quinta-feira, 31 de março de 2011

Um cafezinho com Manelão
"A Banda agradece ao povo e pede passagem".
(artista Julio Carvalho)

            Era comum sempre que sobrava tempo, tomar um cafezinho no Palácio Presidente Vargas, em especial na sala do amigo Mauro Brisa que assessorava o Vice-Governador João Cahúlla. Tinha dia que essa pequena sala entre o Gabinete do Governador e do Vice-Governador, parecia uma lata de sardinha com tantas lideranças partidárias, comunitárias da capital e do interior, além de políticos com mandatos e sem mandatos, virava uma verdadeira muvuca, que muitas vezes aparecia à porta o Major Alexandre, que já entrava nas conversas e ainda contávamos com a participação do Garçom Josimar, que sempre lançava sorrisos discretos e as aparições repentinas do professor João Arruda.

            Não lembro o dia ao certo, mas lembro que foi no finalzinho do ano de 2009 que cheguei ao Palácio Presidente Vargas, impressionante é que nessa manhã, a sala só contava com a presença do amigo Mauro Brisa, este sempre gostava de ir a varanda interna do Palácio lançar ao vento as suas baforadas do vicio de fumar. Mas esse dia só não foi incomum, porque o Mauro Brisa chamou-me para ir ao Chaveiro Gold, localizado na Avenida Presidente Vargas, ao lado do Banco Basa, para tomar um cafezinho e fumar um cigarro na companhia do saudoso Manelão.
            Ao subir as escadas do prédio, estava lá o chaveiro Gold e o empresário Manoel Mendonça, mais conhecido como Manelão. O Mauro Brisa se encarregou de fazer as apresentações formais e lembro ainda hoje quando Manelão fez o seguinte comentário: “a conversa vai ser entre presidentes e na presença de um embaixador”, percebi logo o tom da brincadeira e entrei na onda perguntando o porque da expressão usada. Logo Manelão me respondeu, “sou presidente de um clube sério, que leva alegria ao povo e faz parte do contexto cultura popular da nossa capital, enquanto o seu clube faz política e é igual aos outros partidos políticos, que leva tristeza, decepção e angústia ao povo quando elege uma cambada de corruptos que só se aproveita dos outros de quatro em quatro anos”.
            Eu tenho a mania de guardar o pensamento das pessoas nas conversas que travo no cotidiano em pedaços de papeis e largar no meu arquivo de mesa em casa, por isso demorei escrever sobre o encontro com Manelão, pois estava atrás das frases marcantes que ele usou sobre política em nosso encontro. Fiquei impressionado com a sua inteligência, com conhecimento de causa dos carnavais de Porto Velho, mas quem dera, afinal, o homem tornou-se o General da Banda do “Só” Vai Quem Quer, o maior bloco de arrasto carnavalesco da Região Norte do nosso país.
            Acredito que o saudoso General da Banda teve uma partida feliz para o plano superior, pois veio a nos deixar em plena semana das prévias carnavalescas. O seu velório e cortejo fúnebre até o cemitério ficará gravado tanto em minha memória como na memória daqueles que vivenciaram ou presenciaram a maior prévia carnavalesca da nossa capital rondoniense. Assim, viva os carnavais de outrora, viva ao Rei Manelão, viva na memória de todos nós a cultura popular e que a cada ano viva sem preconceito e sem violência a passagem da “Banda do Vai Quem Quer” para fazer a alegria do povo, como bem queria o nosso saudoso Manelão.  

quinta-feira, 24 de março de 2011

GOLPE A DEMOCRACIA BRASILEIRA
OS ATUAIS DEPUTADOS ENVOLVIDOS EM ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO QUEREM APROVAR UMA REFORMA POLÍTICA EM BENEFICIO PRÓPRIO

                A cada momento em nosso país, surge mais um escândalo de corrupção envolvendo deputados federais que compõem a atual legislatura do nosso Congresso Nacional. São denúncias de MENSALÃO, de propinas dos donos de casa de bingo por membros de confiança do partido governista, superfaturamento em contratos de prestação de serviço as Autarquias Federais e compra de parlamentares para dar vitória no plenário do Congresso nas votações de matérias de interesse do Governo Federal.
                São muitas as denúncias, mais esses mesmo deputados, que em sua grande maioria, a boca miúda, estão envolvidos no recebimento de MENSALÃO denunciado pelo Deputado Federal Roberto Jefferson (PTB/RJ), desejam dar um GOLPE NA DEMOCRACIA BRASILEIRA, aprovando uma REFORMA POLÍTICA, que só beneficiará os ATUAIS DEPUTADOS e anulando o DIREITO DO POVO BRASILEIRO a realizar verdadeiras mudanças através de voto livre nas urnas.
                O próprio Senador Efraim Morais (PFL/PB), primeiro-secretário do senado, declarou ao Jornal Correio da Paraíba, em sua Edição Nº. 346, de 18 de julho do ano em curso, que “o Congresso Nacional não tem condições de aprovar a reforma política que o país precisa para o fortalecimento de sua democracia. As denúncias de corrupção envolvendo parlamentares criam um clima de suspeição sobre as ações do Congresso”.
                Os atuais congressistas dizem que desejam aprovar mudanças radicais para as eleições em 2006, com a REFORMA POLÍTICA, que propõe a votação em LISTA FECHADA para deputados federais e estaduais, utilizando de um discurso ao povo brasileiro afirmando “que desejam evitar a influência do poder econômico, fortalecimento do partido através da fidelidade partidária e respeito aos seus programas e ideologia que são desprezados”. Foram as palavras do atual Deputado Federal Marcondes Gadelha (PTB/PB), elegeu-se pelo PFL em 2002 e logo mais, trocou o PFL pelo PTB, praticando infidelidade partidária. Também seguiram o seu exemplo, de trocar de partido, os congressistas paraibanos, os deputados federais Welington Roberto e Philemon Rodrigues, os suplentes Inaldo Leitão e Ricardo Rique e a Deputada Federal Lúcia Braga, que só para ilustrar, eleita pelo PSD em 2002, já esteve filiada ao PT e agora se encontra no PMDB, em apenas dois anos e meio de mandato. A maioria dos congressistas, representantes dos paraibanos, permaneceu fiel ao programa e aos princípios dos partidos políticos por onde obtiveram sucesso eleitoral em 2002. Foram eles, os senadores José Maranhão (PMDB), Benjamin Maranhão (PMDB), Luiz Couto (PT), Carlos Dunga (PTB), Enivaldo Ribeiro (PP), Armando Abílio (PSDB), Domiciano Cabral (PSDB) e Ronaldo Cunha Lima (PSDB). Não esquecendo o senador Ney Suassuna (PMDB), que encontra-se filiado a mais de vinte anos em um único partido político. Assim, percebemos que alguns políticos preservam o seu espírito público e comportamento ético na política em respeitar seus ideais partidários.
                O voto em LISTA FECHADA, que propões a “REFORMA POLÍTICA”, que desejam aprovar as pressas em setembro, já para vigorar nas próximas eleições, é um duro GOLPE A DEMOCRACIA BRASILEIRA. Com a nova Lei, caso venha a ser aprovada, os primeiros da “LISTA”, são os que já possuem mandatos, ou seja, os votos obtidos pelo partido político, atingindo o coeficiente eleitoral, para Deputado Federal e Estaduais, permanecerão com os atuais mandatários, sendo mínimas as chances de renovação política, por aqueles que não possuem mandatos indicados em “LISTA FECHADA”.
                Será tirado o direito do povo a eleger diretamente o seu representante no Congresso Nacional e nas Assembléias Legislativas, com adoção do VOTO DE LEGENDA, manobra usada pelos civis conservadores de ultra-direita que davam sustentação a DITADURA MILITAR instalada no Brasil, a partir do ano de 1964, perdurando-se até 1986, com um único objetivo, se manter no poder com a maioria de deputados no Congresso Nacional.
                Querem trazer de volta o bipartidarismo político ao cenário político brasileiro, um retrocesso a nossa democracia, ou seja, esse Congresso Nacional, que em suas entranhas, só cheira a corrupção, desejam implantar uma DITADURA PARTIDÁRIA, quando em outras nações desenvolvidas, existe mecanismo de combater a corrupção eleitoral e a infidelidade partidária. Como também, a existência de várias denominações partidárias, só para ilustrar, a Inglaterra possui 87 partidos políticos, a França, a Espanha, a Itália, são centenas de partidos políticos presentes na sua democracia nacional. Não tirando o direito do Povo, em organizar-se democraticamente, de acordo com os seus ideários políticos.
                Outro absurdo é o FINANCIAMENTO PÚBLICO de campanha com recursos do TESOURO NACIONAL, é uma fronte a maioria do povo brasileiro, que vivem em pobreza absoluta. Dinheiro esse, que deve ser aplicado em educação, saúde, na modernização do nosso parque industrial, na geração de emprego e renda, na produção de alimentos, na infraestrutura urbana do nosso país, na modernização dos nossos meios de transporte e segurança pública.
                Precisamos sim, de uma REFORMA POLÍTICA, mas não aprovada pelos atuais CONGRESSSITAS. O povo brasileiro saberá escolher os seus representantes nas próximas eleições, sem o VOTO DE CABRESTO em LISTA FECHADA, precisamos respeitar a nossa CARTA MAGNA, em vigor e acima de tudo, a nossa DEMOCRACIA NACIONAL e o ESTADO BRASILEIRO DE DIREITO.
                Os militantes do PHS, PPS, PSB, PDT, PCB, PC do B, PV, PSTU, PCO, PSOL, PRP, PSDC, PTN, PRONA, PT do B, PRTB, PSC, PSL, PMN e demais partidos que poderão ser excluídos do cenário político nacional e da democracia brasileira, com essa “REFORMA POLÍTICA”, devem se unir e conclamar o POVO BRASILEIRO A DIZER NÃO A MAIS ESTE GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA BRASILEIRA, bem como as instituições sérias deste país que sempre defenderam a DEMOCRACIA E A SOBERANIA NACIONAL DO BRASIL. Levante-se a MAÇONARIA BRASILEIRA, A CNBB, COMUNIDADES EVANGÉLICAS, A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, A ABI, OS SINDICATOS OPERÁRIOS, SINDICATOS PATRONAIS, A UNE, A UBES, O MST, A UDR, OS CLUBES MILIATRES, AS ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS, OS AMBIENTALISTAS E DEMAIS SEGMENTOS DE REPRESENTAÇÃO SOCIAL PRESENTE EM NOSSO PAÍS.
Escrito em 18 de julho de 2005, Herbert Lins de Albuquerque, Secretário Geral da Executiva Municipal do Partido Humanista da Solidariedade, no município de Cabedelo, Estado da Paraíba.
Publicado no Jornal Contra Ponto em 24 de Julho de 2005.
Publicado no Jornal dos Estados em Agosto de 2005.

sábado, 12 de março de 2011

Tarcisio Burity, divagando em minhas lembranças (Parte VII)
            A nossa conversa teria assunto para vários dias, mas estava entardecendo e pessoas já esperavam para conversar com Dr. Burity, afinal, nós estávamos em seu escritório de advocacia e sempre pessoas o visitava, da pessoa mais simples, a empresários, políticos, intelectuais e pessoas do meio artístico paraibano.
            Então veio a pergunta final, pois era relacionada ao principal motivo de nossa visita em seu escritório. Olhei bem para Dr. Burity e perguntei se naquele ano ele seria candidato ao senado pelo então PFL, numa possível coligação tendo como cabeça de chapa ao governo, a deputada federal Lúcia Braga, esposa do ex-governador Wilson Braga e se teria problemas de convivência política com o grupo Braga, afinal Wilson e Burity de aliados na eleição em 1982, sendo vitoriosos nas urnas, logo veio o rompimento. Wilson ficou no PDS e Dr. Burity migrou para o PTB em meados de 1984.
            Logo Dr. Burity levantou-se, justificou que teria ficado muito tempo sentado conversando, de pé, ficou andando de um lado para o outro e disparou que a pretensão de sua parte era grande em ser candidato ao senado, afinal teria chegado o momento de dar sua contribuição a Paraíba como homem de espírito público e preocupado com os assuntos que afetam a economia do Estado, bem como dos grandes temas nacionais. Mas o episódio do Restaurante Gulliver, em que o governador Ronaldo Cunha Lima atentou contra minha vida disparando seis tiros e estou vivo por um milagre de Deus, me faz ter receio, tenho medo do que possa vir acontecer com minha família, principalmente, minha esposa e filhos, me resguardarei nessa eleição Herbert, não é o momento certo, reafirmo, temo pela minha segurança e de meus familiares.
            Naquele momento, vi a sinceridade nos olhos de Dr. Burity, de pronto disse que se mudasse de idéia, não só teria o meu voto, mas também teria o compromisso de trabalho em favor de sua candidatura. Defendi a coligação entre o PFL e PDT para vencermos as eleições de 1994 ao Governo do Estado da Paraíba e que não via na pessoa do vice-governador Cícero Lucena, que em pequeno espaço tempo assumiria o governo do Estado devido à possível renúncia de Ronaldo Cunha Lima para disputar o senado e que não via na pessoa de Cícero um político comprometido com desmandos administrativos ou mesmo com a prática de perseguição política, afinal, ele teria vindo da iniciativa privada e demonstrava possuir um perfil diferente, ou seja, um homem público mais técnico do que político, com um discurso bem moderado e conciliador.
            A eleição de 1994 seria o grande confronto entre Braguismo e o Marizismo, seria a revanche da eleição de 1982 quando o então deputado federal Antonio Mariz (MDB) perdeu a eleição para governo do Estado para o então deputado federal Wilson Braga (PDS). Seria o confronto das forças conservadores contra os progressistas, levando vantagem a candidatura de Antonio Mariz pelo PMDB ao Governo do Estado Paraíba, pois viria vitaminada pelas candidaturas ao senado dos nomes de Ronaldo Cunha Lima que iria disputar uma vaga de senado ao lado do senador Humberto Lucena que viria a reeleição.
            Já ao PDT teria o nome da deputada Lúcia Braga, com a opção de coligação com o PFL, esses indicariam o candidato a vice-governador e as duas vagas ao senado, que seria os nomes do empresário campinense Raimundo Lira candidato a reeleição e o outro nome seria o de Dr. Burity, que relutava em não ser candidato e realmente não sendo, ficando para última hora a indicação dos nomes do deputado federal campinense Evaldo Gonçalves para vice-governador na Chapa e o nome de João Agripino para o senado ao lado de Raimundo Lira.
            Depois da afirmativa de Dr. Burity, nos levantamos e logo fomos às formalidades de despedidas, afinal já teríamos recebido a negativa de pré-candidatura de Dr. Burity ao senado, o mesmo deixou bem claro que não desejaria naquela eleição ser candidato, mas que iria prepara-se para a eleição seguinte e que seu escritório estaria aberto para visita e trocas de idéias, meu pai o Cel. Lins, agradeceu a oportunidade da conversa e já seguiu em direção a porta, já a mim coube elogiar os quadros pendurados na parede com gravuras da arquitetura alemã, bem como o fundo musical ao som de Richard Wagner. Com um sorriso leve em seu rosto, Dr. Burity nos disse que seriamos sempre bem vindo para uma boa conversa, divagar as lembranças do passado e trocar idéias. Despedimos-nos e na volta conversando com meu pai o Cel. Lins sobre a visita a Dr. Burity, alertei que perderíamos a campanha e depois da eleição de 1994, seria fatal para o inicio do fim do grupo Braga, o que realmente aconteceu, fomos ao segundo turno com Mariz, perdemos a eleição tanto para o governo, bem como as duas vagas ao senado para o PMDB.