sábado, 21 de janeiro de 2012

Pra onde vai a nossa memória?

Escritor Mario de Andrade visita Marco Rondon em 1927.
Apenas Vinte dias do bravo banzeiro sepultou 100 anos de história

        Diante do ocorrido com o “obelisco” fincado no meio da mata, nas margens do Rio Madeira pelo então sertanista Marechal Cândido Rondon, servindo como primeiro delimitador territorial bem antes do Território do Guaporé, nessa última quinzena de janeiro de 2011, deixou de existir para as gerações futuras, pois com a abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, o efeito da água provocado pelas ondas fortes no leito do rio, dragando as suas margens por mais de 40 metros e arrastando tudo que se encontrava pela frente, inclusive o “Marco Rondon”, um dos principais símbolos do patrimônio histórico rondoniense.


         Pesquisando sobre o significado de Patrimônio Histórico, esse blogueiro achou o seguinte conceito mais próximo do coerente, ou seja, “refere-se a um bem móvel, imóvel ou natural, que possua valor significativo para uma sociedade, podendo ser estético, artístico, documental, científico, social, espiritual ou ecológico”.
         Assim, ninguém é inocente pra não saber o significado do pouco patrimônio histórico existente no nosso Estado, sendo o principal sítio, a nossa capital, detentora de um dos acervos mais ricos da passagem de Rondon com a linha do telegrafo e do que sobrou da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. São valores históricos que precisam ser conservados, inclusive os casarios antigos que estão sendo derrubados, reformados e substituídos por construções modernas. Esse acervo cultural marca o nascimento da nossa capital e do nosso Estado, que compõe a paisagem e incorpora nas lembranças dos que vieram antes e depois, ou seja, pioneiros, bandeirantes e, para a geração presente, faz parte do seu cotidiano como referência a um passado de bravura e desbravamento de homens que deram a sua vida para escrever cada capítulo da nossa história.


         A preocupação pela preservação do patrimônio histórico teve inicio no Século XIX após a Revolução Francesa e Industrial, visando restaurar monumentos e edificações antigas que compunha o cenário histórico das cidades destruídas pela guerra. Assim, diante do atual abandono ao nosso acervo histórico cultural que compõe os elementos principais do nosso patrimônio histórico, em muito se perde pelo nosso Brasil a fora em relação ao tema. Portanto, esse blogueiro vem se valer da seguinte opinião do renomado professor da nossa história regional Marco Antonio Domingos Teixeira Guerra ao afirmar que é “triste ver que ainda vivemos em uma terra sem lei. Lugar de ninguém, onde os que chegam se sentem donos daquilo que nunca lhes pertenceu e se julgam no direito de nos falar sobre o que é ou não é relevante e histórico. Puro descaso, pura ‘falata’ de aplicação da lei, omissão do IPHAN e de outros órgãos encarregados de zelar pelo patrimônio, cultura e tradições. Isto tudo sem falar nos impactos diretos sobre as populações residentes. Até quando viveremos neste limbo da legalidade e da cidadania?”.


         Sendo assim, ainda comungo das palavras finais do professor Marco Antonio Domingos Teixeira Guerra quando defende que é “hora de criarmos um REAJA PORTO VELHO. Até quando vamos assistir impassíveis a todo esse desmando e pilhagem de nosso patrimônio?”. Bem, população de Porto Velho e do nosso Estado, fica o registro da nossa indignação quanto à destruição do nosso Patrimônio Histórico, com a perca dos nossos símbolos de grande valor e referência histórica para as futuras gerações. Nada terão pra ver como era a cidade antiga, bem como o acervo cultural pertencente ao nosso cenário histórico, o que é muito lamentável.


Crédito das fotos: www.rondoniaovivo.com.br

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