sábado, 31 de dezembro de 2011

Não vamos enterrar um homem, vamos plantá-lo – Parte VIII

Ao lado de Joãozinho Clímaco

       Continuo a escrever as minhas memórias desde a minha chegada em Nova Mamoré. Por essas datas de festas de fim de ano, juntamente com Zé Renato, Socorro, Nando e Renatinho, passamos a noite de natal no Country Clube, de propriedade da família Clímaco, que no passado pertenceu a João Francisco Clímaco, dono do seringal na região, fundador da Vila Nova do Mamoré e o primeiro administrador público do lugar.
         Era minha primeira noite de natal longe do aconchego da família, de parentes e dos amigos, as lembranças vinham a minha mente como um vulcão em erupção. As recordações da infância, as traquinagens da adolescência e as dificuldades em buscar os caminhos de acertos na fase adulta eram verdadeiras explosões no meu imaginário. Ficava vendo as pessoas se divertirem, dançando e servindo-se na vasta mesa com as mais variadas comidas. A noite de festa a cada minuto, a cada hora, parecia um dia, um ano de minha vida, pois a reflexão bateu sobre o meu espírito, carregando a minha alma para bem longe dali.
         Logo, Socorro percebeu que meu corpo estava ali, mais eu estava bem longe, meus pensamentos flutuando no imaginário do passado. Essa boa alma, com seu jeitão despachado, que tenho por ela o carinho de filho por mãe, vindo até a mim, sentou-se ao meu lado e do Zé Renato, conversamos muito e me perguntou se a tristeza teria me pego. No mesmo instante lhe afirmei que não, a minha maior razão para observar as pessoas do lugar, era refletir e tomar uma decisão que mudaria minha vida, pois se pessoas poderiam ser feliz em Nova Mamoré, eu também poderia ser, uma mudança radical em minha vida.
         Assim, depois desse papo melancólico que se abateu a mesa, mais com muito saudosismo ao passado, cai na diversão na companhia dos novos amigos que nos receberá tão bem naquela noite. E cada natal ou festa da virada do ano novo, as minhas lembranças sempre se voltarão para Nova Mamoré que para mim, não só representa o berço do Madeira, mais o meu berço também e de tantas pessoas boas que ajudaram e continuam ajudando a construir a história do lugar.

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