Assistindo ao debate promovido pela Rede
TV entre os candidatos a prefeito Lindomar Garçon (PV) e Mauro Nazif (PSB) na
noite de ontem (18/10), esse último recomendou a violência como processo
educativo, provocando na hora a minha indignação como educador. Levando-me a
uma profunda reflexão do exercício da profissão de professor na sala de aula e
relação com o educando.
Recorri a um estudo dos pesquisadores em
psicologia da Universidade Federal do Paraná sobre o uso de palmadas e surras
como prática educativa. O artigo cientifico organizado pela Lidia Natalia
Dobrianskyj Weber, nos apresenta uma reflexão sobre várias indicações como as
crianças eram tratadas no passado quando nos relata provérbios bíblicos ou ditos
populares mostrando indicações para o uso de punição corporal como método disciplinar
há milênios. “A vinculação da punição corporal com a disciplina vem sendo transmitida
ao longo de muitas gerações como verdades inquestionáveis, consideradas modelos
a serem seguidos pelos pais na educação de seus filhos”.
Ainda em seu artigo cientifico, a psicóloga
cita: “Rousseau, no século XVIII, marcou um novo conceito de infância: ela não
era corrupta, mas poderia ser corruptível”. Não era algo contra o que se
devesse lutar, mas era preciso cuidá-la para que não se deformasse em erro
(Mello Neto, 1998). A criança começou a ser valorizada como um ser humano que
necessita de cuidados e atenção especiais. Esse período marcou uma maior aproximação
entre os filhos e seus pais verdadeiros, pois, nos séculos anteriores, a
criança ficava sob cuidados de pessoas alheias à família, mas gradativamente
ela passou a ter um contato mais intenso e também afetivo com seus pais (Ariès,
1978; Roig & Ochotorena, 1993).
A equipe de Marketing do candidato Mauro
Nazif (PSB), precisa explica-lo que mesmo “a valorização da criança sendo muito
tardia e que só se tornou um sujeito de direitos no século XX, ou seja, em
1959, na Assembleia Geral da ONU, na qual foi promulgada a Declaração dos
Direitos da Criança”. Assim, “a conscientização sobre a particularidade
infantil levou muitos estudiosos a pesquisarem e conhecerem melhor todo o
processo de desenvolvimento infantil, as práticas educativas usadas pelos pais
e suas relações com o comportamento dos filhos. Neste contexto surge o debate
sobre o uso da punição corporal, prática milenar que se perpetua até os dias
atuais”.
A Lidia ainda nos ensina que “a questão
da punição, como estratégia disciplinar, ultrapassa o conhecimento da ciência e
chega à ética; é preciso entender “quando e por que os pais escolhem a punição
como uma tática de socialização” (Parke, 2002, p. 600) e que direito temos para
infringir dor a uma criança se há tantas outras possibilidades e outros métodos”.
E o artigo finaliza em seu último
paragrafo com a seguinte mensagem: “nada melhor do que os conselhos de três crianças
que participaram desta pesquisa, as quais enfatizaram o diálogo como o grande
método a ser utilizado, pois pressupõe participação ativa no processo de educar
e preparar uma criança para o mundo: “É preciso fazer campanha para acabar com
as surras; outra coisa que os pais podem fazer é, todo mês, dar uma folha para
a criança escrever o que sente e depois conversar com os pais” (Pedro, 10
anos); “Eu quero dizer que é para os pais não baterem muito forte e para
conversarem duas vezes antes de bater” (Regina, 11 anos); “Educação é tudo”!
Eduque seu filho na maneira adequada. Com limites, mas sem violência” (Tatiana,
14 anos)”.
Assim, o candidato a prefeito e atual
deputado federal Mauro Nazif (PSB) deve fazer uma reflexão sobre a sua incitação
à violência recomendando o uso da palmada no processo educativo. Com a palavra
os senhores pais e educadores!
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