sábado, 13 de agosto de 2011


Quem silenciou a voz da Justiça Carioca?

            O assassinato da juíza Patrícia Acioli na madrugada da sexta-feira (12/08) é uma demonstração de covardia. Pois a sua execução sumária configura crime de pistolagem que tanto alardeio. Mais um crime bárbaro, pois seu corpo foi alvejado com 21 tiros quando chegava à sua casa em Niterói, região metropolitana da capital carioca.
            Fico perplexo diante do ato de selvageria e ousadia do crime organizado no Brasil, afinal, não é apenas no Rio de Janeiro que vira cenário para tal brutalidade. Fatos como esse acontece quase todo dia em nosso país, mas mídia nacional não estampa. Afinal, quantas pessoas do bem morreram lutando por uma boa causa em favor de um ideal.
            A juíza Patrícia Acioli era considerada a senhora do martelo de ferro da justiça carioca e que vinha fazendo um excelente trabalho nos últimos dez anos, pois a juíza foi responsável pela prisão de cerca de 60 policiais ligados a milícias e a grupos de extermínio. A grande mídia noticiou que em setembro do ano passado, seis suspeitos, ente eles quatro policiais militares, foram presos. Segundo as investigações, todos faziam parte de um grupo envolvido no assassinato de 11 pessoas em São Gonçalo, fora seu histórico de condenações contra criminosos que atuam naquela cidade, como quadrilhas que agem na adulteração de combustíveis e no transporte alternativo, entre outros crimes. A juíza Patrícia Acioli foi quem expediu os mandados de prisão.
            O mais absurdo foi o que a imprensa noticiou que “segundo o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, Patrícia nunca pediu escolta, mas, por iniciativa do Tribunal, teve proteção intensa de 2002 a 2007, com três policiais fazendo a sua segurança 24 horas por dia, mas em 2007, o Departamento de Segurança Institucional do TJ avaliou o caso e verificou que não havia mais necessidade de segurança intensa. O TJ colocou, então, à disposição da juíza um policial para fazer sua segurança”.
            Tive a oportunidade de ler recentemente o livro “Segurança tem saída?”, de autoria do Luiz Eduardo Soares que foi Secretário Nacional de Segurança Pública no governo Lula (PT). Um parágrafo me chamou atenção quando se trata de segurança pública, pois ele fala que “se houver vontade política e se essa for a prioridade do governo, dá pra mudar. Mas não será fácil vencer as resistências. O custo da mudança será alto. Os segmentos policiais que resistem são capazes de produzir muitos danos e contam com fortes parceiros no mundo da política”.
            Assim registro a minha indignação por mais um crime brutal contra a vida de uma pessoa e me solidarizo com a fala do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, quando afirmou que o crime "foi uma barbaridade contra um ser humano e, sobretudo, contra a Justiça brasileira e o Estado de Direito". Nós pessoa do bem, desejamos rigorosa apuração do crime e punição dos culpados.

Nenhum comentário: