quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Os ensinamentos antigos

            Sua Exa. Revma. Ambrósio, Bispo Ortodoxo do Recife

            Sempre gostei de conviver com outras culturas, costumes, gastronomia e religiões. Penso as vezes que nasci para ser um peregrino, quem sabe, uma pedra bruta a ser lapidada, um eterno aprendiz. Assim, tive a oportunidade de conviver com alguns monges da Igreja Autocéfala Ortodoxa da Polônia no Brasil que mantêm um mosteiro vivo no município de Conde, no Estado da Paraíba.
            Nele tive oportunidade de participar de algumas liturgias, ceias, ciclo de estudos e orações. Sinto falta dos bons conselhos do Padre Lucas e do Arcebispo do Nordeste e Olinda, Dom Ambrósio. Bem como do Padre Atanásio da Igreja Grega Ortodoxa com sede no Estado do Rio de Janeiro.
            Um dia recebi a ligação do Padre Lucas me convidando para uma liturgia familiar, justifiquei que não poderia comparecer, pois estava resfriado, este de pronto ao telefone, mandou que eu chorasse muito, mas muito mesmo. No momento dei uma pausa ao meio da ligação, fiquei pensando ao telefone sem muito entender o conselho do Padre e fiz a pergunta, afinal fiquei curioso para saber o que tinha a ver o resfriado com o choro.
            Este me explicou que o resfriado escorre quando o corpo não chora. Chorar alivia, então chore sempre que sentir vontade. No passado, a pior crença repassada por nossos antepassados era: homem de verdade não chora. Então muitos homens guardaram tão profundamente suas dores e sofrimentos que acabaram cedo com sua saúde e morreram antes do tempo. Precisamos tirar um momento para rir, chorar, brincar, viajar, fazer exercícios físicos, dançar, curtir a vida. Equilíbrio! E lembre-se: chorar de vez em quando, é natural, faz bem e só mostra que você tem sensibilidade e não tem medo de mostrar suas emoções.
            A partir de minhas lembranças, mergulhei numa profunda reflexão e a partir desse ensinamento sábio do Padre Lucas, eu poderia ter chorado as minhas fortes emoções durante meus dias de aflição e arrependimento para não amanhecer com um forte resfriado. Afinal, um amigo falso e maldoso, é mais temível que um animal selvagem. O animal fere nosso corpo, mas um amigo falso sempre fere a nossa alma.

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