Eu
sempre digo que recordar é preciso e hoje no meu happy hour, numa das seleções
musicais, apareceu “Daniel” de Elton John, e como um avião em direção a
Espanha, meus pensamentos se voltaram para minha época de garoto quando fazia
parte do “Clube Secreto Legal Boys”. Tal clube que se reunia de forma
clandestina na escadaria de madeira do Colégio Arquidiocesano Pio XII. Imagine,
garotos e garotas se reunindo secretamente num colégio católico para travar
discussões a respeito da vida e obra de um cantor inglês bissexual?
Nos meus 44 anos de vida bem vividos,
aflorou as lembranças do “Legal boys”, lembrei que sua formação se deu depois da
aula de inglês - não consigo lembrar o nome da professora, mas lembro que fomos
orientados a traduzir a música. Entretanto, lembro de alguns nomes integrantes
do clube, mas como era secreto, vou manter a identidade secreta de todos.
Era incrível, toda semana receber
aquele bilhetinho rosa com o horário da reunião e as iniciais secretas “CSLB”.
Nas reuniões apresentávamos revistas compradas em “Bancas de Revistas” e “recortes
de jornais” com artigos sobre o nosso ídolo da música inglesa. Além de
cantarmos em inglês suas músicas com sotaque “nordestinês”.
Na tradução livre, o nome da música “Legal
Boys” que se tornou o nome do nosso clube secreto, significa “garotos da lei” e,
na minha opinião, o trecho mais apaixonante da música é,
Walking round
the lonely rooms
I see
everything the same
But suddenly
it matters
What was
purchased in my name
Whether this
or that was paid for
Belongs to me
or you
Can the seven
years together be divided by two
Como cantou o poeta, eu tenho muitas
coisas a dizer, porém, eu não falo a mesma língua. Assim, continuo andar em
volta do meu quarto solitário e vejo tudo a mesma coisa, sozinho e com paredes,
portas e janelas melancólicas.