sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Demência ou retardo amazônico da mão de obra em Porto Velho?

Pintura de Társila do Amaral       

       A minha passagem pelo SINE municipal foi muito rápida, mais tempo suficiente para desenhar no meu imaginário um cenário desolador da falta de políticas publicas sérias para quem busca o primeiro emprego ou mesmo a sua (re) inserção no mercado de trabalho.
         Quando nos debruçamos sobre os estudos, pesquisas, números, levantamento de dados e até mesmo pela observação do nosso cotidiano, verificamos que a mão de obra disponível no mercado de trabalho em Porto Velho é na sua grande maioria despreparada, de baixa escolaridade, sujeitos a toda ordem de exploração, aviltamento e com capacitada de aperfeiçoamento e atualização bastante distante da realidade de outras regiões do nosso país.
         A partir de observações simples a partir da visita a alguns estabelecimentos comerciais, tomando primeiro, por exemplo, uma sapataria localizada no Porto Velho Shopping, verificamos que tem meia dúzia de funcionários posicionados na frente das vitrines internas, impossibilitando o cliente de ver a exposição dos sapatos. Esses funcionários custam a perceber que o cliente deseja ver a exposição dos mesmos. O cliente pede pra alguém lhe atender, diz o tamanho do pé, depois de certo tempo, o funcionário volta com um só exemplar de par de sapatos, com o número menor ou maior do informado.
         Quando lhe perguntado sobre outros modelos parecidos e com o número certo, esse diz que não trouxe para não bagunçar as caixas do estoque nas prateleiras. Na sequencia você se levanta e vai a uma lanchonete de fast food famosa, pede um sanduiche padrão, quando abre a caixinha se depara com a carne de hambúrguer queimada ou sanduiche se apresenta montado longe da exigência de padronização da rede nacional ou internacional franquiada. Nem mesmo elas escapam do despreparo!
         Em outro exemplo, você liga pro entregador de água, pede dois garrafões com água mineral e troco pra cinqüenta reais. Esse chega com apenas um garrafão e reclama que não tem troco suficiente. Faz uma ligação para um restaurante que entrega refeições executivas, realiza o pedido de três refeições, sendo uma refeição com bastante salada, pouco arroz e feijão. Essa vem sem nenhuma salada e o arroz e feijão em dobro das outras conforme pedido.
         Os casos das repartições públicas são bem piores, ou seja, processos são perdidos, carimbos lançados errados, folhas perdidas, documentos com redações incompreensivas, informações incompletas ou destorcidas, predomínio de descontentamento, lamentações, pareceres contrários as conquistas garantidas, arquivamento de processos sem pareceres finais, realização de refeições nas mesas de expediente, perseguições desnecessárias aos colegas de trabalho e erros, muitos erros praticados ao longo da vida como servidor público.
         Percebemos que tanto na iniciativa privada, bem como, no serviço público, sofrem com a falta de qualificação, capacitação e formação continuada da mão de obra contratada. Abordando alguns colegas da geografia sobre o tema, muitos se reportaram a uma suposta demência ou retardo amazônico que atinge o trabalhador na nossa Região. Busquei fontes de estudos, referências ou bibliografia sobre tal afirmativa, mas nada encontrei. Portanto, prevaleceram as minhas idéias da necessidade de construir uma ampla articulação de saberes sob tão importante temática.
         É preciso sim, promover um planejamento de ações norteando uma política pública para criar espaços interinstitucionais com o intuito de elevar verdadeiramente a escolaridade do trabalhador, promovendo uma verdadeira revolução nas nossas escolas públicas a partir de um comprometimento maior dos gestores, dos professores, dos técnicos, da sociedade, da classe política e dos governantes.
         Sabemos que a realidade das nossas Escolas Públicas é bastante dura diante dos números, quando temos índices elevados de evasão escolar e certificação de alunos em todos os níveis de ensino sem saber ler e escrever. Esse caos também se repete nas nossas universidades públicas e privadas. Diante da modernidade e das exigências do mercado de trabalho, surge como grande desafio promover à qualificação, a capacitação e a formação continuada do trabalhador integrada à escolaridade, como forma de garantir a inserção ou a (re) inserção no mercado de trabalho. Assim, temos duas grandes perguntas: como conjugar a educação formal com a qualificação profissional? Como suprir a ausência de ações especifica que contemple a capacitação, treinamento e qualificação a quem possui baixa escolaridade? É esse o convite para um reflexão ampla por parte desse blogueiro!

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