Acordo, fico sem acreditar que estou
em casa! Fico olhando para o ambiente do apartamento no qual vivo de forma
modesta, desde janeiro do ano de 2010, um espaço vivenciado que me trouxe
tantas alegrias, tristezas, percas e conquistas, romantismo, decisões acertadas
ou equivocadas.
Me pergunto como ficaram no fim de
semana que se passou, os oitos companheiros de cela ainda detidos no presídio Pandinha.
O telefone toca, amigos no portão, peço para aguardar, noite de conforto na
cama sem dormir no chão. Me levanto, patino com pé firme no chão e tropeçando
nos móveis. Escovo ligeiramente os dentes, lavo o rosto, abro a porta e o
portão, todos em minha direção, são abraços de solidariedade e palavras de
confiança.
Os verdadeiros amigos sabem da minha
fragilidade financeira, chegam com açúcar, manteiga, leite, ovos e bolo. Diálogos
interrompidos com ligações, mensagens de solidariedade e sempre, palavras de conforto.
A cada prosa sobre a prisão, recordações dos tempos de adolescente vem a minha
mente, quando fui expulso do Colégio 2001, devido a minha militância política estudantil
ao lutar pelo um grêmio livre e independente, que representasse dos estudantes.
Logo parto para a cafeteira como sempre
fazia entes de ser preso, pois sempre tive a casa cheia de amigos. Água e quatro
colheres de café. Frito os ovos e coloco no prato e levo a mesa, todos nós sorrindo
e conversando, pois político, professor e pesquisador não vive sem café. Todos
pergunta se estou bem? Logo digo que um bom nordestino entorta mas não quebra,
na verdade, somos como o mandacaru!
Por diversas vezes, afirmei que apenas
fui baleado, diferente do Vereador Pipi (PHS)
que teve sua vida ceifada, mas graças ao Senhor Jesus, me deixaram com
vida. Sofri apenas um morte social, poderia ter tido um desfecho mais trágico e
o que mas me conforta, é saber que tive na cova dos leões como esteve Daniel,
passei o que passou José quando acusado injustamente pela mulher de Potifar e
renasci como Lázaro. Não guardo mágoas e nem rancor, vamos em frente sem olhar
para traz!
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