domingo, 28 de novembro de 2010

Tarcisio Burity, divagando em minhas lembranças (Parte I)
            Se o ex-governador da Paraíba, Tarcisio de Miranda Burity estivesse vivo, hoje, 28 de novembro de 2010, estaria completando 72 anos de vida. Homem erudito, das letras, do pensamento vivo, dos grandes discursos, das grandes frases de efeito e das grandes obras, quando governou por duas vezes a Paraíba.
            Conheci o ex-governador Burity, no seu escritório localizado na Avenida Epitácio Pessoa, num subsolo de uma galeria comercial. Estava acompanhado do meu pai, o Cel. Lins, que não queria ir ao encontro, devido às lembranças que guardava do ex-governador. Durante todo o trajeto de casa até ao escritório de Burity se perguntava em voz alta, como poderei ir ao encontro de quem passei a vida toda combatendo, eu do MDB e ele da ARENA. Lembrando do confronto com o Cel. Mardem (do Exército que comandou a PM/PB) na primeira greve da Polícia Militar do Estado da Paraíba por melhores condições de trabalho, da quebra do Paraiban (banco do Estado) e de seis meses de salários atrasados, nossa, um discurso incansável.
Eu dizia ao meu pai, “o senhor o conhece desde o Ingá, de quando foi comandante do Batalhão em Patos, preciso de sua presença, de sua retórica, preciso conhecê-lo, incentivar a sua candidatura ao senado, o PDT paraibano precisa dessa aliança, precisa virar governo e o senhor faz parte da construção do nosso partido, afinal, cheguei a ele por suas mãos e sabendo que o Ex-governador Burity esta no PFL e sendo candidato ao senado, pode vir a dar uma grande contribuição a Chapa com Lúcia Braga(PDT) e Raimundo Lira(PFL)”.
Meu pai vinha de novo bombardeando com suas perguntas, o caminho parecia ficar ainda mais longe a cada pergunta dele. Dizia ele, como vamos votar contra Humberto Lucena, Antonio Mariz, Zé Maranhão e Ronaldo? Eu retrucava ao meu pai, “o senhor saiu do MDB em 1986 com a entrada de Burity, fomos acompanhar outro grupo político, a chapa Marilú (Mariz para o governo e Lúcia Braga para vice) azedou e na nossa história, só ganha governo da Paraíba, quando duas forças se unem. Sabemos da força do PDT e do PFL juntos, precisamos de Burity no palanque, principalmente por conta do seu discurso sobre o balaço que recebeu de Ronaldo Cunha Lima, o clima é favorável para nós, vamos ganhar e fazer as grandes reformas sociais tão sonhadas e defendidas pela Deputada Lúcia Braga”.
Chegamos ao local, já era final de tarde, ficamos na ante-sala, na companhia de uma secretária e do seu motorista, seu fiel escudeiro por muitos anos, não me recordo seu nome agora, só lembro de sua figura magra e alta, seu jeito me fazia lembrar o mordomo Alfred da dupla de super heróis Batman e Robin, depois chegou seu filho, André Burity, com quem tive o prazer de trabalhar junto a ele na campanha de 1998 tentando eleger o seu pai ao senado.
Logo Dr. Burity aparece na porta, nos convida e entrar e já oferece um cafezinho e água, o som ambiente era as sinfonias de Vivaldi, as prateleiras cheias de livro por todas as paredes, aquela mesa redonda e o bureau, encantavam meus olhos, quebro o gelo, fazendo perguntas sobre músicas, pinturas e artes, o local perfeito, pois lembrava o ambiente da Biblioteca Juarez da Gama Batista.
Porto Velho, 28 de Novembro de 2010.

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