É um desafio escrever sobre religião e
política num país polarizado por duas grandes forças políticas antagônicas,
principalmente quando temos uma força empurrada pelo fundamentalismo religioso
evangélico tropical. No presente texto e na véspera do governo Lula completar
cem dias, percebemos que o campo evangélico ainda parece estar em dificuldades
para reorganizar suas bases em torno de um projeto político comum após a Esquerda
voltar a ocupar o Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios na capital
federal.
O fato é que os ventos políticos progressistas das primeiras décadas do atual século, em especial, ocorridos durante os governos Lula e Dilma, deixaram em ebulição os evangélicos no país. Em face disso, evangélicos da posição de que crente não deve se meter em política passaram a adotar uma postura mais militante, defendendo um projeto de poder de querer converter as instituições sociais e políticas do país em difusores do cristianismo fundamentalista com o seguinte lema: “O Brasil é do Senhor Jesus.”
Desde a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas urnas, a ocupação da frente dos quartéis pedindo a volta da Ditadura Militar e da tentativa de Golpe de Estado em 8 de janeiro, os evangélicos têm procurado deixar de lado o envolvimento político por conta dos desgastes criados no ambiente interno das igrejas, o que fez com que alguns pastores e líderes adotassem um caráter mais pragmático, ou seja, preferindo retornar ao estilo tradicional do que dobrar a aposta bolsonarista.
Contudo, não pode negar a força ideológica que a extrema-direita desperta nas mentes e nos corações dos evangélicos brasileiros. Em face disso, o campo progressista brasileiro precisa aprender a dialogar com os evangélicos como forma de vencer a bipolarização, o discurso do ódio e acabar com a espera de um “Novo Messias”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário