sábado, 13 de novembro de 2010


Um instante, me fez relembrar

Estava caminhando sob um clima ameno, temperado com uma garoa e pequenas brisas de frio, pensamentos voltados para tentar relembrar um passado que não fui personagem e o que me chamava mais atenção, as pessoas e os carros num vai e vem em meio a um cenário histórico, ou melhor, um conjunto arquitetônico sem igual e para encher os olhos com tanta beleza dos traços e adornos feitos a mãos dos homens que ali viveram no passado e deixou para as gerações futuras.
Esse lugar é a cidade Imperial do nosso Brasil, lugar que venho pela segunda vez, sempre de passagem rápida, mas dessa vez tive a oportunidade de caminhar em suas calçadas, visitar o comércio e ficar com o olhar perdido em plena calçada da Praça Expedicionários, bem no centro de Petrópolis, contemplando a beleza dos prédios em estilo colonial, todos bem conservados, as ruas e avenidas, bem como os jardins, um conjunto de beleza harmônica no lugar da Mata Atlântica que já foi rainha no passado.
Mas uma parede me chamou atenção, tava nela um cartaz, chamando a todos de forma discreta para assistir a um espetáculo. Seria uma oportunidade única, reservar um momento para encontra-me de novo com um palco de teatro, pois logo me veio a minha memória, que a última vez que tive oportunidade igual, foi a três anos passados, na minha breve passagem por São Paulo, onde pude aplaudir a comédia Trair, coçar, é só começar de Marcos Caruso, com a direção de Attílio Riccó, no Teatro Bibi Ferreira.
Fiquei ansioso para ter a oportunidade de conhecer as dependências internas do Teatro Dom Pedro ou Paulo Grancindo, pra mim naquele momento não importava o detalhe do nome, e sim descobrir o que tinha por trás daquelas enormes portas de vidro. A surpresa mesmo veio quando passei as cortinas, que dividem a entrada para a platéia, deparei-me com pinturas em art déco, estilo bem diferente de decoração, fiquei contemplando o estilo eclético registrado em suas paredes internas, que fugiu aos padrões do início do século passado, devido às flores com as corolas viradas de cabeça para baixo, fantástico a mente criadora.
Nessa viajem cultural, tomei assento para assistir a comédia Clandestinos, de João Falcão, com uma narrativa moderna, personagens de universos tão diferentes, mas com fortes pontos em comum, que se alimenta de um sonho, sentimento esse que contagia o público, pois a emoção dos personagens entra em nossa mente, reforça os nossos sentimentos em continuar sonhando, persistir e buscar caminhos para materialização dos mesmos. A cada cena, me trazia cenas do passado, pequenos instantes me faziam relembrar das cenas de Como Nasce um Cabra da Peste, As duas filhas de Francisca, As Velhas, As Malditas, Macambira, Vau da Sarapalha e por fim, o Pastoril Profano, assim afirmo, como é bom relembrar o passado para nada se perder em nossa memória.
Petrópolis - 12/11/2010

Um comentário:

Wilson disse...

Muito bom, primo. Interessante narrativa. Imagino como deve ter sido maravilhosa essa visita à esta brilhante cidade imperial. Um dia pretendo conhecê-la, bem como algumas cidades situadas em Minas Gerais. Sempre considerei História a melhor disciplina. Não tem algo melhor do que você se imaginar na pré história, na história antiga (em especial, na Mesopotâmia, onde já surgiam os primeiros sinais de uma sociedade, com o Código de Hamurabi, que era uma lei nos moldes da época e que até hoje beneficia a Ciência Jurídica com o seu legado). É honroso poder conhecer a História do Brasil no período Colonial, que apesar dos problemas da época e das tristes ações que até hoje refletem, como a escravidão, deixou grandes contribuições para a cultura, para arte, para educação, entre outras ciências. E não posso deixar de citar, o Brasil no período "pós-independência", uma sociedade extremamente machista, onde democracia era um termo desconhecido e os grandes fazendeiros praticavam uma política voltada para elite, a política do café com leite, do voto de cabresto, com predominância do coronelismo, que infelizmente, ainda é possível perceber em relevantes traços em alguns municípios da nossa amada Paraíba, onde um deles recebeu coincidentemente até o nome de "Araruna". Contudo, resta-nos a esperança de dias e tempos melhores, onde a Democracia e a Dignidade Humana (princípio maior previsto na nossa Constituição Federal) não sejam apenas uma utopia, mas uma realidade, perceptível na efetivação de direitos fundamentais, como a saúde, a educação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, entre outros. É por essa razão que ainda temos força, coragem e determinação na luta por uma sociedade justa, livre, pluralista e solidária.