quinta-feira, 24 de abril de 2014

Dois Olhares...


     Sim, é importante nesse momento pós-enchente dos rios Andinos que formam a Bacia Hidrográfica do leste boliviano e que compõe a paisagem amazônica nessa região, e por conseguinte, deságuam nos nossos rios fronteiriços Guaporé, Mamoré e Madeira, provocando sempre a cheia dos rios tributários ou afluentes, impactando a vida dos ribeirinhos e das cidades que ao longo do tempo, foram construídas as margens desses rios, termos dois olhares.
     Estamos acostumados a ouvir das pessoas mais carentes que vivem nas franjas urbanas ou nas áreas de riscos das cidades que não possuem nada. Mas quando aparece uma tragédia da proporção que foi enchente desse ano e com estragos semelhantes aos da enchente de 1959, segundo testemunhos que ouvi dos moradores mais antigos de Guajará-Mirim, Porto Velho e Nova Mamoré. Essas pessoas atingidas e que não foram pouco nessas cidades fronteiriças, logo dizem: perdi tudo que tinha.


     Quanto a premissa menor em relação as áreas atingidas pelas águas desses rios que deixou um rastro de destruição na vida das famílias ribeirinhas e de comerciantes. Ou seja, de pessoas em geral que perderam ou tiveram enormes prejuízos de bens materiais. Além é claro, do prejuízos também causado aos bens públicos e por fim, do acervo pertencente ao patrimônio histórico da Estrada de Ferro Madeira- Mamoré, repito, é preciso termos dois olhares.
     As águas dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira estão baixando, fiz questão de visitar diversos pontos de alegação em Porto Velho, Nova Mamoré e Guajará-Mirim, dessa visitas pude memorizar o tamanho dos estragos, e logo afirmo, não são poucos e nos impressiona o rastro de destruição deixado pelas forças das águas desses rios.


     De outro ponto, ao deparar-me com notícias nos nossos meios de comunicação eletrônicos dando conta que muitos  estão preocupados com o rico material histórico que integram os primórdios da EFMM, possivelmente datados do século 19, quando da primeira construção da ferrovia e veio com a locomotiva 12 - Coronel Church. Matéria jornalística que nos apresenta fotos com rico material que pertencente a história de Rondônia e reapareceram a olho nu a onde estavam enterrados.
     Logo, temos dois olhares, um que precisa está voltado para aquelas pessoas que perderam tudo e que foram atingidas pelas forças das águas dos rios amazônicos. Pessoas que perderam o muito ou pouco que possuíam. Perderam suas casas, seus pertences, suas roças, suas criações e até mesmo seus registros da sua trajetória de vida, ou seja, simplesmente por uma foto que para muitos talvez não tenha tanta importância, mas que fazem parte do seu acervo pessoal da história da sua vida. Essas pessoas estão desalojadas, vivendo da solidariedade das outras pessoas e a angústia ainda toma conta do seu coração sem saber o que vai acontecer amanhã.


     É preciso termos dois olhares, um olhar priorizado para as pessoas que precisam ser cuidadas pós enchente, não desamparar, esquecer ou abandonar, e muitos menos tirar delas a capacidade de sonhar, inclusive o sentimento de esperança por um amanhã melhor, depois de vivenciarem uma enxurrada de lágrimas e noites sem sono, se perguntando o que vão fazer amanhã quando tiver que voltar para o que restou de seu sonho anterior, tendo a triste realidade de se deparar com as marcas da destruição imposta por um fenômeno da natureza.
    Por outro, lado, também temos que nos preocupar com a recuperação das nossas cidades, do bem público atingido, da recuperação das vias terrestres, das áreas necessárias para relocação das pessoas atingidas bem como repensar o que fazer com as áreas de riscos para novamente não voltarem a ser ocupadas.