domingo, 27 de fevereiro de 2011

Rodrigo, o comandante do vôo D-28
É "Ô Cara!"
Considero um amigo como poucos!
Muito sucesso para você!
Abraços, professor!

(Rodrigo Grangeiro, 10/06/2008)

                Já poderia ter escrito algo ao meu amigo Rodrigo Grangeiro, mas estava angustiado, sem querer acreditar nas vozes dos amigos que me ligaram, que postaram e-mail, que deixaram recados no orkut ou mesmo aqueles que enviaram torpedos pelo celular. Fiquei atônito no início de fevereiro, precisamente no dia sete, data cabalística da bíblia, data que vai marcar a partida do nosso Comandante Oliveira ao mundo celestial, que o tirou do nosso convívio, mas uma coisa é certa e me conforta, o sete na bíblia representa revelação e afinal, o nosso mundo foi criado em sete dias e assim por diante.
 
                Seguindo essa linha de pensamento, Rodrigo, um jovem talentoso, amigo sempre a servir, seu rosto marcado por um sorriso constante, fazendo dele um jovem cheio de vida, foi assim que o conheci como colega do primeiro período do curso de Direito ofertado pela Faculdade UNIRON, mas precisamente, na turma D-28.  Fizemos alguns trabalhos em grupo, sua inteligência era privilegiada, nos estudos em grupo, ele não deixava escapar nenhuma, sempre tinha uma piada ou mesmo galanteava o coração de nossas colegas.

                Sou pai de um único filho, o Luíz Renato, logo que nasceu, estava lá Rodrigo nos visitando na maternidade, acompanhado de sua mãe Niura e do seu pai, Dr. Hugo Grangeiro, homem de espírito público, que tanto amava seu filho, uma relação mais de irmãos do que de pai para filho, em especial, imagino o tamanho da dor da família perder o filho único. Assim, tentei me confortar nas palavras de William Shakespeare quando afirma que “verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias... Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam… Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos”, a promessa se cumpriu, a última vez que estive com Rodrigo foi no balcão do Aeroporto Jorge Teixeira, parecendo mais um comandante da Gol Linhas Áreas.
                Na vida real, Rodrigo soube ser o menestrel em nossas vidas, me levou ao convívio dos seus pais, nos deixou um legado de gestos de bondade, de palavras certas no momento certo. O seu maior sonho era ser piloto aviador, me relatava com paixão o seu desejo de sentar-se numa cabine de um avião comercial e dar as boas vindas aos passageiros, nos intervalos de nossas aulas, falava das aeronaves, da capacidade de carga, do transporte de pessoas, dos problemas mecânicos que apresentava, da decolagem e aterrissagem, do consumo de combustível, dos destinos, dos grandes acidentes aéreos, afinal, eu perguntava o que ele estava fazendo em plena faculdade de Direito, ele sorria e dizia, “tudo ao seu tempo, já estou trilhando o caminho para realizar o meu grande sonho”.
                O nosso amigo Rodrigo, tornou-se o Comandante Oliveira da nossa turma D-28, muitos já tiveram destinos diferentes nesse vôo, realizaram conexões, ou mesmo mudaram o percurso do seu destino e ele ainda mais, mesmo distante de nós, tenho certeza de sua luta contra uma doença rara que veio a derrubar o seu vôo entre nós. Mas a sua amizade ficará nas nossas lembranças, nas recordações do convívio com a Ingrid Medeiros, Jéssica Negano, Augusto Sivertsen, Karla Barbeto, Verônica Prado, Alam Marx, Scott, Carolina, Alessandra, Ivan Ronald Arnz, Cléia, Diana, Daniel Henrique, Suzana, Tiago Freitas, Rômulo, Eliane, da Lucineide e o carinho que você tinha pelo meu filho Luíz Renato, e tantos outros que me foge a memória, mas em mim, ficará guardado o depoimento deixado no meu perfil do Orkut em que o transcrevi para iniciar esse texto reflexivo sobre sua passagem em nossas vidas e tenho certeza que o seu espírito esta ao lado do nosso pai celestial.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O professor, a enfermeira e o doutor
...aprendi que as pessoas com quem você mais se importa na vida,
São tomadas de você muito depressa...
“o sábio”

            O amor é uma jornada, cujo ponto de partida é o sentimento. Assim, se formou um triângulo amoroso entre um professor, uma enfermeira e um doutor. Que vem retratar profundamente a sensibilidade de um ser “apaixonado” pela vida, desde ao nascer, quando o relógio do tempo começou a funcionar a partir de sua existência.
            Esse apaixonado é um professor, que acha que dominou o mundo da sua existência interna, mas não aprendeu a dominar o mundo de sua existência externa, ou seja, os inúmeros territórios conflituosos que cercam a alma. Pensou em se tornar um gigante da ciência, mas foi jubilado pelo tempo perdido. É um frágil menino que não sabe pilotar a velocidade de suas emoções, desconhece os segredos que tecem o giz da sua inteligência.
            Enquanto os intelectuais buscam a felicidade nos livros, não encontram! Porque há mais mistérios entre a razão e a emoção, dos que amam o mundo do conhecimento e viver sem ser amado, parece-lhe intolerável, nada pode consolá-lo ou distraí-lo. Ele fica só, entregue a si mesmo, sem força, sem alvo. É o delírio do desespero.
            Assim, este jovem professor conheceu uma futura enfermeira, que cinco anos se fez viver na terra onde o sol nasce primeiro. Amaram-se e tentaram seduzir a felicidade, o amor, a compreensão, o companheirismo, a renúncia, ou seja, fez pertencer em suas almas o prazer de viver. Juntos, passearam, viajaram, machucaram-se, separaram-se, voltaram e até mesmo, apreciaram viver perigosamente.
            Mais chegou o dia que o jovem professor sentiu fugir de suas mãos a felicidade ao atender um telefonema em uma noite cheia de estrelas. Era a enfermeira lhe falando: “eu parti de volta para minha terra decidida a não mais voltar. Preciso do cheiro de gente bonita da minha terra e cresça em meio aos transtornos da vida, eu me encontro no prazer imediato, não fico aos que despreza o seu futuro e as inconseqüências dos seus atos. É a lógica numérica, jamais compreenderá a lógica da emoção, onde não poderá me oferecer um império de roupas de grifes famosas, jóias caras, bons perfumes, bons restaurantes, carros de luxo, viagens atc... Assim, me esqueça! Está tudo acabado, pois achei um doutor, mesmo sem amá-lo, ele irá me dar o que você não pode me oferecer! Porém fico convencida que falta ao doutor o prazer de estar ao seu lado e nos meus pensamentos, se isso lhe conforta!”
            O professor saiu a chorar pensando, no seu caminho encontrou o amigo que tanto o ama, a exemplo bíblico do amor de Jônatas para com Davi, que na angustia se faz o irmão. Relatando ainda chorando ao seu amigo, sobre a opção de troca do grande amor de sua vida por um médico que lhe ofereceu um império de riquezas.
            E o seu amigo lhe confortou dizendo: “o sentido da vida se encontra num mercado onde não se usa dinheiro! Acontece com o amor, o mesmo que acontece com as estrelas, brilham em um oceano escuro que desaparece ao amanhecer. Esse moer de espírito, faz você perder a natureza da própria inteligência e como dizia Machado de Assis, “ fazer do talento uma máquina, uma máquina de obra grossa, movida pelas probabilidades financeiras do resultado, é perder a dignidade do talento e o pudor da consciência”. Você cometeu loucuras de amor para viver esse romance, um mundo de obstáculos havia entre você e sua amada, contudo, a vida só teria sentido se você a encontrasse e se unisse a ela, sem valer a opinião dos outros”.
            Um dito popular afirma que precisa um dia para conseguir e mil dias para se reconquistar, mais você não irá respeitar esta ordem cronológica do tempo, pois usará da bravura de lampião, da força de um átomo para ultrapassar as serras do semi-árido, nadar nas águas do Rio São Francisco, correr enormes perigos em seu caminho para reencontrá-la e ira dizer: de hoje em diante, eu e você seremos um, jamais desistirei de você e a amarei para sempre!
            - E o doutor?
            - O sábio já respondeu!

Escrito em janeiro de 2005.
Tarcisio Burity, divagando em minhas lembranças (Parte VI)

            A conversa estava boa, Dr. Burity já teria esclarecido que a ordem de comando ao pelotão de choque da briosa Policia Militar do Estado da Paraíba de reprimir com violência a manifestação dos estudantes na Praça João Pessoa, não teria partido do Palácio da Redenção.
            O ex-governador teria sido categórico em resumir as suas afirmativas que o chefe da casa militar, o comandante geral da PM/PB e o Secretário de Segurança a época, em reunião no palácio, reafirmara que com a apuração imediata, a iniciativa teria partido do próprio Tenente Kelson, filho do Cel. Marcilio Pio Chaves já reformado e exercendo a presidência da Caixa Beneficente da Polícia Militar, que tem a sua sede até os dias de hoje na marcante histórica Avenida das Trincheiras, avenida essa, marcada pelos casarões antigos que resiste ao tempo.
            A informação que então tinha chegado aos ouvidos do governador, que se tratava de um jovem tenente, filho de um ex-oficial e que na verdade desejava mostrar serviço para causar boa impressão aos seus superiores, ou mesmo reafirmar-se como líder diante de seus comandados. E que esse jovem tenente era filho de um coronel da reserva com certa liderança na tropa e teria sido recentemente ex-chefe do Estado Maior e Subcomandante de PM/PB.
            Perguntei sobre o desfecho da reunião e Dr. Burity disse que a época determinou a abertura de sindicância para apurar os fatos, afinal, o confronto teria causado um grande desgaste a imagem do seu governo, afinal, no outro dia, a passeata teria dobrado o volume de manifestantes, pois não só estavam os estudantes, estava lá, pais de alunos, professores, lideranças sindicais e o pior para todo governante também estava lá em massa, ou seja, a imprensa, dando cobertura à passeata do dia seguinte, “acredito que já tenha sido uma das maiores concentração popular que a Paraíba tenha visto até aquele momento, com repercussão até mesmo na imprensa nacional, forçando-me a tomar uma decisão ainda mais forte diante a opinião pública, bem como aos empresários do setor de transporte coletivos urbanos liderados pelo então Abelardo Azevedo da Empresa ETUR”, afirmou Dr. Burity.
            Cada vez mais, a conversa ficava boa, a riqueza de detalhes, de informações, nossa, não era todo dia que um ser vivente tem a oportunidade de conversar com um homem com uma mente privilegiada. Perguntei a Dr. Burity, se daquele instante, teria partido a idéia da criação da Superintendência Estadual Transporte Urbanos S/A, a famosa SETUSA com suas linhas circulares intermináveis que ficava dando volta em todos os bairros de João Pessoa, sempre lotado os ônibus, afinal, a passagem custava apenas à metade do preço dos coletivos urbanos privados e estudante não pagava nada, só bastava apresentar a carteira na porta da frente para ter sua condução assegurada. Lembro-me que era uma verdadeira festa nos fins de semana, pois os jovens estudantes se dirigiam em massa para as praias de Tambaú, Cabo Branco e Bessa como opção de lazer.