segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O sentimento de generosidade


            Como sou grato a professora Lucineide e a professora Ednéia a influenciar-me ler Michael Foucault. Ambas me fizeram tornar-se um apaixonado por este pensador. Ednéia foi quem primeira fez chegar as minhas mãos uma de suas obras, ou seja, a Hermenêutica do Poder, e depois, os maravilhosos diálogos que travei com Lucineide ao ler Vigiar e Punir, além de ter lido, História da Loucura na Idade Clássica, História da Sexualidade (Tomo I e II), Nascimento da Clínica e o mais recente, Segurança, Território, População.
            Na obra História da Sexualidade (Tomo II) de Foucault, muito me leva a intensas reflexões, fleches vem a minha memória, assim vou consultar alguns textos. Um sentimento me levou a reler as Artes da existência e substância ética, que me levou a tirar o seguinte recorte do texto para poder entender a arte da existência: “práticas refletidas e voluntárias através das quais os homens não somente se fixam regras de conduta, como também procuram se transformar, modificar-se em seu ser singular e fazer de sua vida uma obra que seja portadora de valores estéticos e responda a certos critérios de estilo” (Foucault, 1998).
            A palavra singular reluz em meus pensamentos, ao me perguntar uma definição real o que Foucault entendia pelo “ser singular”? Nesse texto, ele vai tratar da substância ética que será submetida aos jogos da verdade e do poder das regras morais sob as quais vivemos. Assim, quando vem em nossos pensamentos o desejo de modificar-se, logo pensamos em modificar uma parte de nós. Essa parte ao longo do tempo teve as seguintes variáveis: o domínio do desejo carnal; a força física para o combate ou as práticas de resistência; a dietética (como, quando e por que comemos); a erótica (como, quando e por que amamos); a economia (como, quando e por que trabalhamos)… Essas diversas “substâncias” são alvos de vários exercícios, de práticas de ascese.
            No jogo do poder, me surgem as seguintes perguntas: quantas mudanças podemos decidir fazer em nossas vidas? Vale à pena discutir quem tem razão? Por fim, é preferível ter razão ou ser felíz? Não desejo tratar de Leis que trazem mudanças em nossas vidas, quero sim, tratar da realidade que nos cerca no cotidiano, para então, tentar responder as perguntas acima. Assim, afirmo que nesse jogo, surge conceitos equivocados, a final, todo costume se esconde sob o manto de um pseudo mundo da falsa moral. Pois, tais mudanças, bem com a busca da razão ou da felicidade, se resumem no comportamento egoístas de muitos ser humano. Sendo necessário, fazer desses ser humano, um ser mais generoso. Pois a modernidade, fez com que esse homem moderno, esquecesse de viver para si e para os demais que estão aqui, bem como para os que virão.
            Compreendo que a generosidade é de grande importância para vida de cada ser humano, que a vida moderna tem cada vez mais deixado o homem envolvido pelo jogo do poder, tornando-o frio, calculista, materialista e egoísta. Esses sentimentos nas sociedades de consumo são sinônimos de materialismo, de cobiça e da busca exclusiva de prazeres. Levando à insensibilidade e a uma sede infindável por riqueza e poder.
            Cresci ouvindo de minha mãe, que ninguém pode dar o que não tem, ensinar o que não sabe. Assim, misturo a filosofia pura, com a prática da vida, afirmando que nos esquecemos de ser generosos uns com os outros em nosso cotidiano, que nessa vida tudo tem seu tempo. É preciso combater tais sentimentos egoístas com desprendimento, é preciso amar mais uns aos outros e a própria natureza através da contemplação. Mantermos unidos pelo sentimento da cumplicidade, do conhecimento, do coração, da razão, da felicidade, e lembro ainda, que homens desunidos no jogo do poder, são homens domináveis.

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