domingo, 26 de dezembro de 2010

Tarcisio Burity, divagando em minhas lembranças (Parte IV)
           
          A conversa tava boa entre meu pai, o Coronel Lins e Dr. Burity, afinal, estávamos ali com um único objetivo, convencer o homem sair ao senado pelo PFL coligado com o PDT. Assim, em meu silêncio continuava relembrando da minha modesta participação no movimento estudantil no final da década de 1980.
            Então saindo da Lagoa, passamos pela Avenida Diogo Velho, chegando ao cruzamento com a Avenida Pedro II, seguimos a Praça João Pessoa, sede dos três poderes estaduais. Lá chegando, fomos nos acomodando de todo jeito e a nossa passeata tomou conta de toda a praça, não encontramos nenhum obstáculo ou resistência, a não ser, uma dúzia de soldados na frente do Palácio do Governo, do Palácio da Justiça e da Assembléia Legislativa.
            Os carros de som e o trio elétrico, logo foram posicionados em frente à Faculdade de Direito, meio atravessado, para que pudesse chegar aos ouvidos dos deputados estaduais e do governador, as palavras de ordem pronunciadas como um disco arranhado tocado em uma radiola.
            Logo apareceram uns deputados pedindo que formasse uma comissão dos líderes da greve, eu fiquei sentado nos batentes da escadaria que dava acesso as dependências da Assembléia Legislativa, afinal, já teriam mais líder do que manifestantes. Preferi ficar presente apenas de corpo e lama, descansando da caminhada que teria sido longa debaixo de um sol escaldante, fiquei por ali, observando tudo e fazendo minha leitura visual e mental de tudo que estava acontecendo, foi quando de repente, vi aqueles estudantes que estavam sentados ao meio fio e no asfalto quente das ruas em torno da praça, levantando-se rapidamente e dos microfones mudaram o tom dos discursos, afirmando que o movimento era pacifista e o único desejo era que a comissão da greve fosse recebida pelo governador, pois pelo presidente da Assembléia Legislativa já teria recebido o documento reivindicatório do movimento.
            Mas logo vi que algo iria dar errado, quando vi todos se espremendo em direção ao centro da praça, a minha curiosidade se aguçou, levantei-me rapidamente para ver o que estava acontecendo e ao cruzar o primeiro batente, o tenente Wolgrand Filho segurou-me pelo braço e pediu que o acompanhasse. Fiquei olhando sem entender, mas fui obediente, afinal, seu pai, o Coronel Wongrand era homem de confiança do meu pai quando exerceu a função de Comandante Geral da Polícia Militar do Estado da Paraíba.
            Mas chegando ao hall da Assembléia Legislativa, perguntei ao Tenente Wolgrand o que estava acontecendo, foi quando as portas da Assembléia Legislativa se fecharam e apenas das janelas de vidro, pude assistir ao massacre da massa estudantil, promovido em plena luz do meio dia pelo Pelotão de Choque comandado pelo Tenente Kelson Pio Chaves, que anos depois se tornou Comandante Geral da Polícia Militar no Governo Cássio Cunha Lima em substituição ao Coronel Lima Irmão.
            Nada pude fazer, apenas assistir de camarote a tudo, meus olhos fitavam as portas da Assembléia Legislativa com reforço policial para que não fosse refúgio de ninguém e imediatamente meus olhos se voltava para o centro da praça, assistindo os soldados do choque batendo, espancando, passando por cima de todos e de tudo a sua frente, os cassetetes, escudo e cavalos me fazia lembrar o romantismo das aulas de história antiga, ou seja, as batalhas que deram origem ao Império Romano.
            A Paraíba não teria presenciado ato tão selvagem durante muitos anos, a única lembrança que se tinha registrado em livros e jornais da época, era a tentativa da invasão da Faculdade de Direito dos Anos de Chumbo. A ação foi rápida, muitas estudantes sendo pisoteado, o corre-corre ara grande, mais todas as saídas da Praça João Pessoa estavam fechadas pelo Pelotão do Choque, virou uma grande Arena Romana, os soldados era os leões soltos e os estudantes a presa fácil. Minha mente fervilhava e Dr. Burity já percebia que eu desejava falar algo, pois deixe a minha inquietação ser percebida ao lembrar-se do grande massacre aos estudantes na Praça João Pessoa em seu segundo governo.

João Pessoa, 26/12/2010 

domingo, 19 de dezembro de 2010

Tarcisio Burity, divagando em minhas lembranças (Parte III)
                        
        Saí logo cedo de casa, peguei o primeiro ônibus da manhã que saía do bairro sentido centro, não esperei a carona do meu pai, pois a minha mente só estava voltada para ação da greve e mal tinha dormido direito, a ansiedade era grande e tinha que chegar primeiro, para evitar a entrada dos estudantes nas escolas.
            O ônibus passava pela Praça da Independência, sentido Lagoa (Parque Solon de Lucena), da janela já avistei o carro de som, cedido pela CUT-PB em frente ao Colégio Marista Pio X e poucos estudantes do Colégio IPEP, Anglo, Luíz Gonzaga Burity e alguns vestidos todos de branco, que representavam a Escola de Enfermagem Santa Emília de Rodat. Misturavam-se com os alunos do Marista que chegavam e não entravam devido aos cadeados colocados pelo comando de greve nos portões da escola.
            O itinerário do ônibus seguia sua rota normal, passando pelo Lyceu Paraibano e Colégio Olivina Olivia, a concentração já era maior e o trio elétrico já fazia barulho com palavras de ordem. Chegando a Lagoa, desci do ônibus e logo segui as ruas sentido ao Largo de São Francisco, na lateral do Colégio Arquidiocesano Pio XII, estava lá como combinado, o carro de som do Sindicato dos Bancários e os alunos que se aglomeravam eram convencidos a não entrar e seguir na grande passeata programada para logo mais com a finalidade de baixar o percentual do aumento das passagens dos coletivos urbanos.
            Já eram oito horas da manhã, saímos no sentido contrário da Avenida Visconde de Pelotas, embalados nas músicas de Geraldo Vandré, Engenheiros do Havaí, Titãs e Legião Urbana. Não podiam faltar às palavras de ordem, todos seguiam a canção e as faixas pedindo o fim do aumento das passagens dos coletivos urbanos de João Pessoa.
            Nós do comando de greve vínhamos na frente da passeata, embalando a greve com as palavras de ordem e fazendo discursos, quando chegamos ao Cinema Municipal, descemos sentido a Lagoa e logo chegando ao Magazine Mesbla, vimos à grande massa de estudantes no anel interno da Lagoa. Mas para nossa surpresa, não vimos um movimento pacifista como combinado, presenciamos sim, um enorme corre-corre, pedras e paus sendo atirados em direção aos ônibus, pessoas machucadas e por fim um ônibus incendiado.
            Fiquei perplexo, logo me voltei para Adriano, pois aquele não era o cenário desejado. Estava presenciando uma verdadeira praça de guerra e não era o programado por todos nós, era preciso segurar o nosso lado para não se envolver no conflito. Logo pedimos aos demais colegas para segurar a passeata no sinal do Edifício Vina Del Mar e saímos à procura dos líderes da UJS, defrontamos logo com Bené e aos gritos dissemos que tinha que acabar com o quebra-quebra, pois o nosso movimento tinha fins reivindicatórios de conduta pacifista e nossas reivindicações cairiam por terras se providências enérgicas não fossem iniciadas para acabar com o quebra-quebra, pois a imprensa e a opinião pública ficariam contra o movimento, afinal, seriamos considerados arruaceiros, bandoleiros e baderneiros.
            Logo Bené aos gritos dizia que também não entendia o que estava acontecendo, afinal, não sabemos de onde saiu tantas pedras e pedaços de paus, estava tão perplexo como nós. A polícia já chegava timidamente e sirenes de ambulâncias já chegava aos nossos ouvidos. Então disse a ele, temos que avançar, a passeata tem que seguir, não devemos ficar parados aqui, coloca os carros de som para andar e assim foi feito, logo cruzamos o sinal do Vina Del Mar e seguimos pelo anel interno da Lagoa em direção a Praça João Pessoa.

João Pessoa, 19/12/2010.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Tarcisio Burity, divagando em minhas lembranças(Parte II)

Enquanto Dr. Burity falava do gosto pelas artes, seguido das suas ações de governo, a conversa tomava corpo entre ele e meu pai, o Cel. Lins, os dois conversavam enquanto eu fiquei divagando em minhas lembranças de adolescente, da minha passagem rápida pelo movimento estudantil secundarista, da minha contribuição na primeira participação na organização de uma das maiores greves estudantil já ocorrida em João Pessoa, que teve como bandeira de luta, o aumento abusivo das passagens dos coletivos urbanos e que deu origem a SETUSA, uma das ações do segundo governo Burity em resposta ao empresariado do setor de transporte coletivo da capital paraibana.
Os dois conversando e minha memória se voltava para a escadaria de madeira do Colégio Arquidiocesano Pio XII, lá era os encontros dos rebeldes, quem comandava as reuniões era o jovem Adriano, ele tinha despertado para a política estudantil mais cedo. Ficava a ouvir a fala dos presentes, pensava primeiro, sugestionava depois. Vinham em mim os passos dados por Lênin, Trótski, Fidel, Mao Tse-tung, Lincoln e tantos outros que fizeram movimento popular e que culminou com grandes revoluções, deixando um legado na história contemporânea.
Eu pensava comigo, viver a organização de uma greve, minha mãe dizia que eu parecia tanto com meu pai, tanto em semelhança, quanto nas idéias. Realmente, seus livros, suas palavras, seus pensamentos e suas afirmações, me fez um jovem diferente dos demais da época. A maioria dos jovens da minha geração se preocupava em adquirir o tênis rebook, o vídeo game mega-drive, a bicicross, horas intermináveis de filmes em seus vídeos-cassetes etc. Esqueciam das partidas de futebol de rua, das grandes jogadas de dama, das pipas, das pescarias, das peças teatrais, dos encontros de fim de tarde para jogar vôlei ou futsal nas quadras de esporte espalhadas pelos bairros, às mudanças dos jovens da época eram visíveis, ou seja, a geração fast-food iniciava-se.
Todos os líderes das escolas públicas e privadas estavam sendo mobilizados e orientados para disseminar a idéia entre os estudantes. A greve teria três pontos de concentração: Praça da Independência, Lyceu Paraibano e Praça São Francisco. O arrastão teria início na Praça da Independência seguindo na contra-mão da Avenida Walfredo Leal no intuito de liberar os estudantes do Colégio Marista Pio X, do Luiz Gonzaga Burity, 2001 – Cepruni, Colégio Objetivo e seguiria para Praça São Francisco, para encontrar-se com os alunos dos Colégios João Paulo II, Nossa Senhora das Neves e o Pio XII, para depois seguir na contra-mão da Avenida Visconde de Pelotas e desceria na Avenida Almirante Barroso, sendo o ponto de encontro, o lendário magazine Mesbla da Lagoa, com os estudantes oriundos da concentração do Lyceu Paraibano, para então, seguir a Praça João Pessoa, sede dos três poderes do Estado.
O cenário todo desenhado na mente dos revolucionários mirins e só faltavam provar na prática a estratégia traçada. A minha mente borbulhava de lembranças vendo Dr. Burity conversando com meu pai, minhas idéias flertavam com suas palavras e sentia que ainda não era o momento para interromper, apenas ouvir, pois aprenderia mais, afinal, não se tratava de dois homens comuns na minha frente, se tratava de um cientista da política e do direito, com sua história de militância política que representou no passado a UDN e a ARENA, ou seja, Dr. Burity, de professor chegou a ser governador pelas mãos da Ditadura Militar. Já o outro, economista e apaixonado pelas causas do homem simples do campo, que em seu passado estava gravado o PSD e o MDB, era o Cel. Lins, considerado marxista, que na sua adolescência teria vendido caldo-de-cana na feira e chegou a ser Comandante Geral da Polícia Militar do Estado da Paraíba, coincidência ou não, ambos eram do Ingá, terra das Itacoatiaras.

Porto Velho, 12 de dezembro de 2010.

domingo, 28 de novembro de 2010

Tarcisio Burity, divagando em minhas lembranças (Parte I)
            Se o ex-governador da Paraíba, Tarcisio de Miranda Burity estivesse vivo, hoje, 28 de novembro de 2010, estaria completando 72 anos de vida. Homem erudito, das letras, do pensamento vivo, dos grandes discursos, das grandes frases de efeito e das grandes obras, quando governou por duas vezes a Paraíba.
            Conheci o ex-governador Burity, no seu escritório localizado na Avenida Epitácio Pessoa, num subsolo de uma galeria comercial. Estava acompanhado do meu pai, o Cel. Lins, que não queria ir ao encontro, devido às lembranças que guardava do ex-governador. Durante todo o trajeto de casa até ao escritório de Burity se perguntava em voz alta, como poderei ir ao encontro de quem passei a vida toda combatendo, eu do MDB e ele da ARENA. Lembrando do confronto com o Cel. Mardem (do Exército que comandou a PM/PB) na primeira greve da Polícia Militar do Estado da Paraíba por melhores condições de trabalho, da quebra do Paraiban (banco do Estado) e de seis meses de salários atrasados, nossa, um discurso incansável.
Eu dizia ao meu pai, “o senhor o conhece desde o Ingá, de quando foi comandante do Batalhão em Patos, preciso de sua presença, de sua retórica, preciso conhecê-lo, incentivar a sua candidatura ao senado, o PDT paraibano precisa dessa aliança, precisa virar governo e o senhor faz parte da construção do nosso partido, afinal, cheguei a ele por suas mãos e sabendo que o Ex-governador Burity esta no PFL e sendo candidato ao senado, pode vir a dar uma grande contribuição a Chapa com Lúcia Braga(PDT) e Raimundo Lira(PFL)”.
Meu pai vinha de novo bombardeando com suas perguntas, o caminho parecia ficar ainda mais longe a cada pergunta dele. Dizia ele, como vamos votar contra Humberto Lucena, Antonio Mariz, Zé Maranhão e Ronaldo? Eu retrucava ao meu pai, “o senhor saiu do MDB em 1986 com a entrada de Burity, fomos acompanhar outro grupo político, a chapa Marilú (Mariz para o governo e Lúcia Braga para vice) azedou e na nossa história, só ganha governo da Paraíba, quando duas forças se unem. Sabemos da força do PDT e do PFL juntos, precisamos de Burity no palanque, principalmente por conta do seu discurso sobre o balaço que recebeu de Ronaldo Cunha Lima, o clima é favorável para nós, vamos ganhar e fazer as grandes reformas sociais tão sonhadas e defendidas pela Deputada Lúcia Braga”.
Chegamos ao local, já era final de tarde, ficamos na ante-sala, na companhia de uma secretária e do seu motorista, seu fiel escudeiro por muitos anos, não me recordo seu nome agora, só lembro de sua figura magra e alta, seu jeito me fazia lembrar o mordomo Alfred da dupla de super heróis Batman e Robin, depois chegou seu filho, André Burity, com quem tive o prazer de trabalhar junto a ele na campanha de 1998 tentando eleger o seu pai ao senado.
Logo Dr. Burity aparece na porta, nos convida e entrar e já oferece um cafezinho e água, o som ambiente era as sinfonias de Vivaldi, as prateleiras cheias de livro por todas as paredes, aquela mesa redonda e o bureau, encantavam meus olhos, quebro o gelo, fazendo perguntas sobre músicas, pinturas e artes, o local perfeito, pois lembrava o ambiente da Biblioteca Juarez da Gama Batista.
Porto Velho, 28 de Novembro de 2010.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Geografia do Turismo

     Com a entrada para o terceiro milênio, o mundo esta passando por grandes transformações, onde elementos interagem para o surgimento de um novo mundo, uma modernização centralizada no termo global. A primeira vez que foi usado a expressão “Geografia do Turismo”, foi por J. Stradner, escrito na cidade austríaca de Graz em 1909 e só nos anos setenta é que foi difundido este termo no Brasil pelo estudante Kleber M. B. Assis, visando obter um título acadêmico. Assim, “em 1989 foi introduzido no currículo de Geografia do curso de graduação, a disciplina de Geografia do Turismo” (Adair Balastar Rodrigues).
     É importante o estudo de Geografia do Turismo, devido ao fenômeno do desenvolvimento econômico acelerado depois do período pós-guerra dos países capitalistas hegemônicos. Como já dizia P. de Groote (1983), “em face a sua complexidade, o turismo deve ser abordado em âmbito multidisciplinar, particularmente pelo conjunto das ciências sociais, interagindo, além dos aspectos históricos-geográficos, os aspectos econômicos, psicológicos, constitucionais e regionais, podendo-se acrescentar ainda os aspectos políticos, culturais e ecológicos, dentre outros”.
     Na economia mundial, o turismo ocupa o 3° lugar entre os maiores geradores de riqueza, representando a bagatela de 6% do PNB global, perdendo apenas para a indústria de petróleo e de armamentos. Com esta investida do capitalismo hegemônico do mundo, que se encontra voltado para o desenvolvimento do turismo, favorecendo várias áreas de reservas de valor, como maior exemplo, os volumosos recursos públicos e privados de capitais transnacionais para a criação de infra-estrutura e agressivas campanhas de marketing e de publicidade.
     Acreditamos que o Governo do Estado, através da pessoa do Governador José Maranhão e da administração municipal da cidade de João Pessoa, na pessoa do prefeito Cícero Lucena, tem se preocupado conjuntamente em conseguir recursos para o desenvolvimento e investimento no turismo local. Cada um em sua esfera, buscando o apoio da mídia, o potencial turístico local, estará brevemente no roteiro das empresas de capitais transnacionais para investimentos em divulgação, conquista do espaço de consumo e criação do fluxo turístico para o nosso estado. Onde se esforça o turismo ecológico, ou seja, o “ecoturismo”, se revelando no mercado como um produto de consumo que visa a produção do espaço, por meio de um aprendizado simplificado, da consciência da preservação e do respeito a natureza, numa sociedade moderna e contemporânea, o homem se individualiza, mais os movimentos ecológicos o modifica, pois exige desse mesmo homem, passar a ser parte integrante, procurando a percepção ambientalista, centrando-se numa nova base filosófica e religiosa, provocando o rompimento do tradicionalismo e mergulhando-se na 4a dimensão.
     Sabemos que o papel do estado é decisivo, onde tem que centrar-se numa política nacional para desenvolver os programas regionais localizados em todos os níveis da administração pública.
     Também não podemos de enfatizar a criação de novos espaços de exploração turística, para isso é importante o aumento da capacidade de transportes, melhoria no abastecimento de água e esgotamento sanitário, a capacidade geradora de energia elétrica e de comunicações, por fim, o mais importante, a capacitação e formação de mão-de-obra, com cursos destinados a formação de Bacharéis em Turismo e Hotelaria, curso de aperfeiçoamento e especialização em eventos, a exemplos de simpósios, seminários, congressos, encontros, competições, festivais etc. Contribuindo para o crescimento do mercado editorial.

Herbert Lins de Albuquerque
Acadêmico de Licenciatura Plena em Geografia/UEPB
Publicado no Jornal Correio da Paraíba, domingo, 08 de março de 1998.

sábado, 20 de novembro de 2010

Revolução Verde em Rondônia

            Estudiosos afirmam que para “sociedades antigas, ou mesmo para algumas culturas existentes, a natureza é fonte de vida, mas não somente no sentido de fornecer recursos diretamente para a subsistência humana. Para elas, a natureza apresenta-se sacralizada, o que significa que tais povos moldaram sua cultura e sua idéia de religião a partir dos elementos naturais (Moreira, 2001)”. Sabendo que a natureza é um legado da humanidade, assim, a Revolução Verde tem sido responsável pelo extraordinário aumento de produção de cereais em diversos países e um dos mais importantes setores da economia em desenvolvimento agronômicos do século XX.
            Em matéria recente neste conceituado jornal, com destaque para o agronegócio como prioridade do atual Governo do Estado de Rondônia, investindo no desenvolvimento da agricultura e pecuária, visando à consolidação regional de exportador de alimentos, como também para atender o mercado consumidor interno e na política de geração de emprego e renda. Observa-se, que o objetivo de diversificar a agricultura com investimentos maciços em avanços tecnológicos e pesquisa no campo, parece esta sendo atingida em Rondônia, diferentemente de outros estados brasileiros que ainda predomina e insiste com a monocultura.
            No Brasil, a agricultura familiar, responde por 60% dos alimentos que chegam à mesa das famílias brasileiras, representa ainda 10% do PIB nacional e este setor gera 77%  dos empregos no campo. Só no Estado de Rondônia, existe uma diversificação de produção familiar entre os gêneros alimentícios como mandioca, milho, feijão, arroz, café, soja, banana, acerola, açaí, cupuaçu, mamão, palmito, hortaliças, pupunha e ainda destacam-se na criação de bovinos, ovinos, caprinos, suínos e aves, contribuindo assim, para o Estado ser auto-suficiente em alimentos, garantido o movimento do Porto Graneleiro e também como grande exportador dos derivados bovinos que representa um volume de mais de 11 milhões de cabeças, gerando milhares de emprego no campo e fixando o homem a terra.
            Mais essa produção é assegurada pelo Governo do Estado desde 2003, em conjunto com a EMATER e EMBRAPA, sem interferência de prefeitos ou deputados, como ocorre na INDÚSTRIA DA SECA. Sem apoio do Governo Federal, o Estado de Rondônia, tem demonstrado fôlego em garantir ao pequeno agricultor, sementes e mudas selecionadas, melhoria genética do rebanho bovino e da capitação de indústrias de beneficiamentos de grãos, embutidos e laticínios, passando a ser um estado exportador de produtos acabados com maior valor agregado. Com esses investimentos, objetivando e quantificando a renda gerada pela cadeia produtiva da agricultura familiar, terão resultados sociais futuros. Pois, a agricultura familiar diminui a pressão nas grandes cidades, ou seja, fixa o homem ao campo e ainda é preciso mais investimentos em pesquisa e manejo do solo, devido aos problemas dos impactos ambientais, garantindo a Revolução Verde de Rondônia que esta acontecendo na atualidade, sem causar prejuízos enormes a terra mãe.


                                             Herbert Lins de Albuquerque
 Orientador de Aprendizagem do Ministério do Turismo,
Professor de Geografia em Escolas Públicas e Privadas
no Município de Nova Mamoré - RO.
Nova Mamoré, 04 de março de 2006
Publicado no Jornal da Paraíba
Coluna Rubens Nóbrega

sábado, 13 de novembro de 2010


Um instante, me fez relembrar

Estava caminhando sob um clima ameno, temperado com uma garoa e pequenas brisas de frio, pensamentos voltados para tentar relembrar um passado que não fui personagem e o que me chamava mais atenção, as pessoas e os carros num vai e vem em meio a um cenário histórico, ou melhor, um conjunto arquitetônico sem igual e para encher os olhos com tanta beleza dos traços e adornos feitos a mãos dos homens que ali viveram no passado e deixou para as gerações futuras.
Esse lugar é a cidade Imperial do nosso Brasil, lugar que venho pela segunda vez, sempre de passagem rápida, mas dessa vez tive a oportunidade de caminhar em suas calçadas, visitar o comércio e ficar com o olhar perdido em plena calçada da Praça Expedicionários, bem no centro de Petrópolis, contemplando a beleza dos prédios em estilo colonial, todos bem conservados, as ruas e avenidas, bem como os jardins, um conjunto de beleza harmônica no lugar da Mata Atlântica que já foi rainha no passado.
Mas uma parede me chamou atenção, tava nela um cartaz, chamando a todos de forma discreta para assistir a um espetáculo. Seria uma oportunidade única, reservar um momento para encontra-me de novo com um palco de teatro, pois logo me veio a minha memória, que a última vez que tive oportunidade igual, foi a três anos passados, na minha breve passagem por São Paulo, onde pude aplaudir a comédia Trair, coçar, é só começar de Marcos Caruso, com a direção de Attílio Riccó, no Teatro Bibi Ferreira.
Fiquei ansioso para ter a oportunidade de conhecer as dependências internas do Teatro Dom Pedro ou Paulo Grancindo, pra mim naquele momento não importava o detalhe do nome, e sim descobrir o que tinha por trás daquelas enormes portas de vidro. A surpresa mesmo veio quando passei as cortinas, que dividem a entrada para a platéia, deparei-me com pinturas em art déco, estilo bem diferente de decoração, fiquei contemplando o estilo eclético registrado em suas paredes internas, que fugiu aos padrões do início do século passado, devido às flores com as corolas viradas de cabeça para baixo, fantástico a mente criadora.
Nessa viajem cultural, tomei assento para assistir a comédia Clandestinos, de João Falcão, com uma narrativa moderna, personagens de universos tão diferentes, mas com fortes pontos em comum, que se alimenta de um sonho, sentimento esse que contagia o público, pois a emoção dos personagens entra em nossa mente, reforça os nossos sentimentos em continuar sonhando, persistir e buscar caminhos para materialização dos mesmos. A cada cena, me trazia cenas do passado, pequenos instantes me faziam relembrar das cenas de Como Nasce um Cabra da Peste, As duas filhas de Francisca, As Velhas, As Malditas, Macambira, Vau da Sarapalha e por fim, o Pastoril Profano, assim afirmo, como é bom relembrar o passado para nada se perder em nossa memória.
Petrópolis - 12/11/2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Que Brasil é esse?

Nos dias atuais, é preciso ter coragem para mergulhar numa profunda reflexão sobre o Brasil de contrastes sociais e avaliar a formação cultural do seu próprio povo. Assim, começamos a nos perguntar: que Brasil é esse? Onde faltam leitos hospitalares para os enfermos e doentes e se encontra fechado o hospital de grande porte em nossa cidade, que é o hospital Santa Isabel; Que Brasil é esse? Que pagamos juros de 15 a 25% ao mês as financeiras e instituições bancárias, quando na realidade a inflação do país não passa de 10% ao ano; que Brasil é esse? Que pequenos proprietários de terras ou até mesmo posseiros já com seus lotes legalizados doados pelo governo, vendem e continua invadindo as terras dos outros; Que Brasil é esse? Que temos que suportar mais de 40 minutos em média numa fila de banco ou qualquer órgão público e ainda sermos mal atendidos pelo mau humor do funcionário ou pela arrogância, para não transparecer a sua incompetência; Que Brasil é esse? Que o eleitor procura o vereador ou qualquer pessoa de influência junto ao prefeito para dar seu n° de inscrição no concurso público municipal, para que com apadrinhamento consiga ser aprovado; Que Brasil é esse? Que a maioria das crianças, adolescentes e jovens se prostituem ou rouba para sobreviver e a nossa sociedade não se organiza para dar a solução ao problema; Que Brasil é esse? Que filhos de papai em sua maioria estudam na universidade pública porque tem condições de pagar bons colégios e cursinhos para se preparar para o vestibular; Que Brasil é esse? Que os bandidos estão mais armados do que a própria polícia; Que Brasil é esse? Que temos que ver milhares de jovens se drogando e se tornando flagelos sociais; Que Brasil é esse? Que os jovens quando termina o seu 2° grau ou o seu curso superior e quando vão enfrentar o mercado de trabalho, as empresas exigem um ano de experiência na carteira profissional; Que Brasil é esse? Que são destinadas verbas fabulosas para proteger o meio ambiente, enquanto a agricultura esta completamente abandonada; Que Brasil é esse? Que o adolescente por diversão ateia fogo em índio e mendigos que dormem na rua e ficam impunes; Que Brasil é esse? Que todos que roubaram a previdência social, estão cumprindo pena em liberdade ou estão instalados em confortáveis selas; Que Brasil é esse? Que o professor vai para a sala de aula inconformado com o salário que recebe; Que Brasil é esse? Que os programas interativos na TV de péssima qualidade e de formação de opinião, são os campões em audiência. Afinal de contas se for continuar com a nossa reflexão, teríamos que utilizar todas as páginas do jornal, pois são inúmeros os problemas do nosso Brasil. Assim, que Brasil é esse?

Herbert Lins de Albuquerque
Acadêmico de Licenciatura Plena em Geografia/UEPB
Publicado no Jornal Correio da Paraíba, sábado, 28 de fevereiro de 1998.

O Desafio da Juventude Brasileira

A juventude Brasileira de hoje encontra-se totalmente confundida por este sistema econômico que lhe foi imposto, restando-lhe, como única alternativa de melhoria de vida. Então, o grande desafio dos jovens é lutar por uma sociedade mais justa, pondo fim a todas as formas de exploração pela política econômica do FMI.
Sabemos que, durante o Regime Militar, não só a sociedade, mas o país também passou por grandes mudanças. Essa mudança estrutural da sociedade brasileira foi possível graças à grande expansão e modernização industrial devido ao intenso crescimento urbano. Com o Golpe Militar, a juventude ficou praticamente sem nenhuma atuação política, pois tornou-se parte de uma sociedade amordaçada, oprimida e reprimida, sendo assim, posso afirmar que os jovens de ontem, que lutaram pelo fim de todas as crueldades impostas pela Ditadura Militar, não souberam preparar seus filhos, a juventude de hoje, para enfrentar o presente e o futuro.
Uma juventude que poderia proporcionar mudanças significativas para atual realidade em que o nosso país se encontra mergulhado numa profunda crise política e econômica. Na verdade, a juventude de hoje refere-se a uma decepção quanto à maneira como o Brasil foi conduzido no passado e a uma violenta revolta contra o modo pelo qual é dirigido no presente por uma classe política totalmente corruptível.
A juventude está cada vez mais vulnerável aos nossos valores culturais. Mudou inteiramente o seu comportamento social, ou seja, uma juventude “americanizada”, alienada, com maneiras irrealistas de pensar, agir, viver, etc.
O jovem deve procurar resolver os seus problemas, na maioria das vezes, com o uso de drogas, o alcoolismo, fumo, pegas etc. Mas toda essa situação recai sobre os pais, que deveriam identificar a juventude como futuros dirigentes da nossa nação. Precisamos urgentemente promover situações que mobilize a juventude a lutar por uma nação livre, sem injustiças sociais, se é que queremos mudanças ao velho “Brasil Novo”. 
Mas, na verdade, estas transformações e situações quem deveria proporcionar era os pais conjuntamente com seus filhos, lutando pelo resgate da nossa cultura própria, pondo fim à imposição cultural de costumes feita pelos países desenvolvidos, especialmente “EUA”, como também os nossos meios de comunicação (Globo), que são os maiores veículos de transmissão de idéias, pensamentos e dos interesses dos “Donos do Poder”. Como a própria psicanalista Ana Freud afirmou que, “É normal para a juventude se comportar de maneira inconsciente e não-previsível. Lutar contra seus impulsos e aceitá-los; ter vergonha de reconhecê-los perante outros e querer conversar com eles, identificar-se e imitar os outros enquanto procura uma identidade própria. O jovem é idealista, artístico, generoso e pouco egoísta como jamais o será novamente, mas também é o oposto, egoísta, calculista, auto-centrado”.
Então, urge que, nossos pais percebem a responsabilidade que cabe a eles, que é a de procurar nos orientar a lutar pelo fim desta ditadura econômica imposta a nós pelos países imperialistas e ao modelo desta atual sociedade cheia de preconceitos e, aparentemente burguesa, estabelecendo como principal compromisso o resgate da maioria dos jovens de níveis diversos de pobreza, miséria, prostituição e marginalidade.

Herbert Lins de Albuquerque
Estudante do Colégio Pré-Universitário - CPU
Publicado no Jornal O Combate,
 João Pessoa, de 02 a 08 de agosto de 1992.

O socialismo acabou?

O Socialismo acabou? Não! O socialismo não acabou, acredito que nesta época em que o capitalismo ainda se encontra promovendo através de toda a imprensa mundial o “fim do socialismo”. Na verdade é que apenas entrou numa fase de transição, ou seja, se encontra atravessando uma fase de abertura política e econômica, buscando um novo segmento de propostas a esclarecer, informar e encontrar solução de todos os problemas e conflitos perante seu povo.
                O socialismo do Leste Europeu não acabou, apenas entrou em um novo caminho da sua história, marcando mais uma vez a sua plenitude e sendo consagrada mundialmente de defensor da paz e de uma nova ordem política, econômica, social e cultural.
                Pensar que o socialismo tornou-se no nosso século a construção de um novo sistema totalmente inovador, passando e superando mais uma vez à frente do capitalismo sujo e sucateado que se encontra mascarado com a falsa realidade social apresentada por eles, devedor aos países que o adotam permitindo a legitimação da exploração e dominação, deixando cada vez mais pobre os países subordinados a esse regime reacionário e imperialista.
                Aqueles que tentam a sua libertação ou independência, sofrem uma invasão militar, ou seja, o terrorismo por intermédio do falso pelo verdadeiro, o injusto por justo, ocorrendo a ilusão da fabricação de uma história imaginária tendo a origem de um mecanismo de fins e efeitos sociais, a economia selvagem e a política entreguista, que é imposta pelo capitalismo que não consegue acabar com a doutrina “socialista”.

Herbert Lins de Albuquerque
Estudante do Colégio Arquidiocesano Pio XII
Publicado no Jornal O Norte na Coluna Opinião do Leitor,
 João Pessoa, segunda-feira, 07 de janeiro de 1991.