terça-feira, 23 de agosto de 2011


Pensando a primavera árabe
            Para uma nova conjuntura se iniciar, a anterior precisa deixar de existir. Assim, com o fim da ordem bipolar mundial, veio a nova ordem multipolar, ou seja, os dois pólos existentes de tensão deixaram de existir e na atualidade, vários pólos de tensão se criaram, uma forma de movimentar a indústria da guerra e o capitalismo que se encontra em agonia e apresentando sucessivas crises.
            Um conflito armado interno instalado nos países árabes desde o início da primavera, denominando de “primavera árabe” transformou o cenário políticos desses países, num palco de guerra civil e disputa pelo poder. Impressionante é como os rebeldes conseguiram financiamento para rapidamente se armarem, sem contar com as despesas de manutenção da resistência de tais tropas rebeldes.
            Esses conflitos internos que levaram a grande maioria da população a se movimentarem pela derrubada dos regimes ditatoriais na Tunísia, Egito, Síria e por último, a Líbia. Surgi muitas perguntas e questionamentos. Em especial ao líder desse último país citado, Muammar Kadhafi que vem resistindo aos ataques da OTAN e das tropas rebeldes.
            O conflito interno segue, gerando uma terrível e sangrenta disputa, civis inocentes e aliados de ambos os lados morrem todos os dias, as gerações futuras restarão às lembranças de noites e dias de terror, criando enormes traumas emocionais futuros. Além do mais, que tais movimentos ocasionaram grandes prejuízos materiais a esses países.
            Sabe-se que todo conflito, seja ele internamente ou externamente, é em decorrência de uma crise. Nesse período a ordem do país, vira desordem e até que se estabeleça novamente o clima de serenidade e paz, a economia do país e das pessoas, é reduzida ao ponto das pessoas perdem o poder de compra, além de atingir a economia do país como um todo, pois a desestabilização política traz com ela a desestabilização econômica, impedindo o comércio externo, causando grandes percas a balança comercial e capacidade de investimento futuro do país em conflito.
            Agora o que nos chama atenção é como um país como a Líbia, que tinha a sua economia organizada, com as maiores reservas do mais puro petróleo e que as divisas obtidas com sua venda estavam sendo empregada na melhoria constante do sistema público de saúde, com a construção de modernos hospitais, aberturas de estradas e ferrovias, criação de infra-estrutura portuária e aeroviária, pesados investimentos na agricultura em pleno deserto, que tornou o país capaz de produzir frutas, legumes e verduras para matar a fome de seu povo. Construíram-se escolas, universidades e pólos de conhecimento tecnológicos. Pioneiro na região em implantar programas sociais de erradicação da pobreza. Vinha com uma forte política de implantação de programas habitacionais e modernização do setor hoteleiro para abrir o país ao turismo e gerar emprego, renda, mais divisas para o país e de repente ser abatido por um sangrento conflito interno. Surge a pergunta: quem e quais interesses estariam por traz de toda essa ação?
            Então surge outro questionamento maior, qual o verdadeiro interesse da OTAN e da ONU, para desestabilizar a ordem política e social interna de um país e a sua economia? E pior, os ataques realizados pela OTAN que vem matando vários civis inocentes, são defendidos a permanência de tais bombardeios com a afirmação que cumpre mandato da ONU para proteger civis na Líbia. Interessante é que quando pensaram em criar a ONU, foi para promover a paz, não em criar ou manter guerras vivas com o argumento que estão protegendo pessoas inocentes.

3 comentários:

Ozzy Renato disse...

Podemos até fazer uma análise Marxista,e afirmar: Marx tinha razão! O capitalismo vive crises cíclicas. Ponto

Mas fica por aí. Depois que mundo deixou de ser o "mundo bipolar" dos socialistas vs capitalistas, ficou mais complicado "olhar" o mundo, e o marxismo já não dá conta de compreender a realidade, não que devemos descartar totalmente o materialismo histórico, mas a realidade demanda outras metodologias para "apreensão" do real.
Para entender os grandes conflitos hoje, precisamos entender a lógica da alienação causada pela "cultura" religiosa.
É evidente: No passado, o cristão gostava de queimar as pessoas vivas. E esse era o máximo que se tinha em tecnologia.
Hoje o Islã não vai colocar ninguém na fogueira pq existe bomba atômica. E é aí que está o perigo.
Se na época da guerra fria existia o medo que as duas grandes superpotências apertassem o botão vermelho e acabassem com o mundo, hoje quem está os múltiplos botões humanos vermelhos, verdes, brancos, etc são os religiosos.
Assim, nos dias de hoje, a tentativa de salvar o mundo passa pelo combate à religião e suas formas de manutenção que se alimenta da miséria intelectual dos povos pelo mundo.

Abraxx

Luiz Rodrigo Pelay Mesquita disse...

Pensar que tudo isso começou com um mercador tunisiano (conhecido como camelô no Brasil), que ateou fogo em seu próprio fogo, como forma de protesto por não conseguir trabalhar em seu país, fato este que deu ensejo à multiplicação de revoltosos cibernéticos que inflamaram populações que vivam em regimes repressores, para buscar uma transição por meio da revolução e luta. No Egito a pressão popular acabou por derrubar o seu ditador, na Tunísia também, mas regimes como o da Líbia e Síria buscam sua sustentação, mesmo que custe para a manutenção no poder, a vida de civis do seu próprio povo. Este apego só se justifica quando o governante enxerga no Estado a possibilidade de enriquecer às custas do povo, amparado por uma ideologia religiosa radical e o uso da força militar que o governante controla a mãos de ferro.
Pergunto-me se é por amor à pátria e ao povo que os ditadores da Líbia e Síria matam? Por que não realizar eleições diretas e preparar o país para uma sucessão pacífica? Só o apego à luxuria, à riqueza, ao poder pelo poder justifica massacrar inocentes para a manutenção dos regimes.
Que Deus os perdoe, mas pelas atitudes de hoje, arderão no mármore do inferno.

arnaldodasilva1@hotmail.com/ disse...

Repete-se o que houve no Iraque, só que agora a invasão foi travestida de "ajuda humanitária" contra um "ditador sanquinário"! Interessante é que não só no Oriente Médio mas o mundo inteiro está cheio de ditadores sanguinários. Melhor exemplo disso é na África Subsaariana onde diaraimente há banhos de sangue na população civil e niguém vai lá com tropas da ONU para a tal "ajuda humanitária para evitar mortes de civis" Poque será?
Está claro que, como no Iraque, as potências capitalistas estão interessadas em assegurar para sí reservas de energia e é no óleo negro do deserto que estão lançando suas garras. E agora o povo líbio vai pagar caro essa "ajuda" que já estão oferecendo com dinheiro em troca de petróleo, como apressadamente já acenou Sarcosi, da França. Vamos ver também que tipo de "democracia" eles vão implantar lá. Se for igual no Egito, que os milicos tomaram o poder e não estão com nenhum pingo de vontade de deixar, será mais uma revolta que foi simplesmente manipulada com outros interesses e não os do povo.