sexta-feira, 14 de junho de 2019

“Legal Boys”, segredo de um garoto arquidiocesano


           Eu sempre digo que recordar é preciso e hoje no meu happy hour, numa das seleções musicais, apareceu “Daniel” de Elton John, e como um avião em direção a Espanha, meus pensamentos se voltaram para minha época de garoto quando fazia parte do “Clube Secreto Legal Boys”. Tal clube que se reunia de forma clandestina na escadaria de madeira do Colégio Arquidiocesano Pio XII. Imagine, garotos e garotas se reunindo secretamente num colégio católico para travar discussões a respeito da vida e obra de um cantor inglês bissexual?
            Nos meus 44 anos de vida bem vividos, aflorou as lembranças do “Legal boys”, lembrei que sua formação se deu depois da aula de inglês - não consigo lembrar o nome da professora, mas lembro que fomos orientados a traduzir a música. Entretanto, lembro de alguns nomes integrantes do clube, mas como era secreto, vou manter a identidade secreta de todos.
            Era incrível, toda semana receber aquele bilhetinho rosa com o horário da reunião e as iniciais secretas “CSLB”. Nas reuniões apresentávamos revistas compradas em “Bancas de Revistas” e “recortes de jornais” com artigos sobre o nosso ídolo da música inglesa. Além de cantarmos em inglês suas músicas com sotaque “nordestinês”.
            Na tradução livre, o nome da música “Legal Boys” que se tornou o nome do nosso clube secreto, significa “garotos da lei” e, na minha opinião, o trecho mais apaixonante da música é,

Walking round the lonely rooms
I see everything the same
But suddenly it matters
What was purchased in my name
Whether this or that was paid for
Belongs to me or you
Can the seven years together be divided by two

            Como cantou o poeta, eu tenho muitas coisas a dizer, porém, eu não falo a mesma língua. Assim, continuo andar em volta do meu quarto solitário e vejo tudo a mesma coisa, sozinho e com paredes, portas e janelas melancólicas.

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