sábado, 10 de junho de 2017

Julgamento na Chapa Dilma/Temer revela os meandros do Poder Judiciário

     O desfecho final do julgamento de cassação da chapa Dilma/Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fez com que o presidente golpista e impopular Michel Temer do PMDB, permaneça no cargo de presidente da República até o término do mandato – dezembro de 2018.
    Dessa forma, o presidente Temer fica depois da ação eleitoral promovida pelo PSDB que pedia a cassação por abuso de poder político e econômico da chapa que o mesmo foi eleito vice-presidente da República.
     Nesse limiar, a ação judicial eleitoral teve como subterfúgio, “encher o saco do PT”, como bem confessou o senador tucano Aécio Neves - afastado das suas funções parlamentar por pedir propina a JBS (provas mediante ação controlada).
     O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, também confessou que “a ação só andou porque ele quis”, porque a época, os alvos eram Dilma e o PT. Portanto, após sessões de julgamentos e diante de uma torrente de provas, na “vera” do empate, o ministro Mendes autoimune, provou querer menos ao imunizar Michel Temer, ou seja, o poupando por não mandar Dilma Rousseff para o paredão.
     Dessa forma, o julgamento do TSE escancarou os meandros do Poder Judiciário brasileiro – ao fazer política, valendo-se do vácuo do desgaste da classe política e do eleitor quando chamado a urna para eleger seus representantes. Desse modo, fez valer a definição assertiva do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa: “Impeachment Tabajara”.
   Nesse caso, o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) acelerou a decomposição do judiciário, ou seja, por emprestar ares de legalidade formal aos processos de disputa política e ideológica no âmbito do território político brasileiro.
    O jurista neo-petencostal fundamentalista e procurador do Ministério Público Federal Deltan Martinazzo Dallagnol ao postar desabafos na sua conta pessoal no Twitter – mídias sociais, levantou dúvida da postura do comportamento e conduta ética do ministro Gilmar Mendes. Porém, o ministro Gilmar também desabafou, dizendo: “aparentemente, procuradores combinaram com a JBS a versão de propina nas delações”.
     No entanto, o procurador na Operação Lava-Jato Carlos Fernandes foi hoje ao Facebook e rebateu: “cinismo é a intencionalidade de ministros do TSE em relação à corrupção”. O procurador foi mais longe ao afirmar que muito pior “é fingir que está tudo superado porque o PT saiu o governo” e que “a corrupção é multipartidária e institucionalizada”. Nesse caso, ela é a maneira que o Brasil fez política desde sempre e não vai mudar enquanto não mudar a cabeça do eleitor, ou melhor, do cidadão brasileiro com relação ao seu voto na urna.
        Portanto, a corrupção político-partidária e empresarial no Brasil é sistêmica, suas práticas sempre se manifestaram no território político com apadrinhamento, clientelismo, fisiologismo, troca de favores e venda do voto – o famoso toma lá da cá. Infelizmente, a investigação dessa podridão se pautou apenas num lado do campo do jogo, ou seja, no campo da esquerda brasileira, essa que se contaminou com as regras do jogo da direita - indo pra vala dos comuns.
       Nesse jogo de vale tudo pelos espaços de poder, vazamentos de provas, grampos telefônicos e consequentemente, de resultados prévios de julgamentos shows – verdadeiros espetáculos midiáticos na grande imprensa nacional, em especial, Rede Globo, Veja e Jornal A Folha de São Paulo, promovidos por delegados, procuradores e juiz pop star, revelou uma face político-judiciário que impõe medo aos defensores da consolidação da democracia representativa no país, o que serviu pra atiçar estigmas fascistas e divisões na sociedade brasileira.
      Disso tudo, a grande lição que se tira, é a crise política criada pelo senador playboy Aécio Neves do PSDB com endosso de Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Geraldo Alckmin, produziu um tsunami na economia nacional de grandes proporções sociais. Enfim, os desabafos de quem quer que seja serão tardio e inútil, fazendo valer o velho ditado popular: não adianta chorar o leite derramado!