O presente texto faz parte das minhas lembranças
no exercício do poder como presidente estadual do Partido Humanista da
Solidariedade (PHS) em Rondônia. Portanto, vou narrar um telefonema que o
prefeito-madeiro Laerte Queiroz agora no PMDB, não deve lembrar. Então, vamos
aos fatos.
Sinceramente,
me casou surpresa o madeireiro Laerte Queiroz se lançar candidato a deputado
estadual nas eleições de 2010. Mas segundo fontes, o então candidato a
governador Expedito Júnior que disputava o governo pelo PSDB naquela época,
conseguiu convencer o madeireiro Laerte a ser candidato pela legenda tucana.
O
então candidato ao cargo eletivo de deputado estadual, o madeiro Laerte Queiroz,
neófito em política, conseguiu atrair para si, apoio de lideranças políticas
tradicionais em âmbito local - no município de Nova Mamoré: sua principal base
eleitoral. Além de apoios importantes no município de Guajará-Mirim e distritos
que tinha ou tem, atividade madeireira como sua principal atividade econômica.
Mas
vale salientar que na disputa proporcional nas eleições gerais de 2010, o PSDB
concorreu sem coligação, ou seja, foi cristalizado pelas lideranças políticas
de outras legendas. Nesse caso, os candidatos ao cargo eletivo de deputado
estadual das outras legendas, não conseguia enxergar reais chances de
competitividade e de vitória com dois deputados candidatos a reeleição pela
legenda tucana.
Desse
modo, o neófito em política Laerte, estava disputando sua primeira eleição com
tucanos de densa plumagem. Mas o
madeiro Laerte contava com variáveis favoráveis a uma candidatura se tornar possivelmente
vitoriosa.
Portanto,
Laerte contava com seu próprio poder econômico, apoio de lideranças políticas
locais e empresariais do setor madeireiro da Região de Fronteira, por fim, o
apadrinhamento político do então candidato tucano Expedito Júnior (PSDB) ao
governo do estado de Rondônia.
Porém,
certo dia, estando eu em Porto Velho, faltando 15 (quinze) dias para o término
da eleição de 2010, os jovens líderes políticos de Nova Mamoré, Allen Cleiton,
Alessandro Negão e Jânius Cleiton, me telefonaram e terminamos nos encontrando
na recepção do Hotel Central – localizado atrás da rodoviária da capital.
Os
três queriam saber se o colégio eleitoral de Nova Mamoré e Guajará-Mirim
conseguiriam eleger dois deputados estaduais? Ou seja, si a candidata a
deputada Ana da 8 pelo PTdoB e o candidato Laerte Queiroz pelo PSDB seriam
eleitos naquele pleito eleitoral? De imediato, disse que Ana da 8 seria eleita
mediante a três fatores. Primeiro, a filiação partidária – escolha do partido;
segundo: a coligação partidária, e por último, a visibilidade que sua campanha
ganhou durante o processo eleitoral.
Quanto
ao candidato Laerte, expliquei aos jovens que Laerte detinha de fatores favoráveis
para uma candidatura vitoriosa como já mencionando. No entanto, ao contrário de
Ana da 8, Laerte errou na escolher do partido e, para tornar ainda mais difícil
a sua possibilidade de vitória, a legenda se lançou isolada naquela competição
eleitoral.
Por
sua vez, fui categórico em afirmar ao jovem Alem Cleiton que trabalhava na
coordenação de campanha do candidato Laerte, que esse estava embolado com os
dois deputados tucanos que buscavam a reeleição, ou seja, Jean Oliveira e
Euclides Maciel. Na seqüência, ainda tinha nesse cenário, a ex-prefeita Mileni
Mota de Rolim de Moura. Daí, fiz uma projeção que ele poderia ficar entre a
primeira ou segunda suplência.
Mas
me virei para os jovens e disse: “Eu acho interessante, Nova Mamoré e Guajará-Mirim,
eleger dois deputados estaduais de uma única vez, seria um feito histórico”.
Então, relatei o seguinte: “Allen, mesmo faltando apenas quinze dias para o
término da competição eleitoral, eu conheço algumas lideranças que estão ‘soltas’
em alguns municípios do interior”. Nesse sentido, afirmei que estaria aberto ao
dialogo para ajudar na costura dessas alianças, pois ficaria faltando mil votos
para Laerte ser eleito deputado estadual.
Continuamos
a conversa, até que o jovem Allen Cleiton se distanciou de nós por um tempo, em
seguida, veio com telefone celular na mão e disse: “Presidente, por favor, fale
aqui com seu Laerte!”
Ao
pegar o telefone, cumprimentei o então candidato Laerte, elogiei sua coragem de
ser candidato pelo PSDB e narrei para ele a minha análise política em torno da
sua primeira disputa a cargo eletivo. Me coloquei a sua disposição para fazer
os contatos em torno de alianças que lhe garantisse os mil votos que lhe
faltaria para ser eleito deputado estadual.
Por fim, o silêncio do outro lado
foi quebrado com a seguinte frase: “Herbert, muito obrigado pela sua intenção
em nos ajudar, vou levar a proposta ao meu grupo político, caso eles decidam
pela sua ajuda, entro em contato com você!”. Depois não nos falamos mais, as
eleições terminaram, Laerte Queiroz obteve 10.710 (dez mil, setecentos e dez)
votos, no caso, faltaram 811 (oitocentos e onze) votos para ele ser eleito
deputado estadual. Nesse caso, quem perdeu foi a Região de Fronteira, em especial, Nova Mamoré e Guajará-Mirim.