terça-feira, 17 de maio de 2011

A simplicidade de um magistrado
                Tive a oportunidade de fazer-me presente a solenidade de posse do Desembargador Cássio Rodolfo Sbarzi Guedes como presidente do Tribunal Regional Eleitoral – TRE de Rondônia. Não me lembro da data ao certo, mas me lembro que foi entre vésperas de festa, ou melhor, dizendo, entre o natal e ano novo de 2007. Ano que assumi o desafio de retornar a política como dirigentes do Partido Humanista da Solidariedade – PHS, ano no qual eu casei com a Professora Lucineide, ano que decidi ser pai e ficar dividido entre Nova Mamoré e Porto Velho.
            Lembro que seu discurso foi aberto com a seguinte frase: "Os miseráveis não têm outro remédio a não ser a esperança", retirado de um poema de William Shakespeare, poeta que muito gosto de ler e refletir sobre suas grandes obras. Logo prestei atenção ainda mais no discurso proferido pelo nobre magistrado, fiquei reflexivo com tanta coragem de um homem em proferir tais palavras em seu discurso de posse da mais alta corte eleitoral do Estado. Não foi um discurso comum, foi um dos mais belos que já ouvi, com começo, meio e fim. A eloqüência, o tom, as palavras, a construção das frases, veio a minha memória grandes discursos proferidos pelo saudoso desembargador paraibano Júlio Aurélio Coutinho, Júlio Paulo Neto, Marcos Souto Maior e dos conhecedores da ciência jurídica Raimundo Asfora, Vital do Rêgo (pai), Nadja Palitot, Geraldo Beltrão (pai) e Genival Veloso (pai).
            Assim, lembrei-me vagamente que em seu discurso ele deus ênfase a ética, e condenou à corrupção como prática comum em nosso país e a impunidade imputada a mesma. Defendeu que em meio a tantos escândalos, existiam homens de bem, que zelam pelo bem público, que busca o caminho da verdade e tem aversão ao caminho da mentira e da desonestidade. Fui ficando ainda mais atento a cada palavra, a cada frase, a cada parágrafo construído pelo Magistrado que ali estava discursando. Acredito que ele tenha incorporado o personagem de “O Menestrel” de William Shakespeare, pois seu discurso foi uma peça bem elaborada, verdadeiramente um poema narrativo e apaixonante aos ouvidos e a quem é capaz de fazer uma reflexão sobre as palavras preferidas.
            Esse mesmo Magistrado veio a minha frente por esses dias, não como um desembargador ou presidente da alta corte judiciária do Estado, mas como um cidadão comum, simples de grande humildade, expressada numa fila de um caixa eletrônico, de uma agência bancária. Fiquei surpreso, perplexo diante de tal cena, até mesmo outro cidadão que estava na mesma fila e que o reconheceu juntamente comigo, perguntou-me se era de quem se tratava e seu eu estaria tão atônito quanto ele, afinal, não é todo dia que você ver um desembargador numa fila de banco. Termino as minhas palavras deixando um verso do samba “A Simplicidade de um Rei”, que a escola Beija-Flor de Nilópolis defendeu no carnaval desse ano e sua inspiração foi o Rei Roberto Carlos, que tenta retratar toda a história do cantor, desde sua infância em Cachoeira do Itapemirim até os dias atuais.

A saudade
Vem pra reviver o tempo que passou
Ah! Essa lembrança foi o que ficou
Momentos que não esqueci
Eu cheio de fantasias na luz do rei menino
Lá no meu Cachoeiro
E lá vou eu… Era do rádio a onda me levar
Na Jovem Guarda o rock a embalar… Vivi essa paixão
Calhambeque belos dias
No festival a primazia
Amigos de fé guardei no coração

            É com esses versus que rendo a minha homenagem a simplicidade de um homem, ou seja, ao Magistrado Cássio Rodolfo Sbarzi Guedes.

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