sexta-feira, 31 de março de 2023

É preciso dialogar com evangélicos

É um desafio escrever sobre religião e política num país polarizado por duas grandes forças políticas antagônicas, principalmente, quando temos uma força empurrada pelo fundamentalismo religioso evangélico tropical. No presente texto e a véspera do governo Lula completar cem dias, percebemos que o campo evangélico ainda parece estar em dificuldades para reorganizar suas bases em torno de um projeto político comum após a Esquerda voltar a ocupar o Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios na capital federal.

O fato é que os ventos políticos progressistas das primeiras décadas do atual século, em especial, ocorridos durante os governos Lula e Dilma, deixou em ebulição os evangélicos no país. Em face disso, evangélicos da posição que crente não deve se meter em política, passou a adotar uma postura mais militante defendendo um projeto de poder de querer converter as instituições sociais e políticas do país em difusores do cristianismo fundamentalista com o seguinte lema: “O Brasil é do Senhor Jesus”.

Desde a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas urnas, a ocupação da frente dos quarteis pedindo a volta da Ditadura Militar e da tentativa de Golpe de Estado em 8 de janeiro, os evangélicos têm procurado deixar de lado o envolvimento político por conta dos desgastes criando no ambiente interno das igrejas, o que fez com que alguns pastores e líderes adotassem um caráter mais pragmático, ou seja, preferindo retornar ao estilo tradicional do que dobrar a aposta bolsonarista.

Contudo, não pode negar a força ideológica que a extrema-direita desperta nas mentes e nos corações dos evangélicos brasileiros. Em face disso, o campo progressista brasileiro precisa aprender a dialogar com os evangélicos como forma de vencer a bipolarização, o discurso do ódio e acabar com a espera de um “Novo Messias”.