segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Café com pão, manteiga, leite, ovos e bolo

            Meu primeiro dia da semana, mas como é bom e suave está em casa! Ainda ressacado da minha prisão, resultante da Operação Apocalipse e que tive, a minha liberdade consentida pela justiça e sobre a graça de Deus na noite de sexta-feira (06/09) após 65 dias no cárcere privado.
            Acordo, fico sem acreditar que estou em casa! Fico olhando para o ambiente do apartamento no qual vivo de forma modesta, desde janeiro do ano de 2010, um espaço vivenciado que me trouxe tantas alegrias, tristezas, percas e conquistas, romantismo, decisões acertadas ou equivocadas.
            Me pergunto como ficaram no fim de semana que se passou, os oitos companheiros de cela ainda detidos no presídio Pandinha. O telefone toca, amigos no portão, peço para aguardar, noite de conforto na cama sem dormir no chão. Me levanto, patino com pé firme no chão e tropeçando nos móveis. Escovo ligeiramente os dentes, lavo o rosto, abro a porta e o portão, todos em minha direção, são abraços de solidariedade e palavras de confiança.
            Os verdadeiros amigos sabem da minha fragilidade financeira, chegam com açúcar, manteiga, leite, ovos e bolo. Diálogos interrompidos com ligações, mensagens de solidariedade e sempre, palavras de conforto. A cada prosa sobre a prisão, recordações dos tempos de adolescente vem a minha mente, quando fui expulso do Colégio 2001, devido a minha militância política estudantil ao lutar pelo um grêmio livre e independente, que representasse dos estudantes.
            Logo parto para a cafeteira como sempre fazia entes de ser preso, pois sempre tive a casa cheia de amigos. Água e quatro colheres de café. Frito os ovos e coloco no prato e levo a mesa, todos nós sorrindo e conversando, pois político, professor e pesquisador não vive sem café. Todos pergunta se estou bem? Logo digo que um bom nordestino entorta mas não quebra, na verdade, somos como o mandacaru!
            Por diversas vezes, afirmei que apenas fui baleado, diferente do Vereador Pipi (PHS)  que teve sua vida ceifada, mas graças ao Senhor Jesus, me deixaram com vida. Sofri apenas um morte social, poderia ter tido um desfecho mais trágico e o que mas me conforta, é saber que tive na cova dos leões como esteve Daniel, passei o que passou José quando acusado injustamente pela mulher de Potifar e renasci como Lázaro. Não guardo mágoas e nem rancor, vamos em frente sem olhar para traz!

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