sábado, 5 de novembro de 2011

Relembrando o passado e repensando a fronteira


            Quando cheguei a Rondônia, poderia ter ficado em Porto Velho, por sorte, no mesmo dia que cheguei, entreguei o meu currículo ao Gerente de Recursos Humanos da SEDUC, por nome de Ozéas, só não lembro o sobrenome. Este logo me contratou e me levou a presença do secretário de educação Cezar Licório.
            Após muita prosa com Licório e Ozéas, pedi para me apresentar no início de janeiro na SEDUC, pois pretendia passar natal e a noite de ano novo em Nova Mamoré. A justificativa que dei, era que ainda não sabia ao certo, se teria vindo mesmo para me tornar um rondoniense de coração.  Mais o destino nos surpreende, pois quando cheguei à Nova Mamoré, conheci a Vila Murtinho e depois descobri Guajará-Mirim, despertando em mim, a vontade de esquecer a militância política e voltar ao mundo da Academia, ou seja, estudar e estudar. Observei na Região de Fronteira, as suas potencialidades econômicas, culturais e turísticas. No meu imaginário, visualizei um cenário favorável a pesquisa, um espaço a ser estudado e repensado.
            Depois travei uma verdadeira luta para ficar na região, contei com a ajuda do Zé Renato da EMATER, do vereador Joãozinho Clímaco e da Representante de Ensino Doranilda, para ser contratado como professor emergencial em Nova Mamoré. Mais analisem que absurdo, tive que dar aulas de histórias, sendo graduado em Geografia, e pior, um pedagogo dando aulas de geografia na mesma Escola. Quando perguntava por que tinha que ser assim, todos me falavam que era para testar a paciência do caboclo. Pois no passado sempre foi assim, e que no presente, não poderia ser diferente. Eu ficava divagando em casa nos meus pensamentos, ficava rogando a Deus, para que ele perdoasse a ignorância desses educadores medíocres.
            Foram muitas histórias sobre Guajará-Mirim e Nova Mamoré, principalmente quanto ao que já tinha sido isso e aquilo no passado, mais sem presente e bem distante de uma perspectiva de futuro. Povo orgulhoso, com histórias românticas sobre o auge econômico que viveu o lugar. Surgia na boca de todos, explicações sobre o apogeu e declínio do ciclo da borracha, da construção da E.F.M.M, da explosão comercial com a criação da Zona de Processamento de Exportação –ZPE e por fim, a tentativa de revigoramento econômico na última década.
            Perguntava sobre uma possibilidade de incentivo que o governo, tanto a nível municipal como estadual, poderia criar, para novamente alavancar a economia do lugar. Muitos precipitadamente afirmavam que deveria acabar com a ZPE, imagine que absurdo essa idéia. Outros diziam que poderia se investir no turismo, por conta das atrações culturais e naturais, esta última, a fim de promover o ecoturismo. Ainda tinha os mais pessimistas, afirmando que mais de 90% do território do município é constituído de reservas e unidades de conservação, motivo esse que trava o desenvolvimento sócio econômico de Guajará-Mirim e Nova Mamoré.
            A partir de opiniões divergentes, comecei a estudar a História Regional e a Geografia do lugar, pesquisando bibliografias, levantando dados econômicos, analisando a produção florestal na faixa de fronteira e buscando informações nos órgãos de assistência rural e comercial, para in loco, dispor de informações sobre as potencialidades econômicas de Nova Mamoré e Guajará-Mirim, para então, desenhar um mapa com novas possibilidades econômicos, esboçando um imaginário dos setores produtivos que pudessem receber pesados investimentos que promovesse o desenvolvimento sustentável da região de fronteira.

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