sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Primavera Árabe

         Faz tempo que parabenizei Dr. Bruno Cabral pela lucidez de um artigo publicado no Jus Navigandi que nele expressava uma avaliação do fenômeno da primavera árabe. Quando realizei tal proeza, me referi que o mundo estaria vivendo um momento histórico e importante para a humanidade. Afinal, o "mundo árabe" reacendeu o debate em torno do imperialismo estadunidense, ou seja, "todos os caminhos levam a Casa Branca".
         Sabe-se que todo esse fenômeno começou com uso das redes sociais, para organizar protestos visando derrubar os regimes autoritários no Norte da África e Oriente Médio. Na verdade, o grande pano de fundo para essa onda de revolta foi a escassez de trabalho para uma grande camada de população jovem e estes querendo também experimentar a liberdade, ou seja, conviver com a democracia, mesmo que não se tenha a liberdade econômica.
         Quando veio a cair a primeira ditadura na Tunísia em dezembro de 2010 a partir de cenas fortes de um desempregado que ateou fogo em seu próprio corpo, cenas estas que marcaram a mente de quem as assistiram, daí em diante, viu-se a queda da ditadura de 23 anos sob o comando de Bem Ali e o mundo até o presente momento, vem assistindo aos capítulos de tal fenômeno geopolítico.
         O caso mais emblemático desse fenômeno que surpreendeu os estudiosos da geopolítica foi à saída da população egípcia às ruas para exigir o fim da ditadura de Hosni Mubarak, este que teve por trinta anos no poder no Egito com apoio dos EUA, apoio esse estratégico e por interesse dos próprios estadunidenses no jogo geopolítico, ou seja, bem próximo ao epicentro do conflito entre Palestina e Israel.
         O fenômeno não ficou apenas nas areias do Egito, continuo como uma grande tempestade de areia no deserto, avançando sobre a Líbia de Muamar Kadafi, levando esse país a uma grande guerra civil e a tomada do poder pelos rebeldes com apoio da OTAN, formando um governo provisório, que ainda não se sabe a onde vai chegar por conta da disputas das tribos existentes e que foram unificadas no pós Segunda Guerra Mundial, entretanto, mesmo com o anúncio da morte do ex-ditador Kadafi (20/10), não se pode fazer uma avaliação concreta do que vai acontecer, pois ainda é cedo para dizer se os conflitos ou disputa de poder cessaram, afinal, muito a o que se fazer para arrumar a casa e deixar aflorar a democracia na Líbia, fato novo para o mundo árabe.
         O fenômeno da primavera continua no mundo árabe com o apoio da OTAN, essa ainda questiona as ditaduras que resistem a tal fenômeno, pois as ditaduras na Síria de Bashar AL-Assad, no Bahrein do rei Hamad e do Iêmem do ditador Ali Abdullah Saleh há 33 anos no poder, esses vem enfrentando grandes pressões populares e da comunidade internacional. Entretanto, estes ditadores estão revidando com grande força militar, levando milhares de civis à morte para se manter no poder.
         Sabe-se que no passado os EUA financiou estes ditadores para chegarem ao poder por questões estratégicas e não se sabe o porque, que de repente mudaram de idéia em não os querer mais com o poder. Se é na verdade por razões financeiras que mudaram de idéia, afinal, o capitalismo encontra-se em crise e a indústria bélica o faz florescer desde a antiguidade, criando-se novos personagens num cenário onde se tem grupos radicais islâmicos que  se tenta acreditar na possibilidade de experimentar conviver com a democracia no mundo árabe. E mais um pouquinho, que "democracia" é essa que para ser exemplo a ser seguido, precisa escravizar economicamente povos de várias nações? Pensemos nisso!

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