quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O sonho não acabou...
            Hoje vou render uma homenagem justa a uma mulher que foi exemplo de trabalho em favor dos menos favorecidos da cidade de João Pessoa, bem como nos cantos e recantos do Estado da Paraíba. Uma mulher que nasceu no sertão da Paraíba e como primeira-dama do Estado teve a oportunidade de colocar em prática a sua formação de Assistente Social, desenvolvendo os programas sociais em regime de mutirão quando seu esposo e Governador Wilson Braga, governou a Paraíba no início da década de 1980.
            Essa mulher que ficou conhecida como mãe dos pobres, se trata da ex-deputada federal Lúcia Braga. Pois bem, tive a oportunidade de conviver durante os anos de 1990 até o ano de 1994, quando fiz militância política na Juventude Socialista do PDT. A mulher se tornou símbolo da emancipação dos desvalidos e dos que viviam mergulhados em profunda pobreza na periferia da capital e das cidades interioranas da Paraíba.
            Lúcia foi a mentora das ações da Fundação de Apoio Comunitário – FAC. Essa entidade tinha por objetivo desenvolver os programas sociais de geração de emprego e renda e humanização dos bairros pobres na Paraíba. Acompanhei durante a minha adolescência a sua trajetória política e por ela, tinha uma admiração profunda, principalmente pelas suas posições firmes. Fiquei perplexo quando a ex-deputada deixou de apoiar a candidatura ao senado de Marcondes Gadelha (PFL) da nossa coligação para apoiar a candidatura ao senado de Antonio Mariz (PMDB), candidato contrária ao nosso grupo político liderado pelo ex-governador Wilson Braga.
            Mas a nossa aproximação se deu mesmo no ano de 1992 quando essa se lançou a prefeita de João Pessoa. Infelizmente a deputada federal Lúcia Braga teve a candidatura impugnada, pois configurava continuidade do mandato do ex-prefeito e esposo Wilson Braga, que interrompeu o seu mandato de prefeito da capital, ou seja, este renunciou para disputar o governo do Estado da Paraíba em 1990, ficando sem a prefeitura e sem o governo, pois esse foi derrotado no segundo turno pelo então candidato Ronaldo Cunha Lima (PMDB).
            O ano de 1992 foi marcado pelo impeachment do então presidente da República Fernando Collor de Melo e a deputada Lúcia Braga já tinha tido o seu primeiro revés em sua campanha para prefeita da capital. Pois o Juiz Eleitoral encarregado de deferir a sua candidatura já tinha decidido pela impugnação e a comoção teria tomado conta de todos que estavam a frente da campanha e da população da capital paraibana que desejaria vê-la como prefeita eleita. Mas num pronunciamento de rua, Lúcia pedia para ninguém esmorecer, que a militância do PDT não desistisse, pois iria recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba e que naquele colegiado venceria, que a vontade do povo iria prevalecer e que sua ida a capital federal no dia seguinte para votar pelo fim do governo Collor, seria inevitável e a nossa missão era manter a campanha na rua junto com Chico Franca, o candidato e vice-prefeito na chapa e filho do saudoso ex-prefeito Damásio Franca, reconhecido pelos historiadores da Paraíba como um dos melhores prefeitos que a capital paraibana já teve.
            No dia seguinte fomos fazer campanha no Ponto dos Cem Reis, em pleno coração do Centro de João Pessoa. Um telão foi armado para que todos pudessem acompanhar a votação do impeachment de Collor. Todos nós que fazíamos a militância do PDT estávamos eufórico a espera do voto da deputada federal Lúcia Braga. Aquele dia se tornou especial em minha memória e acredito que a ex-deputada entrou para história política da Paraíba quando ao declarar o seu voto no plenário da Câmara dos Deputados pronunciou a seguinte frase: “O sonho não acabou, voto sim!”

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