terça-feira, 1 de novembro de 2011

Não vamos enterrar um homem, vamos plantá-lo – Parte VII


           Todo o cenário urbano e rural do município de Nova Mamoré era surpreendente aos meus olhos, afinal, poucas são as cidades espalhadas pelo Brasil que possuía tal infra-estrutura básica urbana mínima, principalmente um município com pouco mais de 15 anos de emancipação política.
            Logo com a nossa chegada, não parava de chegar a parentada da Socorro, esposa de Zé Renato da EMATER. Logo fui apresentado a sua irmã Antonia, casada com o “toreiro” Auricélio e seus dois filhos, Júnior e Juliano. Em seguida chegaram a também irmã Rosângela, casada com Mauro Clímaco e suas duas filhas, Rayane e Jéssica.



            Conversas e assuntos não faltavam no terraço de casa da Socorro e do Zé Renato. O maior número de perguntas sempre era para o Nando, perguntas sobre a não vinda do Alexandre, sobre os estudos, a vida em João Pessoa, as namoradas e por fim, a minha opinião sobre o lugar. Referências aos lugares para serem descobertos não faltavam. Falava-se do bar do Cabo, do Country Club, banho na Pedra da Memória, da “piscica” na Vila Murtinho, de pescaria, salto da ponte no Rio Laje e o banho nos lajedos do Rio Ribeirão.
            O Zé Renato sempre com suas anedotas em cima das conversas dos outros, levando todos a gargalhadas. O assunto principal volta e outra, era o garimpo e atividade madeireira. No entanto, Mauro Clímaco me fez questão de relatar detalhes dos tempos do ciclo do ouro que aqueceu a economia do lugar, principalmente sobre o garimpo no Distrito do Araras e nos tempos que passou em território boliviano garimpando.


            Mais todos na roda de conversa eram unanime em temer o fim da extração da madeira, do fechamento das serrarias, do desemprego, da quebradeira do comércio local e possivelmente, o fim do terceiro ciclo econômico do lugar, ou seja, o primeiro foi o látex extraído da Seringueira, depois o ouro e em seguida a madeira.
            Mais o Zé Renato era otimista, afinal, ele sempre teve uma visão à frente do seu tempo, homem de uma grande inteligência e zelo no trato da coisa pública. Nessa conversa logo descobri que foi ele quem elaborou o projeto e tirou do papel o único laticínio de Nova Mamoré. O homem foi dos tempos da ASTER em assistência rural, o Zé foi um dos pioneiros do lugar e na hora afirmou que a pecuária e as lavouras de café, feijão e milho garantiria a renda de muitas famílias de Nova Mamoré. Só não garantiria para os preguiçosos, pois ele era enfático em sua fala ao afirmar que para viver da agricultura, é preciso muita dedicação e amor a terra.


            Logo concordei com Zé Renato, pois o pouco que já teria visto as margens da BR. 364 e 425 levava-me a imaginar o cenário econômico futuro, que no passado foi construído pelos bandeirantes e pioneiros que deram inicio ao processo de colonização do Estado de Rondônia, esse quando ainda era território. Pois desde os tempos da Coroa brasileira, se defendia a colonização do oeste brasileiro, numa forma de resguarda as fronteiras da Colônia portuguesa com as Colônias hispânicas e nos tempos da Ditadura Militar inventaram o lema: integrar para não entregar.

Nenhum comentário: