domingo, 10 de julho de 2011

Memória Cultural
Viva a Raimundo Batista
“só acredito em Deus se amanhã não amanhecer mais sofrendo”
(Raimundo Nonato Batista)

                Já convivia com Raimundo Nonato na minha infância, nas confraternizações da família Lins que se fazia presente com a minha prima Nilda Lins Batista. Aos dezesseis anos já travava debates políticos com Raimundo e ele sempre dizia ao meu pai, o coronel Lins, que deixasse exercer a minha rebeldia, defender as minhas idéias e convicções políticas. Assim, na campanha de 1990, quando meu pai, o Coronel Lins, convocado por Wilson Braga a disputar uma vaga a Câmara Federal pelo PDT, me aproximei do partido e de Raimundo.
                Lembro do combativo Washington Rocha, Nena e Ricardo Batista, Aurélio e tantos outros que me fogem a memória à frente da Militância Brizolista ainda em 1990, com a barraca instalada na Lagoa, no Ponto dos Cem Reis e movimentos em defesa dos ideais trabalhistas sobre os olhares do nosso guru Raimundo Nonato. Quem não se lembra de Raimundo no Prodec, escritório político de Lúcia Braga e Wilson Braga, sentado sempre dando seus sábios conselhos.
                Veio a campanha de 1992 para prefeito da capital e o PDT estava massificado na Paraíba e principalmente na capital. Foi quando ingressei na Juventude Socialista do PDT, trazendo a experiência do Movimento Estudantil e somei forças com a Força Jovem – PDT, representados por Marco Antonio Cartaxo Queiroga Lopes, Roma Vasconcelos, Sandro Sidney, Luíz Augusto Crispim Filho, Ruy Galdino, Toinho Navarro, Fabiana Borges, Fábio Lins Freire, Marcelo Braga, Sandrinha e tantos outros que me fogem a Memória.
                Em 1992, os jovens rebeldes da JS-PDT, recebem a visita do Coordenador Nacional, que pede o lançamento de candidaturas jovens do partido. No Prodec, sempre palco das decisões políticas do braguismo, lançamos a candidatura de Marco Antonio a vereador, que significou a zebra elitoral daquele ano, pois fomos vitorioso nas urnas e tivemos as seguintes frases do guru Raimundo Nonato: “se não houver divisão deste grupo de jovens rebeldes, se cada um colocar seus interesses pessoais do lado, teremos novas lideranças surgindo” e a “rebeldia faz parte das hostes do PDT, a militância brizolista também apresentará candidaturas a vereador”; “Tudo faz bem e engrandece as candidaturas postas pelos movimentos de base do nosso partido”.
                Raimundo sempre foi cogitado a ser candidato, foi cogitar a ser vice-prefeito de Chico Franca, a ser candidato a senador, a governador, a vereador, deputado, prefeito da capital pelo PDT, mas não largava mão da cultura paraibana e sempre saía na tangente dizendo que “a política se faz com amigos e na hora que disputar um mandato, poderei perder algum amigo, por isso prefiro não ser candidato a perder um amigo”.
                Ficará marcado em nossas memórias não só o homem da cultura, mas também um ser político, com um legado de dignidade, honradez, coerente nas suas posições, fraseadas com sabedoria e seu jeito simples de ser, que segundo o jornalista Abelardo Jurema, homem de sorriso discreto e generoso com quem presenteava os amigos, gravado na nossa memória o Raimundo Nonato do teatro, do jornal, do amigo, da cultura, da militância brizolista, do SOS-PDT e porque não da JS-PDT, fica na lembrança de todos nós o seu exemplo.

Publicado no Jornal Correio da Paraíba
João Pessoa, 13 de agosto de 2005.    

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