sábado, 28 de maio de 2011

Falando Sério
Por Herbert Lins*
Em recente leitura do brilhante pensador contemporâneo, o italiano Noberto Bobbio, fiquei impressionado quando ele disserta sobre o dito comum “Quem viver, verá”. Para ele esse dito “denota uma atitude passiva de resignação e de incredulidade, no fundo. É como se dissesse: Têm sido vistas muitas coisas, e poder-se-ão ver ainda melhor, mas isso não nos livra da caminhada para o pior. Pode acontecer que você tenha razão. Todavia, estamos aí para ver. Invertê-la significa exprimir a convicção de que o ver não vem depois do viver, mas, ao contrário, o viver depende do ver (ou seja, do entender)”. Divagando nesse pensamento, a cidade de Porto Velho sonhada nos últimos seis anos, não conseguiu sair do papel, de colocar em prática as suas verdadeiras necessidades, de se tornar a cidade ideal e das transformações radicais que a população de uma capital almeja. O que se vê é a crescente lógica da contradição entre a ética e a moral. A cada escândalo, as pessoas ficam perplexas da podridão escondida embaixo do tapete. Mas quem decide conviver, experimentar e vivenciar a administração petista da capital se decepciona ainda mais. Pois quem não entra no jogo da lambança e adquiri o hábito da desonestidade, são considerados como um gestor público “burro” e que não serve para eles, logo descarta quem tem espírito público.
Coleção I
Muitos dos seres humanos têm o hábito de colecionar algo. Mas os gestores públicos da prefeitura de Porto Velho criaram o hábito de colecionar escândalos de péssimos gestores com o dinheiro público. Assim, a Coluna ficou curiosa, realizou uma pesquisa e começou a numerá-los. A primeira do conjunto dos mais antigos tem-se a obra da Avenida José Vieira Cahula, iniciada em 2008 com a empreiteira UNI Engenharia, essa nunca foi concluída e teve seu valor superfaturado; outro caso é a aquisição de combustíveis para uso na frota de veículos da prefeitura da capital, que geralmente tem o consumo e o valor de compra exagerado e por fim, os valores estrambóticos nas reformas das praças da capital. 
Coleção II
Outra coleção excêntrica que faz parte do conjunto são os das obras inacabadas dos viadutos, considerada a maior obra “elefantesca” rodoviária do PAC no Estado; em seguida vem a reforma da Praça da Estrada de Ferro Madeira–Mamoré, que faz parte do conjunto das compensações sociais das Usinas e que o montante gasto foi de R$ 11.000.000,00 (Onze Milhões de Reais); a revitalização do Canal dos Tanques a passos de tartaruga, esta ficando muito a desejar se comparado ao Canal da Maternidade, obra realizada por uma administração petista na cidade de Rio Branco, capital do Acre.
Coleção III
E os mais recentes do conjunto são de cair o queixo, ou seja, a tarifa dos ônibus imposta aos trabalhadores e estudantes da capital que subiram para R$ 2,60 (15,13%), enquanto a inflação acumulada do ano de 2010 foi de 5,9% segundo os cálculos da FIP; o anúncio do Tribunal de Contas do Estado – TCE que apurou que a Empresa Marquise, responsável pela coleta de lixo do município recebeu R$ 1.641,917,37 (hum milhão, seiscentos e quarenta e um mil, novecentos e dezessete reais e trina e sete centavos) por serviços que nunca foram realizados e o mais recente de todos que ganhou a mídia nacional, um anticoncepcional que é vendido em farmácias populares por R$ 1,24, a prefeitura de Porto Velho comprou no valor de R$ 9,90. Barack Obama deveria passar por aqui e dizer: Esse é o Cara!
Fragilizada
A sua saúde fragilizada em decorrência da luta contra o câncer, o escândalo que se abateu em torno do “Pelé da Economia”, ou seja, o titular da Casa Civil, Ministro Antonio Palocci, a primeira derrota na Câmara dos Deputados imposta pela votação do Novo Código Florestal e a falta de habilidade de articulação política, fez a presidente Dilma Rousseff (PT) recorrer essa semana ao seu padrinho político, o ex-presidente Lula. Afastado a mais de 140 dias da presidência da República, volta à cena como “reencarnado” em Brasília. Este decidiu vestir o uniforme e entrar em campo a favor de Palocci com a “operação abafa-abafa”, promovendo reuniões, telefonemas e cobrando ações e medidas por parte dos aliados para desviar o foco da imprensa sobre o caso dos milhões acumulados por Palocci a título de consultoria em apenas quatro anos. Quanto será que o ex-presidente Lula vai cobrar por essa consultoria?
Código
Essa coluna em sua estréia anunciou o possível embate entre governo, ambientalistas e a bancada ruralista no Congresso Nacional em torno do Novo Código Florestal. Não adiantou a pressão dos dez ex-ministros do meio ambiente liderados por Marina Silva e de ambientalistas. O relatório de Aldo Rebelo (PCdoB/SP) desceu de goela abaixo, ponto positivo para os ruralistas e negativos para a natureza. Mas Sarney já mandou o recado, que a proposta de reforma do Código Florestal não tramitará em regime de urgência no senado e o senador Jorge Viana (PT/AC) afirmou que o debate e as discussões em torno das florestas foram para o lugar certo. Vamos assistir a mais um capítulo dessa novela e esperar pra ver quem vai matar Odete Roitman.
Decoro
A coluna anterior anunciou o convívio natural dos nobres membros da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Porto Velho com o vereador Chico Caçula (PDT), acusado de prática de pedofilia. O mesmo deixou a poucos dias de ser acusado e passou a ser condenado pelo crime de estupro a uma menina de 13 anos de idade. Pelo Regimento da Casa de Leis da capital, houve a quebra do Decoro Parlamentar. Assim se espera uma atitude do Vereador Eduardo Rodrigues (PV) e a iniciativa dos demais membros da Mesa Diretora, bem como dos demais vereadores da capital. Pois a omissão dos pares do Vereador Chico Caçula, poderá parecer aos olhos da população, medo de sofrerem o mesmo crime, omissão ou rabo preso maior do que o vereador em questão.
Sanguessuga
A mídia nacional não tem sido generosa com Rondônia. A mesma voltou a figurar o nosso Estado no fim dessa semana com a notícia da volta da “máfia dos sanguessugas” ao Congresso Nacional. Dessa vez quem figurou foi o Deputado Federal Nilton Capixaba (PTB/RO), o mesmo foi indicado para Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Congresso, que é responsável pela aprovação da lei orçamentária e pelo acompanhamento da aplicação dos recursos federais. O referido deputado que no passado foi acusado de ser um dos líderes do “braço político” do esquema de desvio de dinheiro público para a compra superfaturada de ambulâncias, o chamado esquema dos sanguessugas, escapou da cassação no Congresso Nacional, mas não escapou das urnas, pois não conseguiu se reeleger em 2006. Mas esse ano, ele voltou à Câmara com o apoio de mais de 52 mil votos de eleitores rondoniense. É o sentimento de que o eleitor esteve disposto a lhes dar uma nova chance, mas será que o mesmo dessa vez esta disposto a seguir com honestidade ao que lhe foi dado?
*Colaborador
Publicado no Jornal Estadão em 28/05/2011

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