quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Piedade é algo doce?


         Meus pensamentos de hoje me levaram a uma cena do passado que pensei já ter esquecido, parei por um instante, mas estava lá, sentado, assistindo as aulas de religião ministrada pela professora de catequese por nome de Inês, filha de Dona Rita, por muito tempo, essa última serviu lanche a várias gerações que passaram pelas salas de aula do Colégio Arquidiocesano Pio XII.
         O tema da aula da professora Inês foi sobre piedade, esta abriu a sua fala para nos ensinar fazendo a seguinte pergunta: piedade era algo doce e se deveria ser sempre praticada para como o nosso próximo?
         Logo na primeira explicação, me desliguei e fiquei pensando sobre o verdadeiro significado da palavra. Qual a lição que poderíamos tirar proveito pra servir de exemplo a jornada de vida contida na modernidade? Convivendo e vivendo com a selvageria de um mundo dividido por ricos e pobres, exploradores e explorados, enganadores e enganados.
         Por muito tempo cresci ouvindo que no capitalismo só é pobre quem quer! Diante da tal frase, a afirmativa de abertura da aula, me levou a pensar sobre as variáveis existentes entre a piedade e o sentimento de compaixão com o próximo, a vida que devemos levar pautada sobre a austeridade, retidão, solidariedade e sempre nos colocando no lugar do outro.
         Nas aulas da professora Inês nada me interessava a não ser os ensinamentos carismáticos. Mulher de um conhecimento vasto, de voz doce, magra e esguia, usava sempre saias longas e blusas com botão sem decotes. Sua voz sempre doce, de fino trato, paciente e que completava todo o seu conjunto meigo de ser com o próximo, algo esquecido por muitos na atualidade.
         A grande lição dessa aula é que descobri que o sentimento de compaixão é verdadeiramente mais nobre e tão mais profundo do que o de piedade. A compaixão eleva a nossa capacidade de compreender melhor a nossa existência, de expandir nossos sentimentos de reconhecer os feitos e a capacidade dos nossos semelhantes, sem preconceito e distinção.
         Passamos entender que a dor do próximo, também é a nossa dor e que não existe um bom sem defeito, eliminando dos nossos corações os pré-julgamentos, o primeiro passo para não julgarmos ninguém antecipadamente, como bem diz o ditado popular: quem se compadece não julga!

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