sexta-feira, 13 de maio de 2011


Não vamos enterrar um homem, vamos plantá-lo - Parte II
            No caminho, tanto o Nando como o taxista me detalhavam as histórias do lugar, pois já tinha me dado conta da fascinação que me causou os símbolos do passado da EFMM em contraste no presente com a prática da pecuária e a extração da madeira ao longo da BR. 364 sentido ao Estado do Acre. Então, foi a vez das madeireiras do Distrito de Jacy-Paraná chamar a atenção dos meus olhos e de minha mente com aqueles pátios cheios de toras tamanhos variados e que meu crescido corpo próximo a elas, ficaria pequeno. Causou-me grande impacto, minha memória fotográfica foi a mil. Afinal de contas, o que tinha na minha memória era o pouco que restou da Mata Atlântica na Paraíba, onde vivi até meus trinta e um anos, bem como parte do litoral nordestino e do sudeste que conheci até aquela data, não me recordava de tamanha grandeza ao ver aquelas toras de árvores com diâmetros exuberantes em qualquer outro lugar.
            Mesmo na ansiedade de chegar ao nosso destino final, demos uma parada estratégica no Restaurante Floresta, afinal os demais passageiros do nosso transporte alternativo, um Chevrolet, modelo Ipanema de cor cinza, já bem desgastado pelo tempo e pouco conservado, mais de grande utilidade, pois apresentava bastante espaço para todas as nossas bagagens, bem como dos outros passageiros.  Paramos para esticar as pernas, fazer nossas necessidades e tomar algum lanche. Em seguida, voltamos à estrada, passamos pela famosa lanchonete pedrinhas e nos deparamos com algumas casas ao longo da estrada e logo identifiquei uma única casa de “taipa”, tipicamente do sertão nordestino, bem diferente das outras que até aquele momento eu teria visto, ou seja, as casas de madeiras eram as que faziam parte do cenário. Mais um pouco a frente da “casinha de taipa” a beira da estrada, tinha alguns adolescentes misturado ao meio de crianças, vendendo a produção caseira de farinha de mandioca e logo na curva, vi a primeira vila de casas abandonadas do acervo histórico da E.F.M.M. e a sua frente uma enorme caixa d'água de cor preta, uma verdadeira obra de arte da engenharia, a mesma servia para alimentar as locomotivas a vapor.


            Logo perguntei o nome do lugar ao taxista, esse prontamente me disse que o local se chamava Embaúba e que aquele lugar não cresceria nunca, não passaria do que já era, afinal, a sua oportunidade de dar certo e crescer já teria passado. Logo identifiquei o pessimismo do taxista e o disse que não deveria pensar daquele jeito, pois o lugar tinha uma boca de linha e que muitas propriedades rurais deveriam situar-se a partir daquele ponto e por isso, ali poderia ressurgir o antigo Distrito da Embaúba.


             Passado do lugar esquecido pelas gerações presentes e que já teria sido ponto de parada das locomotivas da antiga E.F.M.M. A minha mente borbulhava de pensamentos e imaginação, tentando construir o cenário a época do lugar, ou seja, em seu ponto mais alto de contribuição a um capítulo da história do Estado de Rondônia. Em seguida, já comecei a puxar outra conversa, comecei a fazer perguntas sobre todo o lugar, inclusive sobre atividade de garimpo, a criação de gado, a derrubada da floresta, as oportunidades de emprego em Nova Mamoré e Guajará-Mirim.

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