quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Sentimentos territoriais com Chico Pinto

Chico da Hora, filho de Chico Pinto


            Nas minhas andanças para pedir votos, me permite fazer novas amizades e conhecer um pouco da história de Nova Mamoré, lugar que chamo de meu aconchego. Desse modo, decidi relatar minha prosa e roda de conversa com Chico da Horta.
            Na manhã de hoje (19/09), conheci o senhor Francisco da Silva Pinto, mais conhecido como Chico da horta. Por sua vez, filho do primeiro prefeito de Nova Mamoré, Francisco Fernandes Pinto, chamado popularmente de Chico Pinto na época.
            Nomeado como prefeito interventor pelo governador Jerônimo Santana, Chico Pinto, foi o grande responsável pela instalação político - administrava de Nova Mamoré, quando emancipada a categoria de município – unidade administrativa do estado de Rondônia. Entretanto, é um personagem ilustre esquecido pela história. Inclusive, seu retrato oficial que deveria está no paço municipal, não foi para o lixo porque foi recolhido por seus familiares.
            Durante a prosa, seu Chico da Horta foi tomado pelas lembranças do cotidiano na Vila Murtinho, lembrou, que quando criança corria atrás do trem junto outras crianças, “era uma festa”. Carregado de sentimentos territoriais, nos contou que no ano de 1967, chegava à rodagem rasgando a floresta e no ano de 1971, presenciou o último apito do trem, “as pessoas ficaram se olhando, como se estivessem num velório se despedindo de uma familiar na hora do enterro”.
            Na ocasião que seu Chico da Horta contava os últimos momentos de despedida do trem, seus olhos se encheram de lágrimas de tantas recordações e o silêncio tomou conta da cozinha da sua casa. Quando indagado de como era o cotidiano da Estação de Trem da Vila Murtinho? Carregado de emoções, nos contou era muito movimentada, pessoas desciam e subiam no trem.
            Durante a prosa, disse que na estação do trem, existiam bancas de comida que eram vendidas aos passageiros. Além do comércio de doces, frutas, verduras, carne de caça, peles de animais, castanha do Brasil e a borracha, principalmente, as mercadorias provenientes da Bolívia.
            No final da nossa prosa, o ex-morador da Vila Murtinho, afirmou que não deveriam ter parado o trem e nem deixar a estrada de ferro abandonada. “Os trens antigos poderiam ter sido substituídos por novas locomotivas. O que acabou foi à borracha e não os trilhos de ferro. A estrada de ferro poderia está servindo para fazer o transporte de outras mercadorias e de pessoas como antigamente”.
            Ainda conversando sobre as lembranças da Vila Murtinho, Chico da Horta lembrou que tinha muito peixe no rio e carne de caça. Mas por conta do desmatamento, a caça sumiu. Em relação ao peixe, não soube afirmar porque diminuiu sua presença no rio.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Leite é servido na merenda escolar no Japão



         Aprendemos na Escola que o leite é uma grande fonte cálcio e potássio para o ser humano. Dessa forma, o consumo deste alimento é essencial para a saúde dos ossos e dentes, além de prevenir a osteoporose em idosos. A bebida láctea pode contribuir para a perda de peso e ainda prevenir o diabetes tipo 2.
            Desse modo, servir leite na merenda escolar é a melhor maneira de fazer com que as crianças recebam cálcio, que é essencial para o crescimento. Para presente reflexão, pegamos como exemplo o Japão, país que serve diariamente 200 ml de leite em caixinha longa vida na merenda escolar.
            Por sua vez, o leite foi introduzido na merenda escolar nas Escolas japonesas em uma época em que muitas crianças estavam desnutridas, como forma de compensar a desnutrição devido à escassez de alimentos após a Segunda Guerra Mundial.
            No pós-guerra, o Japão servia na merenda escolar, pão e leite em pó – doado por outros países, diluído em água morna. Por conseguinte, 1960 e 1970, o leite em pó foi substituído por leite regular, ou seja, em garrafinhas e atualmente, nas embalagens longa vida.
            Servir leite na merenda escolar no Brasil em caixinhas longa vida, possibilita fomentar os arranjos produtivos locais em torno da pecuária leiteira, consequentemente, aumenta a renda do produtor rural. Além de ajudar no combate a subnutrição, permitindo que a criança melhore suas habilidades cognitivas, contribuindo para o aumento do potencial de aprendizado e de desempenho escolar.

sábado, 18 de agosto de 2018

Carta Aberta aos Amigos e Amigas de Nova Mamoré



Nova Mamoré, 18 agosto de 2018

MEUS AMIGOS,
MINHAS AMIGAS,

         Permita-me invocar um testemunho sincero antes de convidá-lo a uma reflexão maior.
         Desde que cheguei a Rondônia, em especial Nova Mamoré, mantive a disposição de servir com determinação e ousadia o município e o estado que me acolheu. Procurei a cada dia da minha vida, seja como professor ou ocupando funções públicas passageiras,contribuir com boas ideias para o progresso e desenvolvimento socioeconômico das pessoas.
         Como amigo de Jair Montes de longas datas, acompanho sua trajetória de vida e posso assegurar que é um ser humano cristão dedicado a família, a sua fidelidade partidária, o zelo com o cargo público que o povo lhe confiou através do voto livre por duas vezes e por possuir um grande espírito público, me motivou a refletir a apoiá-lo para deputado estadual.
         Com Jair Montes, compartilhei ideias e projetos que de sonhos à realidade, resultaram na melhoria na qualidade de vida de muita gente do município de Porto Velho, nossa capital. Por sua vez, acredito que o voto é a maior expressão social da liberdade do ser humano e posso afirmar que é um dos principais pilares da democracia, especialmente na valorização da ação política e das instituições representativas.
         Reconheço que estamos numa eleição atípica, o descrédito com o político e os assassinatos de reputação, gera a desconfiança no cidadão eleitor, sem saber em quem votar, sem saber em quem acreditar. Contudo, temos que continuar acreditando na tomada de consciência e na democracia. Além de contribuir para evolução humana e cidadã da nossa sociedade brasileira.
         Nesse limiar, para decidir apoiar Jair Montes, fizemos um compromisso de trabalho com cinco pilares: 1) Destinar emendas para construção de pontes, bueiros e recuperação das estradas na zona rural; 2) Revisar o Plano de Cargo Carreira e Salário dos Professores, Médicos, Enfermeiros, Policiais Civis, Militares e Bombeiros, e de Agentes Penitenciários – tabela de progressão, pós-graduação e gratificação de difícil acesso; 3) Fiscalizar a aplicabilidade dos recursos do transporte escolar – convênios entre estado e municípios rondonienses; 4) Criação da Universidade Estadual de Rondônia com campus nos municípios de Porto Velho – Reitoria, Candeias do Jamari, Nova Mamoré, Machadinho do Oeste, Cerejeiras e São Miguel do Guaporé; 5) Trazer de volta os vigilantes as nossas Escolas públicas estaduais.
         Por tudo isso, querendo ações concretas para o nosso município de Nova Mamoré, em especial, para aqueles que mais precisam de atenção do poder público e das ações pró-ativas em favor do desenvolvimento socioeconômico sustentável local por meio de políticas territoriais concretas, estou chegando até você, MEU AMIGO, MINHA AMIGA, pedir a confiança do seu voto para o meu CANIDATO A DEPUTADO ESTADUAL JAIR MONTES – 36036.

         É UM VOTO DE CONFIANÇA!
         SIGNIFICA A FORÇA DE UM COMPROMISSO!
         PORQUE O HOMEM TEM PALAVRA!

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Uirapuru piando na sua agonia

Prof. Dr. Januário Amaral

     Recém chegado em Rondônia da Paraíba, por uma mera coincidência, num evento de extensão universitária na Unir no ano de 2006, encontrei o Professor Emanuel Falcão da UFPB no auditório Paulo Freire, proferindo uma conferência sobre Educação popular. Eu sentado na plenária, a pedido do palestrante, fiquei em pé e recebi uma saudação dele e dos presentes com uma salvas de palmas.
        Após o término da Conferência do Professor Falcão, conversamos demoradamente sobre a minha escolha de transformar minhas férias, numa trajetória permanente de vida em Rondônia. Do amigo Falcão, recebi muitos conselhos e guardei comigo a seguinte frase: “Herbert, sabendo de quem você é filho, não hesite em voltar caso sentires saudades da nossa terrinha!” Nossa conversa foi interrompida e fui apresentado ao Professor Januário Amaral pelo professor Falcão, que me presenteou com seu livro Mata Virgem, Terra Prostituta que aborda o processo de colonização no PIC Sidney Girão, localizado no município de Nova Mamoré – Rondônia, situado na Faixa de Fronteira entre o Brasil e a Bolívia.
        Entretanto, após o término do evento, voltei para Nova Mamoré para lecionar nas Escolas de Linha da Amazônia e perdi o contato com o Professor Januário Amaral. Mas com o passar do tempo, criei raízes em Rondônia como professor, dirigente partidário, blogueiro, colunista no Jornal Estadão do Norte e de outros sites eletrônicos de notícias. Dessa forma, fui convidado no ano de 2011 para trabalhar como Assessor Especial na Casa Civil do Governador Confúcio Moura.
    No desempenho das minhas atividades laborais como Assessor da Casa Civil do Governador, permitiu reencontrar com o magnífico reitor da Unir, Professor Januário Amaral, para tratar de assuntos co-relacionados às relações institucionais do Governo do estado com a Universidade Federal de Rondônia. Na ocasião, lembrei ao reitor, o episódio do Professor Falcão, do livro autografado e desde então, não tivemos a oportunidade de nos encontrar. 
    Quando terminamos o dialogo institucional, fiquei mais um pouco e conversamos amistosamente sobre o crescimento espantoso da Unir, que rapidamente, tinha se tornado o terceiro orçamento do estado de Rondônia. Por sua vez, o Professor Januário Amaral cancelou toda sua agenda e ficamos conversando sobre os feitos do magnífico reitor.
          Na oportunidade, o reitor explicou a importância dos recursos do REUNI – Governo Lula e Dilma, para as universidades, em especial, para Universidade Federal de Rondônia, que estava possibilitando a transformação dos Campi da Unir em grandes canteiros de obras, concursos assegurados para professores e técnicos universitários, a criação de novos cursos de graduação e expansão dos existentes, contemplando também a estruturação de cada departamento com mobiliário e informatização. Além de prever a construção de bibliotecas, compra de acervo, mobiliário e modernização das existentes.
         Durante a nossa conversa informal, o magnífico reitor demonstrou seu entusiasmo com os Programas de Extensão Universitária como Assistência estudantil: projeto de ampliação de bolsas e estágios remunerados não obrigatórios, que dava apoio a estudantes carentes com oferta de vales transporte e vales alimentação – principalmente ele, aluno carente, que cursou a graduação e mestrado em situação de vulnerabilidade. Dessa forma, o “alojamento” e “bandejão” da USP, que possibilitou o Professor Januário Amaral ingressar e terminar o mestrado em Geografia nos ares da capital paulista.
      Lembro que neste diálogo os olhos brilhavam do Professor Januário Amaral, quando detalhou a importância da implantação do restaurante universitário com sistema de bandejão e custos acessíveis a estudantes da Unir. Com voz firme, detalhou os programas de extensão de apoio a projetos pedagógicos específicos para populações tradicionais da Amazônia (indígenas, agricultores, quilombolas e outros). Além disso, assistência aos programas sociais voltados para agricultura familiar, populações de remanescentes quilombolas, populações ribeirinhas, indígenas e outros, em escala regional.
        Contudo, passado alguns meses, alunos do Movimento Estudantil Popular Revolucionário – MEPR, DCE-Unir, alguns professores e técnicos, deflagram uma greve na UNIR no segundo semestre do ano de 2011 contra a gestão do magnífico reitor, Professor Januário Amaral, alegando que a universidade estava “suja, abandonada, sucateada e jogada às traças”. Por conseguinte, alunos do Comando de Greve foram presos pela Polícia Federal - inclusive, virou noticia em jornais escritos, eletrônicos e televisivos, portando panfletos chamando o magnífico reitor de “déspota”, “bandido” e ainda exibia um desenho com o professor Januário “sentando num vaso sanitário”. Além de pedir a “punição do reitor e de sua quadrilha”.              
       Acompanhamos a greve como jornalista e Assessor da Casa Civil do Governo o desenrolar dos fatos e a radicalização do movimento grevista, que levou a invasão do prédio da reitoria, barricada nos portões da universidade e perseguições públicas ao professor Januário Amaral, inclusive, riscaram o seu veículo particular e fizeram pichações no muro de sua residência com palavras de baixo calão. Fatos que foram a gota d’água para levar o magnífico reitor a renunciar o mandato em novembro de 2011.
      Porém, depois de todos esses anos, sou testemunha ocular que o ex- magnífico reitor, após renúncia e passar por profundos problemas psicológicos, em especial, depressões profundas, continua sofrendo agressões simbólicas por parte de alguns membros da comunidade acadêmica, em especial, estudantes ligados ao MEPR, que novamente, reacenderam o ódio, com discussões em torno da gestão do ex-reitor nas turmas de Pedagogia e outros cursos de graduação. Por conseguinte, dispararam agressões por meio de palavras de baixo calão ao professor Dr. Januário Amaral – que prefiro declinar em mencionar, quando este transitiva no ambiente da universidade – Campus de Porto Velho.
       Dessa forma, o problema estrutural não é apenas de Unir, é um fenômeno que ocorre em todas as universidades públicas do Brasil. Assim, as mazelas do passado e do presente na Universidade Federal de Rondônia, mediante a falta de investimento e cortes no orçamento da União, cria um imaginário de compreensão e falta de entendimento da parte da comunidade acadêmica da realidade enfrentada pelos gestores universitários em escala regional e nacional.
      Todavia, alunos inculcados por professores opositores dos gestores no âmbito universitário, culpam os mesmos mediante as situações de descasos, quando a bem da verdade, o maior responsável é o Ministério da Educação e do Governo Federal por não destinar recursos suficientes para sanar os problemas que surgem no cotidiano universitário.
        Desse modo, gestos e palavras contra o ex-magnífico reitor que vive recluso – situação de auto-exílio, não procede. Por conta deste imaginário calunioso criado pelo Comando de Greve da Unir que resultou na queda do reitor, permite levantar a seguinte questão: como alunos da Unir, que não conhecem e nem conheceram a trajetória de vida, acadêmica e atuação como líder-gestor universitário, nutrem sentimentos de ódio e rancor ao Professor Januário Amaral? Neste caso, só deve existir uma possível explicação, ou seja, é resultado de uma inculcação de um imaginário na mente dos alunos por alguns professores que certamente foram seus desafetos. Enquanto isso, o uirapuru que transformou a universidade em todos os sentidos, vive piando na sua agonia no ambiente hostil da Unir.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Pensar a vida e viver o pensamento


     Quando nos recolhemos para refletir de forma profunda e radical, aprendemos muito com o nosso interior. Entretanto, caímos em abstração e muitas ideias ficam soltas, não conseguimos compreender na sua totalidade o problema.
     Porém, devemos nos apoiar na leitura, buscar conhecimento nos livros, por mais que seja técnicos e complexos. Dessa forma, facilitará a construção do nosso saber na era do conhecimento.
     Todavia, o conhecimento científico não é um bicho de sete cabeças, mas algo muito útil para vida toda, inclusive para melhor compreensão dos saberes tradicionais. Assim, a construção do conhecimento desde temas comuns aos mais complexos ligados a existência humana, permite uma melhor compreensão da morte, da felicidade, do bem e o mal, da verdade e da mentira, do amor, do desejo, do poder e das armadilhas.
      Por isso a atividade de buscar o conhecimento e a construção do saber se torna importante para cada ser humano existente na Terra. Pode ser algo tão simples como pensar a vida e viver o pensamento de uma maneira profunda e radical.
   Quando buscamos o conhecimento, devemos ser versáteis na construção do saber, consequentemente, refletir sobre os mais diversos temas no intuito de ampliar nossas reflexões. Dessa forma, servirá como ponto de partida para crescer nossa consciência de si mesmo e do mundo em que vivemos como pessoa e cidadão.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Crepúsculo dos Ídolos, de Nietzsche


          Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um filósofo, escritor, poeta e filólogo alemão, um dos mais importantes do século XIX. Escreveu “Crepúsculo dos Ídolos”, “Assim Falava Zaratustra”, “Genealogia da Moral”, “Além do Bem e do Mal” e “O Anticristo”, dentre outras grandes obras. “Na Universidade de Leipzig, a sua vocação filosófica cresce. Foi um aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, e aos 25 anos é nomeado professor de Filologia na Universidade de Basiléia[i]”. Passou uma década em contanto com o pensamento grego antigo, no mesmo período, desenvolveu a sua filosofia.
            Em 1879, Nietzsche teve problemas com a voz e com seu estado de saúde agravado, obriga-o a deixar de ser professor. “Começou uma vida errante em busca de um clima favorável, tanto para sua saúde como para seu pensamento […]. Escreve em um ritmo crescente, mas este período termina brutalmente em 03 de janeiro de 1889 com uma crise de loucura que, durou até a sua morte […]”. “O sucesso de Nietzsche, entretanto, só veio quando um professor dinamarquês leu a sua obra ‘Assim Falou Zaratustra’” e, em 1888, tratou de difundi-la. Muitos estudiosos da época tentaram localizar os momentos em que Nietzsche escrevia com crises nervosas ou sob efeito de drogas. Friedrich Nietzsche faleceu em Weimar, Alemanha, no dia 25 de agosto de 1900[ii].
            Contudo, ainda hoje, Nietzsche é criticado e considerado como gênio ou como louco, mas há de convir, que suas obras com mais de cem anos de existência, são grandes clássicos que estão presentes nas pesquisas científicas e filosóficas. Desse modo, não se poder negar o pensamento nietzschiano, pois ele representa a ruptura de rigor metodológico da tradição científica cartesiana de mais de duzentos anos de existência.
            Nesse limiar, a filosofia desenvolvida por Nietzsche, a princípio, ametódica[iii], utilizando uma linha de raciocínio lógico e uma estrutura textual totalmente nova e conhecida como aforismo - conduzir a vida sem valores superiores. Sua forma de escrever permitiu reconstruir e recriar a Filosofia, ou seja, criar ideias, quebrantando preconceitos e reconstruindo uma nova forma de pensar o ser humano. Portanto, o filósofo Nietzsche não busca a verdade, mas ele nos leva a questionar sobre as nossas crenças, preconceitos, prejuízos e convicções. Isto se dá na medida em que propõe novas formas de agir e sentir.
            O pensamento nietzschiano tem por objetivo a criação de uma nova cultura – no mundo decadente em que vivia, ou seja, Nietzsche entende que a cultura ocidental de maneira geral, produziu um ser humano que pode ser comparado a um animal doente que não contribui para expansão da vida, mas para sua degeneração, precisando então, retomar em suas mãos, as rédeas do destino da humanidade, no sentido de contribuir para o surgimento de um ser humano sadio e forjado por uma filosofia de valores.
            Para o filósofo, construir e criar novos valores significa concorrer para uma transformação radical da cultura ocidental e, portanto, para o aparecimento de um novo ser humano. Assim, Nietzsche vai colocar sob suspeita a nossa maneira de pensar, agir e sentir, a se questionar e a forma como buscamos a verdade, o que podemos considerar uma das suas maiores provocações. 
            Segundo Nietzsche, a busca pela verdade pode induzir a erros, mas pode levar a atitudes cínicas e hipócritas, que não contribui para o aprimoramento da espécie humana. Nas suas obras não encontramos longas e minuciosas argumentações, diferentemente de outros filósofos, ele se comunica por meio de aforismo – frases curtas e pequenos parágrafos. Por sua vez, ao escrever o que vem a sua cabeça, ele vai procurar fazer com que seus leitores incorporem de alguma maneira sua proposta de mudança de civilização.
            Desse modo, ao adotar a escrita literária como forma de expressão das suas ideias - niilismo, o filósofo alemão provocou (e ainda provoca) polêmicas com seus escritos que defendiam a desconstrução de todos os pilares fundamentais da ética e da moral do Ocidente. Assim, o título “Crepúsculo dos ídolos” é uma paródia de uma ópera de Wagner intitulada de “Crepúsculo dos deuses”. No subtítulo, a palavra “martelo” deve ser entendida como uma marretada nos ídolos, que ao tocar as estátuas dos ídolos, no intuito de comprovar que são ocos. Para isso não poupou ninguém: desmistificou Deus - a entidade antropomórfica judaico-cristã, e até os valores do povo alemão.
            Todavia, Crepúsculo dos ídolos foi a penúltima obra de Nietzsche, escrita e impressa em 1888, pouco antes de o filósofo perder a razão e ficar sob os cuidados da sua mãe e da irmã. A obra é uma síntese e introdução de tudo que produziu, e ao mesmo tempo uma “declaração de guerra”. É com espírito guerreiro que ele se lança contra os “ídolos”, as ilusões antigas e novas do Ocidente: a moral cristã, os grandes equívocos da filosofia, as ideias e tendências modernas e as quem defende, ou seja, seus representantes. De tão variados e abrangentes, esses ataques compõem um mosaico dos temas e atitudes do autor: o perspectivismo, o “aristocratismo”, o realismo ante a sexualidade, o materialismo, a abordagem psicológica de artistas e pensadores, o antigermanismo, a misoginia.
            Para Nietzsche, o martelo talvez seja sua melhor metáfora por não ter tido receio de colocar o dedo nas feridas da sociedade tradicional carregada de tabus. Sua ousadia original em apontar a decadência de todos os conceitos enraizados na religião é avassalador no “Crepúsculo dos Ídolos”. O ponto interessante a se fazer para o livro é que, embora ele seja largamente lido na área de humanas, pouca gente realmente interpreta o que está lendo, pois alguns insights são difíceis de retirar. Isso faz do livro ao mesmo tempo popular (conhecido) e obscuro (pouca gente extraiu o verdadeiro conhecimento dele).

REFERÊNCIAS

NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos Ídolos, ou Como se filosofa o martelo. Tradução, notas e prefácio: Paulo César e Sousa. – 1ª ed. - São Paulo: Companhia de Bolso, 2017.



[i] NIETZSCHE, Friedrich. Disponível em: http://pensador.uol.com.br/autor/friedrich_nietzsche/biografia/. Acesso em 25 mai. 2018.
[ii] NIETZSCHE, Friedrich. Disponível em: http://pensador.uol.com.br/autor/friedrich_nietzsche/biografia/. Acesso em 25 mai. 2018.
[iii] É quando não se tem método de organização. Não tem uma organização correta, não sabe o que fazer primeiro, deixa tudo desordenado, bagunçado.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Qual será a trajetória do PT com Lula preso?

       O discurso do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva no último sábado (07/04) em frente ao sindicato dos metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP), antes de cumprir o mandato de prisão expedido pelo juiz Sérgio Moro, revela que ele continua sendo uma grande liderança política no campo da esquerda. O homem com todo massacre que vem sofrendo da grande mídia nacional, em especial, da Rede Globo, Record, Veja, Grupo Folha, Jovem Pan etc., consegue reunir centenas de lideranças políticas da esquerda, religiosos e milhares de pessoas nas ruas pelo país afora em sua defesa, demonstrando assim, o poder do seu carisma no território político brasileiro.
         Entretanto, Lula está preso e passa a imagem simbólica para os alienados e desavisados, como sendo um grande troféu anticorrupção dado ao Brasil pelos operadores da Operação Lava-jato. Porém, os indivíduos mais conscientes sabem que não existe neutralidade política na Lava-jato, caso houvesse, o juiz Sérgio Moro não teria liberado os grampos telefônicos, em março de 2016, das conversas entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula, quando tratava da sua nomeação como Ministro Chefe da Casa Civil. Neste instante, o juiz Moro em vez de optar pelos autos, optou pelas manchetes da grande mídia nacional e da base de apoio anti-petista.
            No entanto, qualquer ser humano consciente e operador do direito coerente, sabe que a Constituição foi rasgada e os tramites do processo contra Lula foram atropelados. Portanto, a Operação Lava-jato pode ser considerada um assédio judicial e um atentado as instituições democráticas do Estado de Direito Democrático que estamos tentando consolidar no país após vinte anos de Ditadura Militar. Assim, a Lava-jato atinge as forças políticas de maneira desigual, demonstrado que não existe equidade política no processo de Lula e de outras lideranças petistas, mas sim, eliminação antecipada dos jogadores, ou seja, de quem vai sair primeiro do jogo político, neste caso, os da esquerda.
            Por sua vez, desde que o ex-presidente Lula se reelegeu a presidente e por duas vezes influenciou no processo político-eleitoral – sucessório – presidencial, impondo quatro derrotas seguidas as forças conservadoras do país – que representam a concentração de renda e o entreguismo das nossas riquezas, ficou demonstrado que quem tem os votos é o Lula, e não o PT. Dessa forma, ele estando fora da competição eleitoral, o outro nome que o partido indicar, poderá chegar ao segundo turno das eleições presidenciais, mas talvez, não consiga reunir a quantidade de votos necessários para chegar a ocupar o Palácio do Planalto.
            Desse modo, o PT terá que construir um projeto de curto – sobrevivência política, média – conquistas de espaços de poder nas escalas locais e regionais, e longo prazo – ampliar a representação no Congresso Nacional e voltar a ocupar o principal espaço de poder do país, ou seja, o Palácio do Planalto. Neste limiar, o partido está dividido em duas gerações: as lideranças partidárias que surgiram e se formaram politicamente durante os governos Lula e Dilma, sem espaço na máquina partidária, que convive com a velha guarda, uma geração anterior, da fundação do partido, e têm como principal objetivo, a sobrevivência política e a renovação do mandato.
       Portanto, o futuro do PT como grande partido de esquerda no território político brasileiro, parece estar na jovem guarda, projetar um futuro partidário consolidado nas escalas locais e regional. Neste caso, deixando de ser um partido apenas de movimentos sociais, para ser uma agremiação com maior representatividade nas câmaras municipais de vereadores, vice-prefeituras, prefeituras, assembléias legislativas, vice-governadorias, governos de estado, e o maior número possível, de deputados federais e senadores, para então, voltar a ocupar o principal espaço de poder do país de forma sólida, que é a presidência da República.
      Desse modo, a estratégia do PT de conquistar sua hegemonia por meio das eleições presidenciais deu errada, porque na escala local, ainda é muito forte as forças conservadoras e atrasadas do nosso país. Nesse caso, o fenômeno da ocupação do principal espaço de poder – presidência da República, não refletiu sua multiplicação na escala local e regional. Ficando provado que a estratégia do partido de dar prioridade apenas a corrida presidencial, fez com que Lula e Dilma governassem sem muita autonomia, ou seja, tiveram que conviver com um sistema político dominado por forças conservadoras e sustentado pelas elites em escala local e regional. Dessa forma, todos os avanços que tivemos a caminho de um Estado do Bem-estar Social, foram feitos com o consentimento daqueles que representa o atraso na matemática do poder.
        Para finalizar, a esquerda não pode se dividir em dois, três ou quatro polos de atração de eleitores e simpatizantes. Para derrotar o projeto neo-liberal de entreguismo das nossas riquezas as nações ricas – complexo vira-lata, que por anos exploram o Brasil e seu povo, se faz necessário que todas as forças internas do PT  se organizem a partir dos destroços deixados pela Operação Lava-jato e o Golpe Parlamentar de 2016. Do contrário, o partido cometerá o mesmo erro que cometeu com a “Carta Brasil” e com as políticas de alianças realizadas no passado com setores de direita para poder governar o país.

sexta-feira, 30 de março de 2018

Os atos de violência a caravana de Lula expõe o nazi-fascismo nacional

     Não estava previsto, mas diante das agressões que a Caravana do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva sofreu durante seu percurso pelos três estados – Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, do sul do Brasil, fez de Curitiba, a capital suprapartidária contra a violência e em defesa da democracia, mediante os ataques nazi-fascistas a caravana petista. O ato no centro da capital paranaense na quarta-feira (28 de março), contou com a participação de Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’ávila (PCdoB), ambos pré-candidatos à presidência, e de membros de outras legendas como o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Partido Democrático Trabalhista (PDT).
     A ação de violência e agressões programadas por indivíduos ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL) e de uma parcela privilegiada da sociedade brasileira, como pequenos, médios e grandes comerciantes, produtores rurais e industriais - todos pertencentes à elite dos três estados do Sul, que podem ser considerados de extrema direita, financiaram os ataques e colocaram em risco a vida do ex-presidente Lula e dos que exerciam o direito democrático de participação cidadã na política. Dessa forma, os episódios de violência e agressão podem ser considerados como levantes nazi-fascistas contra a democracia brasileira.
     Passado os fatos, o que mais impressiona é o grau de organização do nazi-fascismo nos estado do Sul do Brasil, ou seja, verdadeiras milícias organizadas e com grande precisão de serviço de inteligência. Além de marcar posição no território político seguindo os ônibus da Caravana, os ativistas de extrema-direita se aproveitaram da omissão das polícias estaduais e federais para perseguir os ônibus e promover os ataques. Por sua vez, a grande imprensa nacional formada pela Rede Globo, Folha de São Paulo, Estadão de São Paulo, Revistas Veja e Isto É, Rádios Jovem Pan, Bandeirantes e Globo, tentavam passar aos telespectadores, leitores e ouvintes, uma falsa ideia de ser apenas uma disputa ideológica, ou seja, um confronto natural entre petistas e oposicionistas.
     O confronto que mais chamou atenção os tiros disparados contra o ônibus que levava os jornalistas na noite de terça-feira (27/03) no estado do Paraná, que perfurou a lataria e não houve registro de feridos. Contudo, a extrema-direita através de fakenews nas redes sociais, tentou atribuir o atentado a bala ao próprio PT, ou seja, este último com a intenção de se passar por vítima.
     Diante dos fatos, o ministro Raul Jungamnn (PPS) do recém-criado Ministério da Segurança, limitou-se a dizer que os tiros contra os ônibus são “inaceitáveis”, sem colocar a Polícia Federal para investigar o crime. Entretanto, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao comentar o caso, disse que o petismo “está colhendo o que plantou”. Portanto, não é de se estranhar a fala do ministro golpista e do governador tucano diante do aumento no assassinato de líderes sociais e de chacinas contra pobres nas periferias e capitais do Brasil após o Golpe Parlamentar contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
    Neste sentido, a equipe de segurança do ex-presidente Lula e a presença massiva dos movimentos sociais como o MST e a CUT, garantiram a integridade física do ex-presidente e dos caravaneiros quando houve arremesso de pedras, ovos e outros objetos em direção aos ônibus e participantes dos atos públicos para saudar a Caravana de Lula pelo Sul. Além de promover resistência a tentativa de invasão por parte dos militantes da extrema-direita ao hotel em Chapecó (SC), em que estava hospedava as lideranças petistas.
     Não é de hoje que o Brasil vivência conflitos e tensões nas campanhas eleitorais e nos dias das eleições. É uma prática recorrente desde a época em que o fenômeno do coronelismo dominava o território político em escala local, regional e nacional. Sempre houve exploração de mentiras, disseminação de boatos e direcionamento midiático a favor de determinados grupos políticos de direita no país. Portanto, o levante nazi-fascistas no Sul do país, podem ser considerado um marco histórico e o prenúncio do clima de ódio e violência a ser enfrentado pelos brasileiros na próxima eleição de outubro.
    Por fim, à direita e extrema-direita deve entender que a “ficha” caiu para maioria dos brasileiros, ou seja, perceberam que foram enganados com o Golpe Parlamentar de 2016 que derrubou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) da presidência da República. Os nazi-fascistas precisam compreender que não se ganha eleição com violência, agressão, disseminação do ódio, ataques a movimentos sociais, militantes partidários de esquerda, mulheres, negros, professores etc., mas lançando candidatos competitivos para ser avaliado pelo eleitor e obter, possivelmente, resultados positivos nas urnas. Assim, é preciso uma tomada de consciência por parte dos brasileiros, no sentido de não perdemos nossas brasilidades por conta da proliferação do nazismo e fascismo travestido de nazi-fascismo no Brasil.

quinta-feira, 8 de março de 2018

Criatividade para conquistar a si mesmo

     No presente post, vamos fazer uma reflexão inicial em torno de um personagem polêmico da filosofia – amado ou odiado quando estudado com profundidade. Friedrich Nietzsche que nasceu na Prússia, atual Alemanha, se tornou polêmico por escrever sobre o “perspectivismo”, a “vontade de poder” e a "morte de Deus". Por sua vez, não é um filosofo fácil de compreensão, ou seja, difícil de entender os conceitos colocados em evidência para nossa reflexão.
     Nietzsche possui uma obra bastante extensa e no Brasil temos pouquíssimos especialistas que estudam esse filósofo. Dessa forma, existem muitas interpretações equivocadas e erros conceituais em relação as suas ideias e pensamentos que ele escreveu.
     Passado algum tempo, relembrei da orientação do meu orientador do mestrado, o Prof. Dr. Josué da Costa Silva, este me orientou a realizar leituras sobre Nietzsche. Porém, mesmo tendo feito a leitura da obra “Assim Falou Zaratustra”, o tempo foi insuficiente para refletir os textos críticos em torno da “afirmação da vida” desse importante filósofo alemão.
     Entretanto, o presente post é uma “pontinha” do iceberg do pensamento de Nietzsche e não vamos conseguir esgotar nossa reflexão em torno da sua obra numa única publicação. Dessa forma, existe a vontade de ampliar a leitura no sentido de despertar uma melhor compreensão em torno da “cultura ocidental” e suas “religiões”, assim como a “moral judaico-cristã”, que foram temas comuns nos livros que escreveu.
     Para quem deseja aprofundar estudos das ideias de Nietzsche, inicialmente, deve realizar algumas leituras de especialistas que se debruçaram sobre suas obras. Sugiro, que por conta da sua forma de escrever, ou seja, exibindo uma predileção por “metáfora”, “ironia” e “aforismo”.
     Desse modo, quando Nietzsche escreve uma frase, nela já carrega uma ideia por trás – um conceito, por isso o leitor precipitante precisa fazer uma leitura bastante atento e caso seja necessário, fazer uma releitura do que leu como forma de compreender com clareza as ideias do filósofo em voga. Por exemplo, quando lemos o aforismo: “ouse conquistar a si mesmo”, existe uma ideia que se faz necessário uma profunda reflexão por parte do indivíduo que ler.
     “Assim Falou Zaratustra” é o livro mais famoso escrito por Nietzsche, por sua vez, a obra evidencia que ele é um filósofo extremamente ácido, ou seja, não escreve para agradar as pessoas, é bastante contundente nas suas críticas e costumava dizer que fazia filosofia com um “martelo”. Portanto, escrevia sem levar em consideração as críticas, não queria saber se estava agradando ou não quem estava do outro lado.
    Desse modo, Nietzsche terminou “comprando” brigas e fazendo muitas “inimizades”, enfrentou grandes turbulências na sua vida devido as suas ideias e dos textos escritos criticando a sociedade da época em que ele viveu – Europa do século XIX. Assim, a leitura das suas obras permite concordar ou discordar dos conceitos e ideias do filósofo, porém, devemos levar em consideração o período em que foram escritos.