domingo, 31 de julho de 2011

Não vamos enterrar um homem, vamos plantá-lo – Parte IV
            Nossa viajem prosseguiu, logo passamos pela frente da Fazenda Santa Carmem e Nando foi logo me dizendo que era a maior da região de fronteira do Estado. As suas terras desde as margens da BR. 364 e findaria próximo ao Distrito de Nova Dimensão (D-28) pertencente à Nova Mamoré.
            A minha curiosidade era crescente, meus olhos contemplavam aquela propriedade e o sentimento de admiração se tornava palavras em ver tanta terra formada e tanto boi pastando. Mas em determinando kilometro também foi possível uma plantação de soja experimental, logo o motorista do alternativo nos informou que também pertencia a Santa Carmem.
            Minha imaginação se voltava para os aspectos geográficos da paisagem que naquele momento estava inserido. Minha mente tentava formatar as leituras da geógrafa Emilia Moreira que escreveu boa parte do capítulo sobre a Reforma Agrária na Paraíba. Meus pensamentos borbulhavam quanto às possíveis interpretações que a mesma poderia fazer sobre as margens da BR. 364 naquele ponto, apresentando cenários de contraste, ou seja, de um lado a pecuária, do outro da soja e ao fundo a floresta, era como se fosse um grande teatro armado a céu aberto.
            Mais a frente, passamos por uma lanchonete isolada por nome de Castelinho, o nome tem tudo haver com a sua apresentação aos nossos olhos. Não paramos, mas fiquei me perguntando como viver naquele lugar de forma isolada? A única companhia seria os passantes quando decide fazer um lanche, me chamou atenção o ambiente e a atividade comercial resistindo ao tempo num lugar esmo.
            Logo chegamos ao entroncamento e saímos da BR. 364 e entramos na Br. 425 que nos leva aos municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim. Meu amigo Nando já bem acordado e aliviado do cansaço da viagem começou a detalhar todo o trecho da viagem, parecia mais um grilo falante e minha mente se detinha aos detalhes de sua fala e perguntas e respostas surgiam dentro do carro e todos foram contagiados e a conversa virou uma verdadeira roda de samba.
            Mas era natural Nando detalhar o lugar, afinal, ele tinha nascido e se criado no lugar, conhecia de tudo e cresceu junto com a região. Para minha surpresa, chegamos a primeira ponte de ferro que tinha sido usada pelas locomotivas da E.F.M.M e agora em plena modernidade, estava servindo não mais as máquinas a vapor, mas sim, as máquinas a combustão.
            Vendo a construção antiga e o seu uso, fiquei imaginando as dificuldades encontradas pelo homem para enfrentar as diversidades da floresta e construir uma obra de engenharia tão perfeita há quase cem anos e ainda estava ali de pé, majestosa como a coroa inglesa. Como era possível uma obra de ferro, ou seja, uma ponte armada, sendo toda sua estrutura em ferro, duraria tanto tempo e resistiria às intempéries da natureza sem que nada a tivesse abalado até os dias de hoje e com a mesma finalidade, permitir a passagem sobre o Rio Araras.

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