Ao receber uma carta de Petrópolis
contendo uma demanda judicial na tentativa de provocar a justiça para colocar
abaixo a Convenção Nacional realizada no dia 03 de novembro do ano em curso,
que elegeu o novo Diretório Nacional, muitas inquietações tomaram conta da
minha memória e dos meus pensamentos sobre parte da história do Partido
Humanista da Solidariedade que também ajudei e estou ajudando a escrever.
Sempre me coloquei como observador nos
últimos tempos, na construção de um diálogo permanente, na firmeza das ideais
em defender a moderação nas palavras, por fim, a ponderação daqueles que se
embebeceram pelo poder. Esses princípios me nortearam nos últimos apelos, na
tentativa em vão, de construir novas ideias, com novos propósitos, que fizesse
do nosso partido, uma ferramenta de transformações sociais que tanto o nosso
povo brasileiro desses rincões carecem.
Fico pensando nos verdadeiros
companheiros que se doaram para construção de um partido e a sobrevivência dos mesmos, tarefa nada fácil, principalmente as dificuldades diante das barreiras
na disputa entre os grandes partidos tradicionais e nós, os pequenos ou menos tradicionais.
Ao ler a carta de Petrópolis e as
referências do personagem que a escreveu, me fez lembrar “A tragédia de Júlio
Cézar” escrita por W. Shakespeare, nessa, ele reinventa a Roma Antiga do Século
I A.C., quando a vida política daquele império estava nas mãos de heróis que
escreviam capítulos de sua história com sangue, tragédias marcadas pelo
florescer das conspirações, não importando se fosse boas ou por más razões, para
então, sempre surgir um novo justo.
Fui buscar na tragédia de W. Shakespeare
a inspiração para escrever essas curtas linhas numa profunda reflexão, na fala dos
personagens que encenam a fala da tirania, da cegueira do povo, das sangrentas
lutas pelo poder, da vida privada e da responsabilidade pública, de paz e
guerra, da retórica e da imensa tensão entre a política e a moral.
O cenário atual da conjuntura interna
que o PHS vive, no meu imaginário do passado, contemplei com meu silêncio nas
últimas reuniões antes de sua renúncia, que tanto incomodava o nosso
ex-presidente nacional Paulo Roberto Matos, pois vi, que nada mais adiantava
fazer apelos de reflexão, de se fazer ouvir as criticas construtivas, ou seja,
pelo menos ouvir! Portanto, digo e direi sempre, nem mesmo para reunir seus
liderados para como no passado, decidir juntos o que fazer numa situação de
crise. Esse não fez, foi pelo caminho mais curto, optou sozinho pela renúncia
do cargo de presidente nacional do partido, sendo assim, todos nós que sempre
fomos seus aliados, repito, não fomos ouvidos, portanto, devemos respeitar a
sua decisão, que foi de permanecer sozinho.
O silêncio respeitoso de quem sempre foi
aliado de primeira hora, nos olhos, transparecia a clareza de sentimentos puros,
verdadeiros e fraternos, tentava me fazer ouvir pelos olhos de quem eu
desejava ser ouvido. Nada adiantava, buscava o isolamento, lançou-se da taça errada no banquete da
vida, embebecido pelo poder, defenestrando do convívio partidário
aqueles que lhe estenderam a mão, que o ajudaram a escrever vários capítulos da
história do PHS nos quatro canto do nosso país.
Fico pensando nas aventuras partidárias,
nas fantasias transvestidas, nas peripécias orquestradas para se tomar decisões
sumarias a bem da disciplina partidária, visando atender a interesses externos que
não fazia parte do nosso jogo político, mas fazendo o jogo dos que sempre desejam
se permanecer com o poder político através de valores que o nosso tempo já
esqueceu.
Sendo assim, a perplexidade toma conta
da minha alma, quando vejo aliados de ontem, que no caminho se tornaram
adversários por conta dos seus interesses egoístas e que agora, se juntaram de
novo, não com o objetivo do passado, que era de construir “um pedaço de chão
limpo na política brasileira”, mas sim, com a intenção de destruir no tapetão o
novo tempo que o PHS vive.
Que fique a lição, aqueles que não
conseguiram se repaginar-se junto às novas lideranças que surgiram com o novo
PHS, desenhado a partir das urnas do último pleito e que se caminha para 2014,
com a vontade de se tornar bem maior. É preciso sim, nesse momento, respeitar a
decisão da maioria, das bases partidárias, da militância e abraçar o novo, pois
esse novo tempo é agora e para todos.