quinta-feira, 31 de maio de 2018

Crepúsculo dos Ídolos, de Nietzsche


          Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um filósofo, escritor, poeta e filólogo alemão, um dos mais importantes do século XIX. Escreveu “Crepúsculo dos Ídolos”, “Assim Falava Zaratustra”, “Genealogia da Moral”, “Além do Bem e do Mal” e “O Anticristo”, dentre outras grandes obras. “Na Universidade de Leipzig, a sua vocação filosófica cresce. Foi um aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, e aos 25 anos é nomeado professor de Filologia na Universidade de Basiléia[i]”. Passou uma década em contanto com o pensamento grego antigo, no mesmo período, desenvolveu a sua filosofia.
            Em 1879, Nietzsche teve problemas com a voz e com seu estado de saúde agravado, obriga-o a deixar de ser professor. “Começou uma vida errante em busca de um clima favorável, tanto para sua saúde como para seu pensamento […]. Escreve em um ritmo crescente, mas este período termina brutalmente em 03 de janeiro de 1889 com uma crise de loucura que, durou até a sua morte […]”. “O sucesso de Nietzsche, entretanto, só veio quando um professor dinamarquês leu a sua obra ‘Assim Falou Zaratustra’” e, em 1888, tratou de difundi-la. Muitos estudiosos da época tentaram localizar os momentos em que Nietzsche escrevia com crises nervosas ou sob efeito de drogas. Friedrich Nietzsche faleceu em Weimar, Alemanha, no dia 25 de agosto de 1900[ii].
            Contudo, ainda hoje, Nietzsche é criticado e considerado como gênio ou como louco, mas há de convir, que suas obras com mais de cem anos de existência, são grandes clássicos que estão presentes nas pesquisas científicas e filosóficas. Desse modo, não se poder negar o pensamento nietzschiano, pois ele representa a ruptura de rigor metodológico da tradição científica cartesiana de mais de duzentos anos de existência.
            Nesse limiar, a filosofia desenvolvida por Nietzsche, a princípio, ametódica[iii], utilizando uma linha de raciocínio lógico e uma estrutura textual totalmente nova e conhecida como aforismo - conduzir a vida sem valores superiores. Sua forma de escrever permitiu reconstruir e recriar a Filosofia, ou seja, criar ideias, quebrantando preconceitos e reconstruindo uma nova forma de pensar o ser humano. Portanto, o filósofo Nietzsche não busca a verdade, mas ele nos leva a questionar sobre as nossas crenças, preconceitos, prejuízos e convicções. Isto se dá na medida em que propõe novas formas de agir e sentir.
            O pensamento nietzschiano tem por objetivo a criação de uma nova cultura – no mundo decadente em que vivia, ou seja, Nietzsche entende que a cultura ocidental de maneira geral, produziu um ser humano que pode ser comparado a um animal doente que não contribui para expansão da vida, mas para sua degeneração, precisando então, retomar em suas mãos, as rédeas do destino da humanidade, no sentido de contribuir para o surgimento de um ser humano sadio e forjado por uma filosofia de valores.
            Para o filósofo, construir e criar novos valores significa concorrer para uma transformação radical da cultura ocidental e, portanto, para o aparecimento de um novo ser humano. Assim, Nietzsche vai colocar sob suspeita a nossa maneira de pensar, agir e sentir, a se questionar e a forma como buscamos a verdade, o que podemos considerar uma das suas maiores provocações. 
            Segundo Nietzsche, a busca pela verdade pode induzir a erros, mas pode levar a atitudes cínicas e hipócritas, que não contribui para o aprimoramento da espécie humana. Nas suas obras não encontramos longas e minuciosas argumentações, diferentemente de outros filósofos, ele se comunica por meio de aforismo – frases curtas e pequenos parágrafos. Por sua vez, ao escrever o que vem a sua cabeça, ele vai procurar fazer com que seus leitores incorporem de alguma maneira sua proposta de mudança de civilização.
            Desse modo, ao adotar a escrita literária como forma de expressão das suas ideias - niilismo, o filósofo alemão provocou (e ainda provoca) polêmicas com seus escritos que defendiam a desconstrução de todos os pilares fundamentais da ética e da moral do Ocidente. Assim, o título “Crepúsculo dos ídolos” é uma paródia de uma ópera de Wagner intitulada de “Crepúsculo dos deuses”. No subtítulo, a palavra “martelo” deve ser entendida como uma marretada nos ídolos, que ao tocar as estátuas dos ídolos, no intuito de comprovar que são ocos. Para isso não poupou ninguém: desmistificou Deus - a entidade antropomórfica judaico-cristã, e até os valores do povo alemão.
            Todavia, Crepúsculo dos ídolos foi a penúltima obra de Nietzsche, escrita e impressa em 1888, pouco antes de o filósofo perder a razão e ficar sob os cuidados da sua mãe e da irmã. A obra é uma síntese e introdução de tudo que produziu, e ao mesmo tempo uma “declaração de guerra”. É com espírito guerreiro que ele se lança contra os “ídolos”, as ilusões antigas e novas do Ocidente: a moral cristã, os grandes equívocos da filosofia, as ideias e tendências modernas e as quem defende, ou seja, seus representantes. De tão variados e abrangentes, esses ataques compõem um mosaico dos temas e atitudes do autor: o perspectivismo, o “aristocratismo”, o realismo ante a sexualidade, o materialismo, a abordagem psicológica de artistas e pensadores, o antigermanismo, a misoginia.
            Para Nietzsche, o martelo talvez seja sua melhor metáfora por não ter tido receio de colocar o dedo nas feridas da sociedade tradicional carregada de tabus. Sua ousadia original em apontar a decadência de todos os conceitos enraizados na religião é avassalador no “Crepúsculo dos Ídolos”. O ponto interessante a se fazer para o livro é que, embora ele seja largamente lido na área de humanas, pouca gente realmente interpreta o que está lendo, pois alguns insights são difíceis de retirar. Isso faz do livro ao mesmo tempo popular (conhecido) e obscuro (pouca gente extraiu o verdadeiro conhecimento dele).

REFERÊNCIAS

NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos Ídolos, ou Como se filosofa o martelo. Tradução, notas e prefácio: Paulo César e Sousa. – 1ª ed. - São Paulo: Companhia de Bolso, 2017.



[i] NIETZSCHE, Friedrich. Disponível em: http://pensador.uol.com.br/autor/friedrich_nietzsche/biografia/. Acesso em 25 mai. 2018.
[ii] NIETZSCHE, Friedrich. Disponível em: http://pensador.uol.com.br/autor/friedrich_nietzsche/biografia/. Acesso em 25 mai. 2018.
[iii] É quando não se tem método de organização. Não tem uma organização correta, não sabe o que fazer primeiro, deixa tudo desordenado, bagunçado.

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