domingo, 1 de maio de 2011

O julgamento dos Governadores, a quem interessa? (Parte I)

Os inimigos planejam maldades e traições contra o rei,
Porém não terão sucesso.
(Salmo 21.12)

Algo não inédito, pois casos semelhantes já aconteceram em Roraima e Amapá. Agora foi a vez da Paraíba a figurar no canário político nacional, como mais um Estado que teve seu governador cassado por abuso de poder econômico, praticado nas eleições de 2006 e só agora, na metade do mandato, foi definitivamente afastado do cargo. Assim, tal decisão dos Ministros do Tribunal Superior Eleitoral, traz grande repercussão nas esferas políticas em outros seis Estados do nosso país. Pois, os seus governadores são acusados do mesmo crime eleitoral com base no Artigo 41ª da Lei Eleitoral vigente em nosso país, que poderão não terminar os seus respectivos mandatos, possivelmente em alguns casos, assumirá o segundo colocado nas eleições, como foi o caso da Paraíba, já em outros Estados, poderão passar por novas eleições para um mandato tampão.
A cassação do mandato do governador Cássio Cunha Lima (PSDB) reeleito em segundo turno na Paraíba, culminou com a posse do então Senador José Maranhão (PMBD), segundo colocado na eleição de 2006. Pois a batalha jurídica que já se arrastava desde dezembro do ano eleitoral já citado, mas parece a disputa travada no triunvirato romano, pois ambos já foram do PMDB paraibano e com a morte do ex-governador Antonio Mariz, na metade do seu mandato em meados da década de 1990, assumiu em seu lugar, o então vice-governador José Maranhão, que travou uma grande disputa desde então com o Grupo Cunha Lima, pelo controle do PMDB no Estado, esses derrotados por José Maranhão seguidamente em duas convenções internas do partido, que terminaram migrando naturalmente para o PSDB no ano de 2000, para conquistarem a prefeitura de Campina Grande e João Pessoa.
O ex-governador Cássio Cunha Lima, já foi deputado federal por duas vezes, superintendente da Sudene, prefeito de Campina Grande por três vezes e Governador do Estado eleito e reeleito, pode ser considerado Otávio, herdeiro político de Júlio César no período da República Romana. Pois na Paraíba, existiram três líderes políticos que controlavam o PMDB, o então Senador Humberto Lucena, que presidiu o senado da república por várias vezes e faleceu logo após a morte do então Governador Antonio Mariz, ficando apenas dos remanescentes da época o senador Ronaldo Cunha Lima, que foi deputado estadual, ex-prefeito de Campina Grande e Governador do Estado da Paraíba, que preparou para sucedê-lo como herdeiro natural na política, o seu filho Cássio Cunha Lima. Porém, Ronaldo em um momento de desatino teve sua história de poeta manchada pelos seis tiros que deu no ex-governador Tarcisio de Miranda Burity no Restaurante Guliver, considerando um dos crimes que abalaram a Paraíba e de grande repercussão nacional.
O Ex-governador Burity já falecido, não por conseqüência dos tiros almejados pelas mãos de Ronaldo Cunha Lima, mas pelas seqüelas causadas, veio a surgiu no cenário da política paraibana pelos braços da antiga ARENA, sendo governador biônico e fez o seu sucessor em 1982, o então deputado federal Wilson Braga(PDS). Já nas eleições de 1986, Tarcisio Burity como deputado federal eleito em 1982 pelo PDS e logo depois migrou para o PTB, foi buscado por Humberto Lucena para concorrer pelo PMDB ao governo do Estado, sendo eleito, logo deixou o partido e filiou-se ao PRN do então “caçador de marajás” Fernando Collor de Melo, que logo assumindo a presidência da República, fechou o Paraibam, banco do Estado, levando Burity ao ostracismo político, passando o Governo da Paraíba, com seis meses de salários atrasados a Ronaldo Cunha Lima do PMDB, que em 1990, derrotou o então ex-governador Wilson Braga (PDT).
Na indicação dos nomes do PMDB para concorrer às eleições majoritárias em 1994 em chapa pura, foi escolhido em convenção para concorrer as duas vagas do senado, Ronaldo Cunha Lima e Humberto Lucena. Para o governo do Estado, o senador Antonio Mariz para concorrer contra a deputada federal Lúcia Braga(PDT) e hoje no PMDB, esposa do Ex-governador Wilson Braga, que teve sua vida pública construída na ARENA, foi acusado de matar o jornalista Paulo Brandão do Sistema Correio de Comunicação e no momento é deputado federal pelo PMDB. O senador Antonio Mariz, buscou para figurar na chapa como vice-governador do partido, o deputado federal José Maranhão, em detrimento ao deputado estadual Carlos Dunga, que na época era presidente da Assembléia Legislativa, fiel cônsul do Grupo Cunha Lima e do Governador já em exercício, Cícero Lucena, hoje senador e ex-prefeito por duas vezes da capital. o Senador Antonio Mariz, que escolheu como vice para figurar na sua chapa, o deputado federal Jos
Então, desde a morte de Humberto Lucena e Antonio Mariz, surge a disputa pelo PMDB paraibano, tendo como protagonistas José Maranhão e Cássio Cunha Lima, ou seja, Marco Antonio e Otávio, pois José Maranhão passou a lutar pelo controle do PMDB, por considerar-se fiel e leal em toda sua vida pública aos amigos Humberto Lucena e Antonio Mariz. Já o Cássio seria o próprio Otávio que lutava pelo direito de vingar seu pai, Ronaldo Cunha Lima, também histórico do PMDB paraibano e que fora derrotado duas vezes por José Maranhão como já mencionado acima.
Assim, Cássio venceu por duas vezes nas urnas pelo voto direto e derrotou seguidamente José Maranhão e as velhas oligarquias políticas do Estado que estavam à sombra do seu guarda-chuva, todos pensavam que tinha terminado esse período no cenário político paraibano mais uma nova batalha se iniciou entre os dois grupos rivais, essa não mais no campo popular, mas nas entranhas do judiciário, que ao final já sabemos da derrota sofrida por Cássio. Mas na verdade, não sabemos a repercussão e os possíveis prejuízos que a Paraíba poderá vir a ter, ou não ter, no seu cenário político, econômico e social com tal decisão da mais alta corte eleitoral do nosso país.


Herbert Lins de Albuquerque
Em, 20/02/09

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