sexta-feira, 28 de outubro de 2011

As entranhas da República das Alagoas


            Recentemente estive em Brasília, a nossa capital federal, nessa visita tive a oportunidade de conhecer o presidente nacional do Partido Trabalhista Cristão (PTC), Daniel Tourinho, pelas mãos do meu amigo Jair Montes, presidente regional do Partido Trabalhista Cristão (PTC) rondoniense.
            A principio pensei que a conversa não seria tão demorada, mais como se diz nos botecos cariocas, uma conversa puxa a outra. Nas primeiras palavras, vi no Daniel Tourinho uma pessoal extremamente inteligente, um grande conhecedor do jogo de poder e de articulação política, um homem público experimentado, pois bem, esse não só protagonizou como vivenciou a República das Alagoas formada no governo do Presidente Collor de Melo.
            Esse nos contou fatos políticos na integra de sua militância política. Desde a formação do Partido da Juventude (PJ), da convivência com Leonel Brizola (PDT) e o seu engajamento pela campanha das Diretas Já. Como conheceu o governador Fernando Collor de Melo (PMDB) do Estado de Alagoas, da sua aproximação com Collor e como se deu a saída e renúncia do governo do Estado de Alagoas, para então, concorrer à presidência da República. Não mais pelo PJ, mais sim, pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN).
            Foi um privilégio ouvir Daniel Tourinho, ou seja, ele decorrendo os fatos da pré-campanha de Collor a presidência, das filiações de governadores, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores. Em fim, do inicio da campanha como caçador dos marajás ao acirramento no segundo turno com o candidato petista Luiz Ignácio da Silva, o Lula. Fazendo de Collor o preferido das elites paulicéia no segundo turno, porque tinha medo do Lula e do PT no poder.
            A cada minuto de conversa com Daniel Tourinho, ficava ainda mais interessante, pois não é todo dia que você houve uma testemunha viva de fatos que marcaram a história do nosso povo e a história do nosso país. Este nos contou detalhes desde a vitória no segundo turno, a festa de realização de posse, a escolha da equipe de governo, da elaboração do Plano Collor para conter a inflação, a influência de Paulo César Farias, o famoso PC Farias e o esquema que mantinha de contas fantasmas com Ana Acioli e o motorista Heriberto Freire, da famosa “Regra de Ouro” na política e na vida pessoal, que culminou com o Impeachment do Presidente Collor .
            E para relembrar um pouco dos fatos, fui buscar na revista Veja, na edição de 30 de setembro de 1992 o seguinte recorte:
     “Sandra e Eriberto deram às investigações os empurrões que faltavam para que elas chegassem a um desfecho irrefutável. Foi então que, começando a se sentir de fato acuado, Collor apelou para a disputa de cores, nas ruas, naquele desafio insano. "Vamos mostrar a essa minoria que intranqüiliza diariamente o país que já é hora de dar um basta a tudo isso", desafiou o presidente, pedindo que os brasileiros, no domingo seguinte, 16 de agosto, saíssem às ruas de verde-amarelo.
     Foi demais. Até ali, o povo estava indignado, mas permanecia quieto, paciente. Em meados de julho, época em que o grosso dos fatos levantados pela imprensa e esmiuçados pela CPI já havia sido divulgado, uma passeata a favor do impeachment, organizada pela Confederação das Mulheres do Brasil, atraiu 300 pessoas. Elas não conseguiram sequer atrapalhar o trânsito da Avenida Paulista, em São Paulo. Bastou o desafio das cores feito por Collor para que a coisa adormecida acordasse, rugisse e se multiplicasse pelo país inteiro. Muitos presidentes foram hostilizados ao longo da História do Brasil. Washington Luís, em 1930, precisou sair escoltado do Palácio do Catete, onde entraria Getúlio Vargas. Vinte e quatro anos depois, Getúlio o deixaria num esquife. Juscelino Kubitschek enfrentou duas revoltas armadas, João Goulart foi deposto pelos militares sob o aplauso da classe média, Costa e Silva era chamado de burro, além de ditador, João Figueiredo se recolheu depois de ouvir desaforos numa praça de Florianópolis e José Sarney, no final de seu governo, não podia mais aparecer em público. Mas jamais houve um repúdio coletivo tão amplo, acima dos partidos e das ideologias, como o que o país fez contra Collor, simultaneamente, de norte a sul, a partir do momento em que os brasileiros foram chamados a apoiar o que execravam.
     Vestidas de preto no Brasil todo, as multidões transformaram o 16 de agosto num domingo de luto. O luto era só por Collor, porque os manifestantes estavam alegres, à frente os estudantes de rostos pintados. Desfraldaram faixas mordazes, carregaram cartazes divertidos, cantaram musiquinhas maliciosas, espalharam sua sede de justiça e fizeram com que ele - o povo - se incorporasse em massa a um movimento pela moralidade, que não levou em conta opções políticas, classes sociais e gerações.
     Diante do sucesso da minissérie Anos Rebeldes, foi inevitável que surgissem comparações com as passeatas estudantis que marcaram o ano de 1968. Nada mais diferente. Na ocasião, os estudantes enfrentavam uma ditadura militar, que os reprimia com soldados, cassetetes, cachorros amestrados, bombas de gás lacrimogêneo. Em 1992, o Brasil vive numa democracia, na qual se permite bradar contra roubalheiras, com as autoridades de trânsito desviando o tráfego de veículos para abrir caminho a manifestantes protegidos a distância pelas forças policiais. "Se cada época tem seu som, o de 1968 vai ser encontrado nas ruas, em meio aos ruídos de bombas, cascos de cavalos, sirenes", escreveu o jornalista Zuenir Ventura, em seu livro 1968 - O Ano que Não Terminou. O som de 1992 é outro”.

Um comentário:

Anônimo disse...

OS PRESIDENTES DA ZONA ALOGENA E POLITICOS SÃO FDP´S MAS NINGUEM METE O PAU NELES SÓ FALAM DOS SARNEYS ETC AS ROSARIOS POR SEREM GAUCHAS OS LIDERES DOS MSTS IDEM FODA-SE O MERDIL