quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Quando somos territórios dos outros



            Mulher de meia idade, Maria estava sensibilizada na noite de Natal e fez uma introspecção de si mesmo. Logo descobriu não ser uma pessoa feliz por ter casado com o namorado que não amava, de ter feito a faculdade que não desejava e de atuar numa área que não a realiza profissionalmente.
            A personagem Maria vive arrodeada de pessoas e ao mesmo tempo se sente sozinha, por viver num território de emoções construído por outras pessoas. Ou seja, vivência um espaço que não é seu. Essa pessoa se transformou num território da vontade dos outros e da satisfação alheia. Vivendo para corresponder as expectativas das outras pessoas e não de si própria.
            Maria não viveu seu próprio sonho! Não lhe foi dada a oportunidade por seus pais de viver o sonho que a mesma tinha para ela. Nesse caso, seus pais confundiram orientação com realização de si no espelho mais próximo, que foi a filha Maria. Esse tipo de caso não é de hoje, muitos pais fazem isso, não deixando os filhos descobrirem e vivenciar seus próprios sonhos.
            Por isso, não se deve fazer dos filhos, territórios de emoções de si próprio, ou seja, invadido, dominado e o escravizando para sempre. Então, é preciso descobrir o verdadeiro sentido para ser feliz. Nesse caso, a felicidade deve se acompanhar de amor, sentimento esse que significa construção, aperfeiçoamento, realização pessoal e viver com qualidade humana.
            Infelizmente, Maria é um personagem que se deixou ser invadida, é ausente de si mesmo, vivendo uma história que não é sua, e pior, achando que não dar tempo refazer sua trajetória no mundo líquido moderno o qual vivenciamos. É correr um risco, mas um risco que se leva ao verdadeiro caminho da felicidade.
            Assim, é preciso está sempre aberto a ouvir bons conselhos, a receber a luz que iluminará os caminhos que se deseja seguir. Receber conselhos de pessoas que verdadeiramente nos ama, é possuir um bom referencial para não continuar vivendo a emoção do outro em si mesmo.
            Existem motivos reais para se viver em plena felicidade, sem se deixar viver a felicidade dos outros. Ter a coragem de assumir com virtude o recomeço de uma nova caminhada sem estar ausente de si mesmo. Se permitir a fazer escolhas que não o leve a caminhar em círculos a vida toda. Então, se faz necessário desconstruir tudo de uma só vez, vencendo a miséria de não ter vivenciado o seu próprio sonho, por não saber dizer sim ou não para si mesmo.