Passado cem dias da gestão do grupo político que tomou conta da administração da UNIR, deu tempo para colecionar muitos correios eletrônicos e notícias. Esse grupo que subiu as escadarias da reitoria no centro da capital em maio passado, cheio de marra, tendo como meta a efetivação de um projeto político construído por mais de dez anos e precisou de um golpe para se efetivar. Conhecida também como a “Revolta dos Ressentidos”, seus personagens que nunca atingiram relevância na academia, não conquistaram cargos na administração superior da Universidade, não ganharam eleições quando se submeteram às urnas, ou dos que ganharam eleições e não puderam assumir, dos que foram largados a margem da história por sua inapetência e dissidio, e só retornaram as mídias, em função da manipulação, da distorção de fatos, de cooptação de pessoas por meio de promessas de mudanças e melhoria, por mudanças radicais e assepsia, só vista nos dogmas do nazismo e do fascismo.
Enfim, a greve que assolou a UNIR, foi uma junção dos rotos com os esfarrapados: parece ter sido orquestrada por professores improdutivos e problemáticos, que manipularam os fatos para arregimentar e lograr a boa fé de estudantes ansiosos, desejosos para fazerem história e deixarem seus nomes registrados no livro das lutas populares. Estudantes que sonhavam com mudanças na Universidade, esses sim, estudam e ousaram acreditar que podiam torná-la de fato e de direito, a melhor instituição de ensino superior da região Norte.
Durante o período mais acirrado da greve do ano passado, professores bradavam na escadaria da Reitoria, que a UNIR é do povo de Rondônia, que tinha de ser administrada com transparência, ética e lisura. Que não queriam cargos, mas exigiam respeito. Que lutavam por uma UNIR mais próxima dos estudantes, dos professores e dos que mais precisam, ou seja, o dos mais humildes. Na prática, findada a greve, aí sim, a UNIR passou a ser de poucos: cursos estão definhando. Professores não são recebidos, projetos, programas e recursos estão sendo perdidos.
Foram logrados os estudantes, suas famílias e a opinião pública, que vergonha, mais uma vez erraram feio, pois no passado, já tiveram outra chance e a desperdiçaram como agora. Cem dias depois da posse da Reitora Berenice Tourinho, tudo mudou para pior, para um descompasso jamais visto na história da instituição, essa que é fomentadora de conhecimento e pesquisa, tão importante para o nosso Estado. Na verdade, se estivesse como estava, estaria bem melhor! Pois, mudaram as figuras de proa, mas o barco foi levado à deriva e o MEC continua com a sua mesma política para as universidades.
Temos vários correios eletrônicos que afirmar que os cursos continuam sem estrutura. Estudantes continuam sem receber bolsas que os ajudam a permanecer na Universidade. Os convênios com Universidades estrangeiras foram interrompidos. Reitores de instituições fora de Rondônia foram destratados, por não fazerem parte da base de sustentação da nova reitora. Alunos deixaram de ir para Europa com bolsa patrocinada por um banco, porque o convênio foi assinado pelo ex-reitor. Como sempre, quem mais sofre são os estudantes mais pobres, os funcionários mais humildes, os excluídos da “corte psolista”. Os Campi do interior estão abandonados, as construções não decolam, o campus de Porto Velho foi “maquiado” recentemente com a ajuda da prefeitura.
A nova administração repete erros que atribuía à administração passada: nomeia pelo critério do compadrio e da amizade, vitimiza quem já é vitima, persegue funcionários, penaliza aos mais humildes em detrimento da manutenção de privilégios para si e para seu grupo, que coisa feia, é como se estivessem “cubanizando” a UNIR.
Cem dias depois, não fosse a Greve Nacional dos Professores, a situação estaria muito pior: a Magnifica Reitora cancelou o vestibular, logo, foi vitima do mesmo “panelaço” que iniciou a greve do ano passado que culminou com a queda do ex-reitor Januário Amaral. Estudantes preocupados com seu futuro a procuraram para obter explicações e foram tratados como “persona non grata”: entraram pelas escadarias da frente do prédio e a reitora saiu pelos fundos. A reitora que faz parte do mesmo grupo que acusava ao ex-reitor Januário Amaral de ser arrogante e truculento, por não atender aos estudantes... Imaginem só a cena?
Os professores e alunos que se articularam no ano passado em torno de um projeto de uma “UNIR para todos” estão decepcionados e entristecidos, pois temos informações que os pró-reitores e assessores da reitoria não se comunicam entre si, uma verdadeira Torre de Babel. Que também, professores com vasta experiência administrativa, foram varridos da administração, essa que é verdadeiramente uma corte, a corte bem estilo “castrista” e “chavista”, a que poucos têm acesso, pessoas e cérebros que tiveram participação efetiva e organizaram as massas foram esquecidas nos porões da indiferença e nem mesmo são recebidos. Estudantes que sonharam com uma Universidade eficiente se deparam com os mesmo banheiros imundos, com as mesmas salas sem ar condicionado, com a mesma inoperância da administração superior que condenavam no passado. E quando questionam e reivindicam seus direitos, recebem as mesmas desculpas que foram utilizadas pela administração anterior: não há funcionários, não há dinheiro suficiente, não há pessoal... Bem, pra onde foi as promessas de campanha, de afirmarem que já estava tudo planejado e o que faltava mesmo, era apenas ganhar e colocar em prática.
Não há dinheiro porque a administração superior devolveu mais de dez milhões por incompetência. Não há funcionários porque o concurso apresentou vícios. Não há pessoal qualificado, mas a administração superior cedeu recentemente funcionários para outros órgãos. Os auxiliares da reitora vivem em Brasília. Certamente buscando recursos para melhorar a UNIR. Mas, dia de domingo?
Os professores abandonados pela administração começam a se articular para pedirem um Gabinete de Crise. Professores que bradavam por ética e transparência são condenados pela justiça por assédio moral contra alunos pobres. Alunos pobres continuam não encontrando livros que precisam em sua formação na biblioteca da Universidade.
Enfim, cem dias depois tudo mudou para continuar não como estava, mas para pior: o sinal que parece ser lido nas entrelinhas, é o de que esta na administração que está por aí, não entende o lema que criou “A UNIR é nossa”. Ou o “nossa” a que se referiam não tem a ver com todos nós, apenas com eles ou com a lição do Tiririca, pior do que esta não fica.