domingo, 18 de setembro de 2011


A Dilma do toma lá, da cá

            O Fantástico é a revista eletrônica dominical da Rede Globo, campeão em audiência e sempre leva aos lares brasileiros entrevistas exclusivas com personalidades do mundo esportivo, das artes, da música, da política etc. Este levou ao ar no domingo (11/09/2001), uma entrevista da jornalista Patrícia Poeta com a presidente Dilma. No início parecia que a entrevista não teria um momento revelador, mas quando surgiu o seguinte diálogo:

Patrícia Poeta - "Como à senhora controla esse toma lá, dá cá, digamos assim, cada vez mais sem cerimônia das bancadas? Como é que faz esse controle?".
Dilma - "Você me dá um exemplo do dá cá e eu te explico o toma lá".
Poeta - (Fica muda, sem jeito).
Dilma - "Tô brincando contigo". (inteligentemente a presidente quebra o gelo e ouvem-se ao fundo as gargalhadas da claque que a acompanhava no Palácio do Planalto).
           
            Numa demonstração de grande inteligência emocional, rapidamente a presidente Dilma ao fazer tal colocação em sua resposta, inverteu os papéis e colocou a repórter numa sai mais justa do que a vestia. Ficou público, o tom da presidente de não esta para brincadeiras e quem estava em casa, viu no semblante da repórter Patrícia Poeta, a falta de reação e de domínio da situação, nem ela mesmo esperava tal reação da presidente Dilma, que a tirou da corda bamba com um gesto simples e deu o tom, ao retomar a entrevista num clima amistoso.
            A entrevista serviu para deixar a presidente Dilma mais próxima dos brasileiros, ao mostrar o seu cotidiano. Além é claro, de engrossar um discurso que a “faxina da corrupção em seu governo” não passa na verdade, de uma conspiração dos oposicionistas contra o seu governo, que ela estará sempre atenta aos atos governamental e que não existe a justificativa “lulista” no seu governo do “não sei e não vi”.
            O certo é, até quando essa “faxina ética” vai perdurar, afinal, esta reclamou aos auxiliares mais próximos que não deveria ter começado o governo mantendo alguns ministros, bem como auxiliares do primeiro e segundo escalão. As freses de efeitos da presidente Dilma a partir de denúncias da oposição sobre corrupção em seu governo têm gerado para ela o bônus de combate a tais denúncias, e na verdade, quem vem perdendo espaço são os próprios aliados que indicaram os nomes para ocupar cargos em sua administração.
            Todos sabem que a maior prática política do Brasil é fundamenta no “princípio franciscano do é dando que se recebe”. Quando a entrevistadora jovial Patrícia Poeta perguntou sobre o “toma lá, dá cá”, é até compreensivo a pergunta, afinal, ela vem de uma geração que presenciou o crescimento de tais práticas desde a redemocratização do nosso país. E como bem escreveu o jornalista Fernando de Barros e Silva da Folha de São Paulo, que “o lulo-petismo universalizou a fisiologia que um dia quis enfrentar. A base aliada está repleta de saqueadores do bem público. Essa é a argamassa que lhe dá coesão. Combater essa gente a quem o PT se mistura com gosto não significa demonizar a política, mas o contrário”.

Um comentário:

Bradly Fochesatto disse...

É o famoso jogo de cinturaa... Parabéns pelo blog Prof. Herbert Lins.