
projeto geopolítico desenhado estrategicamente pelos Estados Unidos da América,
no intuito de manter sobre sua orbita os “países que faziam parte do seu
quintal”, ou seja, uma forma de conter o avanço dos governos progressistas e de
orientação socialista, período esse de rivalidade ideológica conhecida como
Ordem Bipolar ou Guerra Fria, na verdade, capitalismo versus socialismo.
Ao então recente passado ditatorial faz
com que o pensamento de duas gerações se confronte, uma que lutou pelo fim das
ditaduras e outra que sente saudade da mordaça, da chibata e da miséria
ideológica. Uma sociedade que convive com uma geração esperança, centrada seu
pensamento nas bases progressistas, defesa da participação política, manutenção
da democracia e sempre com o desejo ardente na alma pela solução dos graves
problemas sociais acumulados.
Desde o processo de abertura política
nos países latinos americanos na década de 1980 a 1990, sucederam-se momentos
impares para construção de uma sociedade livre e rica em pensamentos voltados
para efetivação de democracias constitucionais, na verdade, um período muito
árduo para todos esses países, inclusive o Brasil, que precisava dar respostas
rápidas aos desejos de justiça e igualdade social, através de ações necessárias
visando transformar um país injusto no seu “bolo econômico” num país mais
justo, solidário, inclusivo e atento aos anseios da expectativa de ascensão
social de cada cidadão.
Mas é transparente que ainda há muito
por fazer, compreender esses novos caminhos e buscar construir novos cenários
com bases nas experiências concretas bem sucedidas de níveis locais.
Respeitando as diferenças regionais a partir do conhecimento dos seus limites, possibilidades
de desenvolvimento sustentável, bem como suas mazelas que se engendram a atrapalham
o desenvolvimento. Sobretudo, o sombreamento das reais contradições numéricas
sociais e das discussões políticas em torno desses problemas sociais e econômicos
a serem resolvidos.
O passo e descompasso do pensamento
dessas duas gerações precisam ser entendidos como um mapeamento crítico, das
reflexões teóricas e do conhecimento individual acumulado, vivido na prática
durante os processos históricos de cada cenário e os embates que necessário
foram para afirmação dos movimentos de luta de liberdade e convivência real com
um modelo de sociedade democrática.
Assim, se faz necessário que os
personagens dessa nova geração conscientizem a outra geração a não sentir saudades
dos temos que viviam com vendas nos olhos e ouvidos mocos, que compreenda a sua
libertação da caverna e a luz puderam enxergar. Essas duas gerações precisam
ser a água misturada ao vinho, para por em marcha, a construção de uma agenda
inovadora, visando o fortalecimento do processo político centrado na liberdade
e com base na solidariedade, como está escrito no Preâmbulo da nossa
Constituição de uma geração que derramou sangue e deu a sua vida pelo retorno
da democracia, com o desejo de construir uma pátria livre, justa e fraterna.
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