domingo, 17 de outubro de 2010

Que Brasil é esse?

Nos dias atuais, é preciso ter coragem para mergulhar numa profunda reflexão sobre o Brasil de contrastes sociais e avaliar a formação cultural do seu próprio povo. Assim, começamos a nos perguntar: que Brasil é esse? Onde faltam leitos hospitalares para os enfermos e doentes e se encontra fechado o hospital de grande porte em nossa cidade, que é o hospital Santa Isabel; Que Brasil é esse? Que pagamos juros de 15 a 25% ao mês as financeiras e instituições bancárias, quando na realidade a inflação do país não passa de 10% ao ano; que Brasil é esse? Que pequenos proprietários de terras ou até mesmo posseiros já com seus lotes legalizados doados pelo governo, vendem e continua invadindo as terras dos outros; Que Brasil é esse? Que temos que suportar mais de 40 minutos em média numa fila de banco ou qualquer órgão público e ainda sermos mal atendidos pelo mau humor do funcionário ou pela arrogância, para não transparecer a sua incompetência; Que Brasil é esse? Que o eleitor procura o vereador ou qualquer pessoa de influência junto ao prefeito para dar seu n° de inscrição no concurso público municipal, para que com apadrinhamento consiga ser aprovado; Que Brasil é esse? Que a maioria das crianças, adolescentes e jovens se prostituem ou rouba para sobreviver e a nossa sociedade não se organiza para dar a solução ao problema; Que Brasil é esse? Que filhos de papai em sua maioria estudam na universidade pública porque tem condições de pagar bons colégios e cursinhos para se preparar para o vestibular; Que Brasil é esse? Que os bandidos estão mais armados do que a própria polícia; Que Brasil é esse? Que temos que ver milhares de jovens se drogando e se tornando flagelos sociais; Que Brasil é esse? Que os jovens quando termina o seu 2° grau ou o seu curso superior e quando vão enfrentar o mercado de trabalho, as empresas exigem um ano de experiência na carteira profissional; Que Brasil é esse? Que são destinadas verbas fabulosas para proteger o meio ambiente, enquanto a agricultura esta completamente abandonada; Que Brasil é esse? Que o adolescente por diversão ateia fogo em índio e mendigos que dormem na rua e ficam impunes; Que Brasil é esse? Que todos que roubaram a previdência social, estão cumprindo pena em liberdade ou estão instalados em confortáveis selas; Que Brasil é esse? Que o professor vai para a sala de aula inconformado com o salário que recebe; Que Brasil é esse? Que os programas interativos na TV de péssima qualidade e de formação de opinião, são os campões em audiência. Afinal de contas se for continuar com a nossa reflexão, teríamos que utilizar todas as páginas do jornal, pois são inúmeros os problemas do nosso Brasil. Assim, que Brasil é esse?

Herbert Lins de Albuquerque
Acadêmico de Licenciatura Plena em Geografia/UEPB
Publicado no Jornal Correio da Paraíba, sábado, 28 de fevereiro de 1998.

O Desafio da Juventude Brasileira

A juventude Brasileira de hoje encontra-se totalmente confundida por este sistema econômico que lhe foi imposto, restando-lhe, como única alternativa de melhoria de vida. Então, o grande desafio dos jovens é lutar por uma sociedade mais justa, pondo fim a todas as formas de exploração pela política econômica do FMI.
Sabemos que, durante o Regime Militar, não só a sociedade, mas o país também passou por grandes mudanças. Essa mudança estrutural da sociedade brasileira foi possível graças à grande expansão e modernização industrial devido ao intenso crescimento urbano. Com o Golpe Militar, a juventude ficou praticamente sem nenhuma atuação política, pois tornou-se parte de uma sociedade amordaçada, oprimida e reprimida, sendo assim, posso afirmar que os jovens de ontem, que lutaram pelo fim de todas as crueldades impostas pela Ditadura Militar, não souberam preparar seus filhos, a juventude de hoje, para enfrentar o presente e o futuro.
Uma juventude que poderia proporcionar mudanças significativas para atual realidade em que o nosso país se encontra mergulhado numa profunda crise política e econômica. Na verdade, a juventude de hoje refere-se a uma decepção quanto à maneira como o Brasil foi conduzido no passado e a uma violenta revolta contra o modo pelo qual é dirigido no presente por uma classe política totalmente corruptível.
A juventude está cada vez mais vulnerável aos nossos valores culturais. Mudou inteiramente o seu comportamento social, ou seja, uma juventude “americanizada”, alienada, com maneiras irrealistas de pensar, agir, viver, etc.
O jovem deve procurar resolver os seus problemas, na maioria das vezes, com o uso de drogas, o alcoolismo, fumo, pegas etc. Mas toda essa situação recai sobre os pais, que deveriam identificar a juventude como futuros dirigentes da nossa nação. Precisamos urgentemente promover situações que mobilize a juventude a lutar por uma nação livre, sem injustiças sociais, se é que queremos mudanças ao velho “Brasil Novo”. 
Mas, na verdade, estas transformações e situações quem deveria proporcionar era os pais conjuntamente com seus filhos, lutando pelo resgate da nossa cultura própria, pondo fim à imposição cultural de costumes feita pelos países desenvolvidos, especialmente “EUA”, como também os nossos meios de comunicação (Globo), que são os maiores veículos de transmissão de idéias, pensamentos e dos interesses dos “Donos do Poder”. Como a própria psicanalista Ana Freud afirmou que, “É normal para a juventude se comportar de maneira inconsciente e não-previsível. Lutar contra seus impulsos e aceitá-los; ter vergonha de reconhecê-los perante outros e querer conversar com eles, identificar-se e imitar os outros enquanto procura uma identidade própria. O jovem é idealista, artístico, generoso e pouco egoísta como jamais o será novamente, mas também é o oposto, egoísta, calculista, auto-centrado”.
Então, urge que, nossos pais percebem a responsabilidade que cabe a eles, que é a de procurar nos orientar a lutar pelo fim desta ditadura econômica imposta a nós pelos países imperialistas e ao modelo desta atual sociedade cheia de preconceitos e, aparentemente burguesa, estabelecendo como principal compromisso o resgate da maioria dos jovens de níveis diversos de pobreza, miséria, prostituição e marginalidade.

Herbert Lins de Albuquerque
Estudante do Colégio Pré-Universitário - CPU
Publicado no Jornal O Combate,
 João Pessoa, de 02 a 08 de agosto de 1992.

O socialismo acabou?

O Socialismo acabou? Não! O socialismo não acabou, acredito que nesta época em que o capitalismo ainda se encontra promovendo através de toda a imprensa mundial o “fim do socialismo”. Na verdade é que apenas entrou numa fase de transição, ou seja, se encontra atravessando uma fase de abertura política e econômica, buscando um novo segmento de propostas a esclarecer, informar e encontrar solução de todos os problemas e conflitos perante seu povo.
                O socialismo do Leste Europeu não acabou, apenas entrou em um novo caminho da sua história, marcando mais uma vez a sua plenitude e sendo consagrada mundialmente de defensor da paz e de uma nova ordem política, econômica, social e cultural.
                Pensar que o socialismo tornou-se no nosso século a construção de um novo sistema totalmente inovador, passando e superando mais uma vez à frente do capitalismo sujo e sucateado que se encontra mascarado com a falsa realidade social apresentada por eles, devedor aos países que o adotam permitindo a legitimação da exploração e dominação, deixando cada vez mais pobre os países subordinados a esse regime reacionário e imperialista.
                Aqueles que tentam a sua libertação ou independência, sofrem uma invasão militar, ou seja, o terrorismo por intermédio do falso pelo verdadeiro, o injusto por justo, ocorrendo a ilusão da fabricação de uma história imaginária tendo a origem de um mecanismo de fins e efeitos sociais, a economia selvagem e a política entreguista, que é imposta pelo capitalismo que não consegue acabar com a doutrina “socialista”.

Herbert Lins de Albuquerque
Estudante do Colégio Arquidiocesano Pio XII
Publicado no Jornal O Norte na Coluna Opinião do Leitor,
 João Pessoa, segunda-feira, 07 de janeiro de 1991.