terça-feira, 18 de outubro de 2011

O menino que recolhia selos


Mais um dia de aula, a professora abre o livro da lição e pede que os alunos também abram na mesma página. Essa nova lição mudaria o cotidiano de um menino devido ao seu imaginário pertencer a uma cidade do interior. A lição trazia um texto narrativo sobre selos e a professora ao escolher alguns para realizar a leitura, estes ficaram responsável pela leitura dos parágrafos, seriam um verdadeiro teste de leitura e interpretação, para alguns uma satisfação, para outros, uma tortura provocada pela timidez ou vergonha de ainda não saber ler corretamente.
Terminada a aula, o menino volta para casa, contemplando a paisagem urbana e os detalhes da larga avenida que corta a cidade de Rolim de Moura, capital da Zona da Mata rondoniense. Seu olhar se inspirava na inocência de criança, este ficava fitando de um lado os canteiros com árvores e flores, do outro, vitrines e mais vitrines das lojas, pessoas pra lá e pra cá, carros, motos e jericos dominavam as ruas, num intenso barulho e levantando no ar, a poeira do desenvolvimento.
Mas perto de casa, viu o carteiro à porta de sua casa, logo sua mente borbulhou em pensamentos, saiu a correr em direção ao carteiro e ao chegar próximo, logo perguntou como faria para conseguir selos, pois desejava começar a colecioná-los igual como o garotinho da lição. O carteiro lhe informou que este teria que começar a comprar os selos, mas de imediato, o menino disse que não tinha dinheiro e de pronto, o carteiro lhe sugeriu que poderia por começar a guardar as cartas que recebe em casa, pois nelas, estão os selos que darão início a sua coleção.
A partir desse dia, o menino começou a guardar os envelopes que sua mãe descartava e criou o hábito de visitar algumas latas de lixo da vizinhança, atrás de envelopes sem mais utilidade aos seus destinatários. Este intuitivamente quando retornava um dia da aula, resolveu revirar a lata de lixo da prefeitura, para grande surpresa, esse menino se viu como um garimpeiro quando descobre um fio ouro e já pensou que precisava de uma caixa maior, pois a sua caixinha de sapato em baixo da cama ficaria pequena para tanto envelope.
A cada novo envelope, contendo um novo selo, o menino ficava contemplando cada um a cada vez que sua coleção aumentava. A sua imaginação fluía, aumentava o seu desejo de conhecer o mundo, de vivenciar outras culturas, de estudar os fatos históricos, de provar outras comidas, de buscar informações do passado dos personagens, de vivenciar a natureza e de aventurar-se a descobrir o mundo.

Brasilia, 18/10/2011.

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