sábado, 25 de outubro de 2014

Será que entendo tudo errado?

  Antes de ser paraibano, sou nordestino. Antes de ser nordestino, sou brasileiro. Sabe gente, meus pais servidores públicos e com a renda da vacaria que eles possuíam, deu a chance  aos três filhos de estudar nas melhores escolas particulares de João Pessoa. A minha base sólida de ensino e aprendizagem veio do Colégio Arquidiocesano Pio XII, ou seja, tive bons professores naquele colegial e também, a oportunidade de aprender muito com os sermões do Padre Marcus Augusto Trindade. Pense num homem a frente do seu tempo.
    Do meu pai herdei o gosto pela leitura, ele me ensinou a ler livros aos meus quatorze anos que nunca pensei que iria ler na minha vida. Ele sentava comigo e tínhamos discussões calorosas. Nessas discussões, ele aproveitava para combater meu extremismo e fanatismo dizendo: “são os impulsos da juventude e vai chegar o tempo que você saberá ponderar”.
  Minha mãe, mulher de uma grande sabedoria e coração generoso, me abraçava e sempre me pedia para largar a política. Afirmando sempre que a política “só tinha proporcionado perseguição à vida do meu pai”, esse por ter ido a Cuba e logo depois, ter sido preso e perseguido pelos bajuladores do regime militar ditatorial. Mesmo assim, chegou ao topo máximo da sua carreira dentro da Polícia Militar do Estado da Paraíba, se tornou comandante geral.
    Ambos me ensinaram um princípio, sonhar e perseguir meus objetivos! Meu pai quando em vida, defendia os ideais de Luíz Carlos Prestes, Francisco Julião, Irineu Joffily, Pedro Teixeira, Nego Fubá, Antônio Mariz, José Maranhão, José Fernandes de Lima, Wilson e Lúcia Braga, Leonel Brizola e Luiz Inácio Lula da Silva.
  A Associação Cultural José Martí Brasil – Cuba com seção na Paraíba, a qual meu pai presidiu, teve a oportunidade de receber o poeta cubano Félix Contreras, ele que foi filho da miséria, do abandono da mãe aos cinco anos de idade e vitima da repressão da ditadura do general Fulgêncio Batista. Muito me marcou esse encontro, pois conversamos horas sobre movimentos sociais, socialismo, ditadura do proletariado, das lutas dos povos tradicionais, a exemplo dos nossos indígenas, das causas dos trabalhadores e da juventude, marxismo, leninismo, trotskismo, capitalismo, coerência e posicionamento político.
   Nesse caso, quando caminhando nas ruas para pedir votos, senti na carne o distanciamento das minhas raízes e da minha capacidade de lutar pelo que acreditava. Será que me tornei uma pessoa contraditória? Será que acordei de uma coma profunda? Olhava para o povo e me perguntava: a onde foi parar os meus sentimentos que justifica a minha existência, as minhas bandeiras revolucionárias que norteava a minha luta por um Brasil sem tantas desigualdades, mais justo e solidário?
   Assim, apesar de todos os erros que cometi na minha trajetória de militância política, me coube uma profunda reflexão da minha própria história de vida. Portanto, na década de 1990, como estudante de geografia, vivi o sucateamento das universidades públicas. Como professor, vivenciei a dificuldade que o pobre enfrentava para estudar e se manter em sala de aula. Observava a dificuldade que enfrentava o cidadão para se emancipar e a dificuldade que um produtor rural tinha para encontrar subsídios a sua produção mediante a dificuldade de acesso ao crédito rural.
  Pior de tudo nesse processo eleitoral, foi levantar um sentimento no Brasil de separação, ao afirmar que os nordestinos não sabem votar porque deram uma votação expressiva a Dilma. Parte da grande imprensa conservadora do nosso país, preconceituosamente, tenta transformar o nordestino no responsável por todas as mazelas que ocorrem no nosso país.
  Mas me mostrem qual o político nordestino brasileiro que desnacionalizou o nosso país em toda a nossa história brasileira? Revelem-me o político nordestino que esqueceu no seu vocabulário as palavras: gente, miséria, inclusão social, empego ou desviou seu olhar em favor do povo e das pessoas.
  Pois bem, apesar dos erros do PT, o governo Dilma se aproxima muito mais de tudo que fazia sentido no meu passado e no que ainda acredito, ou seja, na construção de um estado do bem estar social. Respeito quem tem posição contrária a minha, de pensar e votar diferente ao meu voto, mesmo desagradando a pessoas que quero bem, prefiro ser criticado por votar em Dilma que persegue o caminho de fazer do Brasil um estado do bem estar social, do que retroceder a época da República do Café-com-leite, que representou o poder oligárquico, a barganha, a compra do voto, o voto de cabresto, os favores políticos, as eleições fraudulentas, ou seja, origem de todas as mazelas do nosso desvirtuado sistema político atual.

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