sexta-feira, 14 de julho de 2017

Criar conhecimento, não valor!

     O mundo passou por grandes mudanças nos últimos anos devido a Revolução Técnico-Científica-Informacional. Tal previsão foi feita pelo geógrafo Milton Santos, por sua vez, essa revolução silenciosa provocou e vem provocando grandes transformações nos modos de vida na atualidade.
     Desde o passado, a sociedade tinha se habituado a conviver com as máquinas barulhentas da Revolução Industrial. Entretanto, com as mudanças que ocorreram e estão ocorrendo, requer da sociedade contemporânea, apressar o passo pra acompanhar a velocidade da revolução tecnológica imposta pelo capital.
   Vivemos hoje no mundo virtual dos computadores, da realidade virtual ou da terceira dimensão que nos bombardeia a cada instante com uma infinidade de informações de todos os lugares do mundo. Diante desse quadro, nos perguntamos: como organizar e selecionar tantas informações como fonte de saber para nossa vida e construção do nosso conhecimento? Vamos procurar ser sucinto na resposta mediante nossa inquietação.
     A geração brasileira foi educada durante o século XX para viver numa sociedade industrial. Entretanto, a geração atual dos países desenvolvidos foi preparada para viver numa sociedade do conhecimento. Portanto, existe um desafio enorme para ser superado a passos largos pelos países emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – BRICs.
     Diante desse cenário mundial, os líderes políticos precisam perceber que não vivemos mais no mundo do trabalho exibido no filme “Tempos Modernos” do cineasta e diretor de cinema Charlie Chaplin. Por sua vez, o mundo que vivemos hoje é de bens intangíveis, ou seja, é um bem que não conseguimos segurar na mão, por exemplo, o software é um bem intangível.
     Nesse limiar, os produtos da indústria cultural – cinema, música, televisão, internet – mídias sociais, aplicativos, mundo dos negócios - consultoria, formação continuada - cursos de aperfeiçoamento, e outros, são bens intangíveis. Portanto, estamos vivendo num mundo que o conhecimento passa a ser um fator de produção, ou seja, passa a ser mais importante do que terra, trabalho, capital, energia e matéria-prima.
     Nesse contexto de globalização, três transformações importantes contribuem para reabrir discussões teóricas sobre o capital – riqueza e valor, conhecimento – bem intangível, e natureza – apropriação e esgotamento. A primeira consiste na generalização em escala planetária de um modo de desenvolvimento produtivista devastador. A segunda diz respeito ao conhecimento, esse cada vez mais importante no processo produtivo. Por conseguinte, a natureza é indispensável para qualquer produção de valor econômico.
     Durante a sociedade industrial, o valor era calculado pelo trabalho – energia, para produzir o produto. Entretanto, na atualidade, o valor recai sobre o conhecimento agregado ao produto que está sendo produzido por conta da revolução das tecnologias da informação e da comunicação. Essas variáveis estão integradas ao conhecimento como um fator decisivo para a criação de riquezas. Dando origem ao que podemos chamar de capitalismo “cognitivo”, “economia do conhecimento”, “economia da informação” ou “economia do imaterial”, assumindo o lugar do antigo capitalismo industrial.
    Por sua vez, os recursos da natureza são finitos, porém, o recurso do conhecimento é infinito, ou seja, quanto mais se usa, mais se multiplica. Nesse caso, o conhecimento é uma riqueza infinita e as leis básicas da economia não são aplicáveis a esse recurso. Dentre elas para ilustrar, a teoria da escassez.
     A lei que vale para o conhecimento como fonte de recurso é a da oferta. Desse modo, quanto mais compartilhar, mais conhecimento eu tenho. Diferentemente da sociedade industrial que tinha como base a competição. Portanto, a competição industrial é capaz de destruir um país para subtrair dele uma matéria-prima ou retardar seus passos em direção ao conhecimento. Por exemplo, o Iraque, a Irã e a Síria no passado e no presente.
    Ainda no presente, temos o jogo armado no pacífico entre as potências mundiais para destruir as sociedades do conhecimento que surgiram no Japão, Coréia do Sul e nos Tigres Asiáticos. Dessa forma, os países desenvolvidos não desejam que outros países avancem a passos largos em direção ao conhecimento.
     Assim, estamos vivemos uma mudança de era e isso assusta as pessoas, ou seja, querendo ou não, as sociedades industriais caminham para o conhecimento. Esse passou a ser, por sua vez, o principal fator de produção. Todavia, a terra, a energia e a natureza continuam a exercer o seu papel na economia apesar do deslocamento do eixo de criação para outros setores de produção e de atividades econômicas.
   Dessa forma, a tecnologia cria indústrias e empresas semelhantes por conta do conhecimento, ou seja, se uma dessas compra um software hoje, o concorrente pode comprar um similar amanhã – ambos passam a possuir a mesma ferramenta tecnológica de inovação. Por sua vez, as pessoas é quem fazem a diferença no mundo do conhecimento.
     Diante de tantas informações como fonte de saber para nossa vida e construção do nosso conhecimento, precisamos abandonar a visão cartesiana de mundo e passar a enxergá-lo de forma sistêmica – conseguir pensar o todo, ou seja, desenvolver uma visão global para entender o ser humano, a natureza e o trabalho.
     Portanto, a criatividade vale mais que a linha de produção e as ideias valem mais que as máquinas. Nesse caso, os nossos cérebros são as máquinas que precisamos aprender a lidar e os neurônios são as peças que precisamos manusear. Assim, quem produz conhecimento são os seres humanos e diante desse mundo acelerado de constante transformação, precisamos substituir o pensar e realizar pelo refletir, criar e fazer.

terça-feira, 4 de julho de 2017

A escola que temos e a escola que queremos

     Clicando no Google você vai achar uma enorme quantidade de postagens com essa mesma tematização em tela. Não vamos nos deter a números de referências que encontrei a respeito do assunto em questão. O que nos interessa são questões comparativas em relação a escola do “passado”, do “presente” e do “futuro”.
    Procuro, mas não consigo enxergar um horizonte com luz para as escolas brasileiras, profissionais da educação, família e alunos/as. Os avanços na educação não são reflexos de um projeto de nação, mas apenas de governos.
       Os poucos avanços conquistados na educação são frutos de experiências isoladas e ainda convive com modelos arcaicos de escolarização. Nesse caso, prevalece o modelo tradicional de ensino-aprendizagem, a desvalorização profissional e a família “achando” que as escolas além de escolarizar seus filhos também precisam educá-las.
       Diante desse quadro, levantei a seguinte questão: a Escola forma gente para o passado ou para o futuro? Para responder nossa questão, se faz necessário lembrar que estamos vivendo numa era digital.
    Dessa forma, tudo é quase possível no mundo digital mediante a rapidez, mobilidade, avanços técnico-científicos, pessoas em movimento e o enorme fluxo de informação. Reacendendo a ideologia de progresso e desenvolvimento como mola propulsora do mundo globalizado.
      Os seres humanos não se reúnem para conversar, mas para clickar. Nesse caso, a base cultural das gerações futuras é forjada por dígitos, senhas, clicks, aplicativos, sites de relacionamentos e tantas outras ferramentas encontradas nas redes sociais. Esse mundo virtual passa a ser o ponto de encontro entre as pessoas, porém, o que se discute nessas redes? Que lições posso aprender? O que acrescenta ao meu intelecto? Até a onde a tecnologia pode me levar? Qual é o papel da Escola diante de tantas informações e tecnologia? Como lidar com o celular em sala de aula? Até quando o celular será proibido em sala de aula?
     Portanto, o modelo arcaico de escola e escolarização não convém na era digital. Não podemos ter dois pólos paralelos na forma de fazer educação no Brasil, ou seja, a escola dita tradicional numa profunda crise, com uso de tecnologias ultrapassadas e absoletas, criando espaços como laboratórios de informática que podem ser vistos como objetos alheios ao processo de ensino-aprendizagem bem como profissionais do ensino preso a lousa e trabalhando conteúdos sem associar a realidade e o cotidiano do/a aluno/a.
      Quem faz educação precisa entender que o avanço proporcionado pela tecnologia requer um novo modelo de seres humanos. Desse modo, o profissional do ensino e o meio escolar precisam passar por pesados investimentos em estrutura física, valorização profissional e inovações tecnológicas.
     Todavia, as escolas no mundo global em meio às florestas de concreto, guerras, ódio e violência, devem ser encaradas como um fato estabelecido, não mais como uma verdade pendurada. Assim, a Escola deve despertar uma consciência crítica do/a aluno/a para o bem da sua própria identidade cultural, da forma como se apropriamos da natureza, as relações estabelecidas no convívio social e como devemos nos conectar ao mundo global. Precisamos acabar com o princípio cartesiano de ensinar e deixar de lado o desprezo a construção do conhecimento.