O
discurso do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva no último sábado (07/04) em
frente ao sindicato dos metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP), antes de
cumprir o mandato de prisão expedido pelo juiz Sérgio Moro, revela que ele
continua sendo uma grande liderança política no campo da esquerda. O homem com
todo massacre que vem sofrendo da grande mídia nacional, em especial, da Rede
Globo, Record, Veja, Grupo Folha, Jovem Pan etc., consegue reunir centenas de
lideranças políticas da esquerda, religiosos e milhares de pessoas nas ruas
pelo país afora em sua defesa, demonstrando assim, o poder do seu carisma no
território político brasileiro.
Entretanto, Lula está preso e passa
a imagem simbólica para os alienados e desavisados, como sendo um grande troféu
anticorrupção dado ao Brasil pelos operadores da Operação Lava-jato. Porém, os
indivíduos mais conscientes sabem que não existe neutralidade política na
Lava-jato, caso houvesse, o juiz Sérgio Moro não teria liberado os grampos
telefônicos, em março de 2016, das conversas entre a presidente Dilma Rousseff
(PT) e o ex-presidente Lula, quando tratava da sua nomeação como Ministro Chefe
da Casa Civil. Neste instante, o juiz Moro em vez de optar pelos autos, optou pelas
manchetes da grande mídia nacional e da base de apoio anti-petista.
No entanto, qualquer ser humano
consciente e operador do direito coerente, sabe que a Constituição foi rasgada
e os tramites do processo contra Lula foram atropelados. Portanto, a Operação Lava-jato
pode ser considerada um assédio judicial e um atentado as instituições
democráticas do Estado de Direito Democrático que estamos tentando consolidar
no país após vinte anos de Ditadura Militar. Assim, a Lava-jato atinge as
forças políticas de maneira desigual, demonstrado que não existe equidade
política no processo de Lula e de outras lideranças petistas, mas sim, eliminação
antecipada dos jogadores, ou seja, de quem vai sair primeiro do jogo político, neste
caso, os da esquerda.
Por sua vez, desde que o
ex-presidente Lula se reelegeu a presidente e por duas vezes influenciou no
processo político-eleitoral – sucessório – presidencial, impondo quatro derrotas
seguidas as forças conservadoras do país – que representam a concentração de
renda e o entreguismo das nossas riquezas, ficou demonstrado que quem tem os
votos é o Lula, e não o PT. Dessa forma, ele estando fora da competição
eleitoral, o outro nome que o partido indicar, poderá chegar ao segundo turno
das eleições presidenciais, mas talvez, não consiga reunir a quantidade de
votos necessários para chegar a ocupar o Palácio do Planalto.
Desse modo, o PT terá que construir
um projeto de curto – sobrevivência política, média – conquistas de espaços de
poder nas escalas locais e regionais, e longo prazo – ampliar a representação
no Congresso Nacional e voltar a ocupar o principal espaço de poder do país, ou
seja, o Palácio do Planalto. Neste limiar, o partido está dividido em duas
gerações: as lideranças partidárias que surgiram e se formaram politicamente durante
os governos Lula e Dilma, sem espaço na máquina partidária, que convive com a
velha guarda, uma geração anterior, da fundação do partido, e têm como
principal objetivo, a sobrevivência política e a renovação do mandato.
Portanto, o futuro do PT como grande partido de esquerda no território político brasileiro, parece estar na jovem guarda, projetar um futuro partidário consolidado nas escalas locais e regional. Neste caso, deixando de ser um partido apenas de movimentos sociais, para ser uma agremiação com maior representatividade nas câmaras municipais de vereadores, vice-prefeituras, prefeituras, assembléias legislativas, vice-governadorias, governos de estado, e o maior número possível, de deputados federais e senadores, para então, voltar a ocupar o principal espaço de poder do país de forma sólida, que é a presidência da República.
Portanto, o futuro do PT como grande partido de esquerda no território político brasileiro, parece estar na jovem guarda, projetar um futuro partidário consolidado nas escalas locais e regional. Neste caso, deixando de ser um partido apenas de movimentos sociais, para ser uma agremiação com maior representatividade nas câmaras municipais de vereadores, vice-prefeituras, prefeituras, assembléias legislativas, vice-governadorias, governos de estado, e o maior número possível, de deputados federais e senadores, para então, voltar a ocupar o principal espaço de poder do país de forma sólida, que é a presidência da República.
Desse modo, a estratégia do PT de
conquistar sua hegemonia por meio das eleições presidenciais deu errada, porque
na escala local, ainda é muito forte as forças conservadoras e atrasadas do
nosso país. Nesse caso, o fenômeno da ocupação do principal espaço de poder –
presidência da República, não refletiu sua multiplicação na escala local e
regional. Ficando provado que a estratégia do partido de dar prioridade apenas
a corrida presidencial, fez com que Lula e Dilma governassem sem muita
autonomia, ou seja, tiveram que conviver com um sistema político dominado por
forças conservadoras e sustentado pelas elites em escala local e regional.
Dessa forma, todos os avanços que tivemos a caminho de um Estado do Bem-estar Social,
foram feitos com o consentimento daqueles que representa o atraso na matemática
do poder.
Para finalizar, a esquerda não pode se
dividir em dois, três ou quatro polos de atração de eleitores e simpatizantes.
Para derrotar o projeto neo-liberal de entreguismo das nossas riquezas as
nações ricas – complexo vira-lata, que por anos exploram o Brasil e seu povo,
se faz necessário que todas as forças internas do PT se organizem a partir dos destroços deixados
pela Operação Lava-jato e o Golpe Parlamentar de 2016. Do contrário, o partido
cometerá o mesmo erro que cometeu com a “Carta Brasil” e com as políticas de
alianças realizadas no passado com setores de direita para poder governar o
país.