sábado, 19 de fevereiro de 2011

O professor, a enfermeira e o doutor
...aprendi que as pessoas com quem você mais se importa na vida,
São tomadas de você muito depressa...
“o sábio”

            O amor é uma jornada, cujo ponto de partida é o sentimento. Assim, se formou um triângulo amoroso entre um professor, uma enfermeira e um doutor. Que vem retratar profundamente a sensibilidade de um ser “apaixonado” pela vida, desde ao nascer, quando o relógio do tempo começou a funcionar a partir de sua existência.
            Esse apaixonado é um professor, que acha que dominou o mundo da sua existência interna, mas não aprendeu a dominar o mundo de sua existência externa, ou seja, os inúmeros territórios conflituosos que cercam a alma. Pensou em se tornar um gigante da ciência, mas foi jubilado pelo tempo perdido. É um frágil menino que não sabe pilotar a velocidade de suas emoções, desconhece os segredos que tecem o giz da sua inteligência.
            Enquanto os intelectuais buscam a felicidade nos livros, não encontram! Porque há mais mistérios entre a razão e a emoção, dos que amam o mundo do conhecimento e viver sem ser amado, parece-lhe intolerável, nada pode consolá-lo ou distraí-lo. Ele fica só, entregue a si mesmo, sem força, sem alvo. É o delírio do desespero.
            Assim, este jovem professor conheceu uma futura enfermeira, que cinco anos se fez viver na terra onde o sol nasce primeiro. Amaram-se e tentaram seduzir a felicidade, o amor, a compreensão, o companheirismo, a renúncia, ou seja, fez pertencer em suas almas o prazer de viver. Juntos, passearam, viajaram, machucaram-se, separaram-se, voltaram e até mesmo, apreciaram viver perigosamente.
            Mais chegou o dia que o jovem professor sentiu fugir de suas mãos a felicidade ao atender um telefonema em uma noite cheia de estrelas. Era a enfermeira lhe falando: “eu parti de volta para minha terra decidida a não mais voltar. Preciso do cheiro de gente bonita da minha terra e cresça em meio aos transtornos da vida, eu me encontro no prazer imediato, não fico aos que despreza o seu futuro e as inconseqüências dos seus atos. É a lógica numérica, jamais compreenderá a lógica da emoção, onde não poderá me oferecer um império de roupas de grifes famosas, jóias caras, bons perfumes, bons restaurantes, carros de luxo, viagens atc... Assim, me esqueça! Está tudo acabado, pois achei um doutor, mesmo sem amá-lo, ele irá me dar o que você não pode me oferecer! Porém fico convencida que falta ao doutor o prazer de estar ao seu lado e nos meus pensamentos, se isso lhe conforta!”
            O professor saiu a chorar pensando, no seu caminho encontrou o amigo que tanto o ama, a exemplo bíblico do amor de Jônatas para com Davi, que na angustia se faz o irmão. Relatando ainda chorando ao seu amigo, sobre a opção de troca do grande amor de sua vida por um médico que lhe ofereceu um império de riquezas.
            E o seu amigo lhe confortou dizendo: “o sentido da vida se encontra num mercado onde não se usa dinheiro! Acontece com o amor, o mesmo que acontece com as estrelas, brilham em um oceano escuro que desaparece ao amanhecer. Esse moer de espírito, faz você perder a natureza da própria inteligência e como dizia Machado de Assis, “ fazer do talento uma máquina, uma máquina de obra grossa, movida pelas probabilidades financeiras do resultado, é perder a dignidade do talento e o pudor da consciência”. Você cometeu loucuras de amor para viver esse romance, um mundo de obstáculos havia entre você e sua amada, contudo, a vida só teria sentido se você a encontrasse e se unisse a ela, sem valer a opinião dos outros”.
            Um dito popular afirma que precisa um dia para conseguir e mil dias para se reconquistar, mais você não irá respeitar esta ordem cronológica do tempo, pois usará da bravura de lampião, da força de um átomo para ultrapassar as serras do semi-árido, nadar nas águas do Rio São Francisco, correr enormes perigos em seu caminho para reencontrá-la e ira dizer: de hoje em diante, eu e você seremos um, jamais desistirei de você e a amarei para sempre!
            - E o doutor?
            - O sábio já respondeu!

Escrito em janeiro de 2005.

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