sábado, 24 de setembro de 2011

Dilma na ONU


            O Brasil entrou essa semana (21/09) para a história da Organização das Nações Unidas em seus 66 anos de sua existência, pois é tradição o nosso país abrir a Assembléia Geral da ONU, sendo assim, a presidenta Dilma Rousseff se tornou a primeira mulher a falar para centenas de líderes mundiais e para o mundo inteiro ouvir e refletir sobre as palavras usadas em seu discurso. Para ela, quem se exprimia ali, naquele momento, era a “voz da democracia e da igualdade”, que se amplia no mundo.
            A presidente por quatro vezes arrancou palmas dos presentes num discurso de 24 minutos, ao abordar temas de grande relevância para a geopolítica dos países membros. A presidente abriu seu discurso defendo a idéia que o Brasil passe a ter assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, também defendeu o reconhecimento formal da Palestina e seu ingresso na ONU e os países devem enfrentar a crise econômica global com crescimento e, não, recessão.
            Quando esta defendeu o assento permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, a presidente Dilma justificou que o “O mundo precisa de um Conselho de Segurança que venha a refletir a realidade contemporânea, que incorpore novos membros permanentes e não permanentes, em especial, representantes dos países em desenvolvimento” e o “O Brasil está pronto para assumir suas responsabilidades como membro permanente”, disse a presidente Dilma.
            Todos sabem que a presidenta Dilma foi vitima da Ditadura Militar, que teve um passado marcado pela perseguição e a tortura política do regime ditatorial, por isso leva a crer quando foi enfática em defender um Conselho de Segurança mais legítimo e com mais eficiência para coordenar respostas a situações surgidas, por exemplo, na “Primavera Árabe”, com manifestações a reivindicar democracia e liberdade numa série de países. O Brasil, disse Dilma, se solidariza com o “ideal de liberdade” e repudia “com veemência a repressão brutal” que vitimou civis nestes movimentos e ainda aproveitou para condenar “o autoritarismo, a xenofobia, a miséria, a pena capital e a discriminação” como “algozes dos direitos humanos” - presentes em todos os países, é preciso reconhecer, disse a presidenta ao meio do seu discurso.
            Ainda em sua fala, a presidenta Dilma saudou o país caçula da ONU, o Sudão do Sul, que debutou na Assembléia Geral, lamentando não poder dar uma segunda boas vindas, neste caso, ela se reportou a Palestina. Deixando bem claro que o sonho de soberania é um direito “legítimo do povo palestino” que, se realizado, ajudaria a promover a paz no Oriente Médio. “Acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título”, afirmou Dilma, que outra vez inspirou palmas.
            A presidenta Dilma disse esta orgulhosa de prever esse século como o “século das mulheres”, e foi direto ao assunto que mais agita a comunidade internacional no momento, por atingir diretamente países ricos: a crise econômica global. Foi o tema que mais ocupou espaço em seu discurso classificando o momento atual de “extremamente delicado”.  Afirmando que não é hora de procurar culpados pela crise, até porque já são bastante conhecidos. Criticou a falta de “recursos políticos”, em especial nos países ricos, para resolver os problemas. Reclamou do protecionismo como opção. Lamentou os efeitos sobre o desemprego, hoje superior a 200 milhões no mundo.
            Ainda em seu discurso, defendeu que os países em desenvolvimento podem ajudar a atravessar a crise, mas é preciso que fóruns globais como a ONU, o G20 (grupo das maiores economias do mundo), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) conversem e negociem mais. É necessário, disse, regular mais o setor financeiro. E, sobretudo, preferir a arma do crescimento à da estagnação e “a solução do problema de dívida [dos governos] deve ser combinada com crescimento econômico. Há sinais evidentes de que os ricos estão no limiar da recessão” e “a prioridade mundial” deve ser resolver a questão fiscal daqueles países, pois “sem crescer e gerar receita, seria mais difícil”.
            A presidenta foi mais além, quando ao afirmar que o Brasil tem sido menos afetado pela crise, embora “a capacidade de resistência do nosso país não é ilimitada”, mas dizendo que promoveu ações de governo para criar a possibilidade mediante que o Brasil tem hoje de usar o mercado interno para sair-se bem, em meio a turbulências criadas pela crise financeira mundial e encerrou seu discurso, voltando ao tema da participação feminina na política. Saudou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, por estimular esse tipo de debate, ao coordenar a criação da ONU Mulher, referência essa, que rendeu a Dilma sua quarta salva de palmas.

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