sábado, 19 de fevereiro de 2011

Tarcisio Burity, divagando em minhas lembranças (Parte VI)

            A conversa estava boa, Dr. Burity já teria esclarecido que a ordem de comando ao pelotão de choque da briosa Policia Militar do Estado da Paraíba de reprimir com violência a manifestação dos estudantes na Praça João Pessoa, não teria partido do Palácio da Redenção.
            O ex-governador teria sido categórico em resumir as suas afirmativas que o chefe da casa militar, o comandante geral da PM/PB e o Secretário de Segurança a época, em reunião no palácio, reafirmara que com a apuração imediata, a iniciativa teria partido do próprio Tenente Kelson, filho do Cel. Marcilio Pio Chaves já reformado e exercendo a presidência da Caixa Beneficente da Polícia Militar, que tem a sua sede até os dias de hoje na marcante histórica Avenida das Trincheiras, avenida essa, marcada pelos casarões antigos que resiste ao tempo.
            A informação que então tinha chegado aos ouvidos do governador, que se tratava de um jovem tenente, filho de um ex-oficial e que na verdade desejava mostrar serviço para causar boa impressão aos seus superiores, ou mesmo reafirmar-se como líder diante de seus comandados. E que esse jovem tenente era filho de um coronel da reserva com certa liderança na tropa e teria sido recentemente ex-chefe do Estado Maior e Subcomandante de PM/PB.
            Perguntei sobre o desfecho da reunião e Dr. Burity disse que a época determinou a abertura de sindicância para apurar os fatos, afinal, o confronto teria causado um grande desgaste a imagem do seu governo, afinal, no outro dia, a passeata teria dobrado o volume de manifestantes, pois não só estavam os estudantes, estava lá, pais de alunos, professores, lideranças sindicais e o pior para todo governante também estava lá em massa, ou seja, a imprensa, dando cobertura à passeata do dia seguinte, “acredito que já tenha sido uma das maiores concentração popular que a Paraíba tenha visto até aquele momento, com repercussão até mesmo na imprensa nacional, forçando-me a tomar uma decisão ainda mais forte diante a opinião pública, bem como aos empresários do setor de transporte coletivos urbanos liderados pelo então Abelardo Azevedo da Empresa ETUR”, afirmou Dr. Burity.
            Cada vez mais, a conversa ficava boa, a riqueza de detalhes, de informações, nossa, não era todo dia que um ser vivente tem a oportunidade de conversar com um homem com uma mente privilegiada. Perguntei a Dr. Burity, se daquele instante, teria partido a idéia da criação da Superintendência Estadual Transporte Urbanos S/A, a famosa SETUSA com suas linhas circulares intermináveis que ficava dando volta em todos os bairros de João Pessoa, sempre lotado os ônibus, afinal, a passagem custava apenas à metade do preço dos coletivos urbanos privados e estudante não pagava nada, só bastava apresentar a carteira na porta da frente para ter sua condução assegurada. Lembro-me que era uma verdadeira festa nos fins de semana, pois os jovens estudantes se dirigiam em massa para as praias de Tambaú, Cabo Branco e Bessa como opção de lazer.

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